Batismo de fogo

A túnica de Nesso ilustra o fato de o sangue ser equiparado, com  “frequência, em termos simbólicos, ao fogo. Assim sendo, o batismo de sangue equivale ao batismo de fogo. No rito taurobóleo do mitraísmo, o iniciado, numa cova, era coberto pelo sangue de um touro, que fora sacrificado sobre uma plataforma engradada, colocado acima dele. Um exemplo relativamente mais refinado dessa mesma imagem está no Apocalipse: “Quem são estes, que trajam vestidos brancos, e de onde vieram?… São os que vieram de grande tribulação: lavaram os seus vestidos e os branquearam com o sangue do Cordeiro.” (Apoc. 7: 13-14, RSV.)

O batismo de sangue, assim como o encontro com o fogo, refere-se psicologicamente à provação de suportar um afeto intenso. Se o ego se mantém intacto, a provação tem um efeito purificador e consolidador. Esta viria a ser uma das razões da existência de provas primitivas de iniciação que com frequência geravam intensa ansiedade

Nos tempos primitivos, o fogo era o principal método de sacrifício aos deuses. Concebia-se o fogo como um vínculo conector entre os reinos divino e humano. O que era sacrificado pela combustão tornava-se, de modo bastante literal, “sagrado”. Aquilo que queima transforma-se quase totalmente em fumaça, subindo para as regiões superiores. É transferido para os deuses por um processo de sublimação. Esta é a base da concepção do sacrificio queimado dos gregos, a thysia, bem como das oferendas queimadas dos Judeus. Na India, Agni é o deus hindu do fogo, aquele a quem se oferece sacrifício. No pensamento hindu, “através do fogo, o homem pode comunicar-se com estados superiores do ser, com os deuses e com as esferas celestes. Por meio do fogo, pode participar da vida cósmica, cooperar com os deuses. Pode alimentá-los através da boca de fogo. ‘Agni é a boca dos deuses, através dessa bovaneles formam alento”. (Kapisthala-katha Samhita 31.20 e Satapabha Brahmana 3.7.) (Ver figura 2-11.)

Shiva dançando num círculo de fogo. (Bronze, século XII ou XIII. Amsterdā, Museum van Aziatische Kunst. Reproduzido em Zimmer, The Art of Indian Asia.)

*Nota pessoal: Jesus- Vinho- Sangue- Fogo- Cruz.

 

EDINGER, Edward F. Anatomia da Psique. O Simbolismo Alquímico na Psicoterapia, Ed. Cultrix 2006, Pág.57-58.

Capítulo 2 Calcinatio

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