A Criação

“(…) cada sensação é uma ideia e cada ideia é uma sensação: a ideia de um ser é um ser, e o poder central de tudo que foi e que pode ser criado no Universo (macrocosmo) ou no homem (microcosmo) é o ser, ao mesmo tempo criador e criação, isto é, criador e criado, árvore e fruto.

O número 3, ao qual corresponde o signo planetário de Mercúrio, inclui todos os três termos do triângulo em sua posição original: inteligência, força e criação; ou a causa, os meios e o efeito, que é todo o trabalho de uma obra tanto na magia natural quanto na divina.

Criar, portanto, não é tirar algo do nada, é dar vida e forma, pensamento e vontade, espírito, essência e aparência.

a) O prazer na vida dos sentidos é o resultado de todas as ações do mundo exterior sobre o centro intelectual inerte.

b) O ato criativo, a verdadeira imitação de Deus, a Inteligência primeira, é, ao contrário de qualquer prazer profano, a preponderância do centro intelectual (vontade inteligente) sobre os extremos da periferia em contato com o mundo exterior.

Daí a diferença entre o iniciado na magia natural e o homem comum. O primeiro tem seu centro de pensamento (inteligência, força, vontade e ação) perfeitamente de acordo com as condições em (b), está livre do mundo ao seu redor e é capaz de produzir o fenômeno da realização de sua vontade; enquanto o segundo está inteiramente sob a influência de qualquer estímulo intelectual que chegue até ele por meio de uma sensação externa.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.112-115.

Segunda Parte

Inteligência, Força e Criação

O segredo de Deus

“(…) aviso que, a partir de agora, acredito que tenho o direito de considerá-lo meu discípulo.

Toda inteligência humana se esforça para apreender o segredo de Deus e daí a mixórdia das ciências profanas, da astronomia à química analítica, da física de meteoros às especulações sobre micróbios, da física experimental à fisiologia do sistema nervoso e das ciências embriológicas a todas as outras ciências, infinitas em número que, recém- nascidas ou prestes a nascer, parecem ser a última palavra da verdade, quando, na realidade, não são mais que reticências na cegueira da grande massa humana que tenta escalar o Olimpo.

Assim, desde o início dos tempos, a humanidade tem sido dividida em duas classes distintas: os simples que, de modo inconsciente, recor dam o mundo antes da malicia humana, e os astutos, que negam tudo para não serem classificados entre os tolos. Os primeiros têm a fé como companheira; os segundos, o medo de serem enganados; eles são os extremos cujo termo médio é representado pelos iluminados que esta vam e estão sempre presentes em todos os países, em todas as raças, em todas as épocas, para agir na escuridão da jornada humana como uma tocha para a onda de criaturas que, entre vanglória, espasmos e impotência, estão a caminho de deixar on cemitérios cheios de oses onde a vaidade ergue mausoleus que parecem eternos e que, na visão da eternidade, não passam de um raio de luz!

Hermes, nos antigos aforismos mágicos, patrimônio de eterna revelação divina, ensina que, para familiarizar-se com um cão, é necessá rio nos transformarmos em cão, um aforismo ou dogma misterioso que deve ser interpretado de maneira literal: vamos nos tornar um deus, um anjo ou demônio se procurarmos a amizade de deuses, anjos ou demônios e, para ter um relacionamento com a alma dos mortos, precisamos viver a vida dos mortos.

As antigas escolas de iniciação, dos caldeus aos egípcios, e destes aos templários e seus herdeiros, não aceitavam um discípulo sem testar sua coragem e sua fé. Estou me referindo a testes com fogo, resistência à ten- tação do desejo, coragem para não ceder diante de aparições assustadoras.

Tenho certeza de que chegaria lá, apesar de todos os pesadelos que os sacerdotes tiveram de enfrentar nos dias de outrora. Mas há um monstro que precisamos derrotar antes de bater a porta do oculto. Esse ogro do jovem consciente é chamado de opinião pública.

Não temos medo de monstros, do fogo, dos elementos, mas, como resultado da corrompida formação social de nossa época, podemos ter medo do que as pessoas pensarão a nosso respeito se nos virem mergulhados em um livro”maluco” ou nos deixando levar pelas manias dos loucos! Esse é o momento fatal.

Se somos indiferentes ao desprezo das pessoas, se, entre o equilíbrio da razão bem definido e as palavras das pessoas que zombam de nós, somos fortes o bastante para nos separarmos do mundo, começa remos a ser: começaremos a viver nossa própria vida; começaremos a ser vitoriosos sobre a maioria numérica das ilusões e veremos que o quadro muda assim que nosso génio toca nossa testa e mostra as pessoas que somos superiores à natureza vulgar.

As ações do discípulo só devem ser avaliadas pela premissa da liberdade, pelo julgamento equilibrado que traz a intuição do nível de perfeição do espírito humano.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.65-66.

Segunda Parte

Preparação

Visões antigas – experimentações modernas

“Louis Lucas (…)

Conciliar a profundidade das visões teóricas dos antigos com a exatidão e o poder da experimentação moderna. Eis o ponto crucial.

Trousseau (…)

Como se deu que a inteligência ficasse mais preguiçosa ante a multiplicação das ideias científicas, contentando-se em recebê-las e usá-las, ante a quase sempre sem se preocupar com a elaboração e a criação?

Vocês, para quem não faltam meios, estão cansados, exauridos e satisfeitos com o que é abundantemente oferecido; só sabem colhê-los e devorá-los, e sua inteligência preguiçosa acaba estrangulada pela obesidade, morrendo improdutiva.

Pelo amor de Deus, um pouco menos de ciência e um pouco mais de arte, senhores!

Claude Bernard (…)

As propriedades materiais dos tecidos constituem os meios necessários para a expressão dos fenômenos vitais, mas de forma alguma essas propriedades podem nos dar a razão principal para o arranjo funcional dos órgãos.”


PAPUS
.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág. 266-267.

Capítulo 11

A Esfinge

“Minha cabeça recomenda que conheças.
Minhas garras recomendam que ouses.
Meus flancos recomendam que queiras.
Minhas asas recomendam que permaneças em silêncio.”

A fronte humana da Esfinge fala de inteligência.
Seus seios falam de amor; suas garras; de combate.
Suas asas são fé, sonho e esperança.
Seus flancos de touro são a obra cả embaixo.

Se souberes trabalhar, acreditar, amar, defender-te,

Não serás atormentado por necessidades mesquinhas;
Se teu coração souber como desejar e teu espírito compreender,

Eu te saúdo, rei de Tebas, e eis aqui tua coroa!”

-CABEÇA
-ASAS
-FLANCOS
-PATAS
-PATAS

Nesse símbolo da Esfinge, notamos duas grandes oposições:

-Na frente: A cabeça (Ciência) oposta às patas (audácia).

-Atrás: Os flancos (trabalho) opostos também às patas (audácia).

-Entre ambos: A intuição (asas) que os regula.

 

-A audácia, nas ações, será eficaz (patas dianteiras)

-se a Ciência as dominar o suficiente para dirigi-las. (CABEÇA)

-A audácia nos estudos será coroada de sucesso (patas traseiras)

-se aceitar o controle do trabalho e da perseverança (flancos do touro)

Finalmente, o excesso nas ações ou nos estudos deve ser compensado pelo da imaginação (asas da águia).

CABEÇA

ASAS

FLANCOS DO TOURO

-Nenhuma teoria sem prática

-Nenhuma prática sem teoria

Sem trabalho:

-Nenhuma teoria

-Nenhuma prática


PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.133-135.

Capítulo 6

O Papa

(…) vem do latim papa e designa sem equívoco possível o chefe da Igreja Católica Romana.

Sobre o Papa

Após o Imperador, figura do poder temporal absoluto, surge o Papa, figura do poder espiritual absoluto, pelo menos para os europeus do fim da Idade Média. (…) usa a tiara dupla ou tripla, (…) marca de sua autoridade ao mesmo tempo temporal e espiritual (a tiara tripla designaria os três poderes: pontifício, imperial e régio).

Sobretudo a barba é um elemento importante. Desde Clemente XI (portanto, a partir de 1700), todos os papas são barbeados. Entre Clemente VII (1523-1534) e Inocêncio XII (morto em 1700), todos os papas têm barba, ao passo que antes, entre 1362 e 1503, eles ainda eram barbeados, exceto Clemente VII de Avignon (1387-1394). Esses detalhes poderiam permitir situar a iconografia do nosso papa do tarô: um papa do século XVI ou do XVII.

(…) a barba é uma representação simbólica de poder e maturidade, bem como sinal de virtude e sabedoria, de resto encontrado nas representações de Deus Pai e, posteriormente, de Cristo, que às vezes também eram representados com uma tiara papal. O Papa do tarô dá a bênção latina com o indicador e o dedo médio, e os outros dedos ficam dobrados. Essa bênção, também chamada de urbi et orbi, é reservada ao sumo pontífice, pois exprime uma universalidade e se dirige aos cristãos de Roma (nesse caso, urbs, urbis, “cidade”, designa Roma, a cidade por excelência, capital do mundo) e do mundo (orbs, orbis, “círculo”, designa o mundo, em referência à forma circular da Terra).

No que se refere ao tarô, a figura do Papa, constrangedora nos países protestantes, foi substituída pela de Júpiter ou pela de Baco.

Significados

(…) o Magnetismo universal, a quintessência, a religião, a inspiração.

Dever, moralidade, consciência, influência de Júpiter.

Autoridade moral, sacerdócio social, observação do decoro, respeitabilidade, ensinamento, conselhos imparciais, benevolência, generosidade indulgente, perdão. Mansidão.

(…) sentencioso, moralista rigoroso, professor que exerce uma autoridade excessiva sobre sua classe.

Para o homem, a obrigação de se reportar em suas ações aos ensinamentos divinos e de se subordinar às leis divinas.

(…) aquele que recebe a inspiração divina, julga e ensina com equidade absoluta.

Uma forma ativa da inteligência humana, equilíbrio.

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 215-217.

Inteligência

“Inteligência” significa escolher entre (interlegere).

Pensar no sentido enfático produz um novo mundo. Ele está a caminho do completamente outro, de outro lugar: “A palavra do pensar é pobre em imagens e sem estímulo. […] No entanto, o pensar muda o mundo. Ele o transforma na profundidade sempre mais escura de um enigma, que, como mais escura, é a promessa de uma luz mais alta”. A inteligência mecânica não atinge aquela profundidade escura de um enigma.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 711-713.

Inteligência Artificial

Falta o espírito

“Espírito significa originalmente ser-fora-de-si ou comoção. A inteligência artificial pode até calcular muito rapidamente, mas a ela falta o espírito. Para ela, calcular a comoção seria apenas um incômodo.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 649.

Inteligência Artificial

Alienação terra fértil para o medo

“P– Vá em frente e me descreva os seus truques inteligentes, Sua Majestade. R – Um dos mais astutos instrumentos que uso para o controle da mente humana é o medo. Planto a semente do medo nas mentes das pessoas e, conforme essas sementes germinam e crescem, pelo uso contínuo dos pensamentos negativos,

Controlo o espaço que elas ocupam. Os seis medos mais efetivos são o medo da pobreza, da crítica, da perda da saúde, da perda do amor, da velhice e da morte.”

Hill, Napoleon. Mais Esperto que o Diabo: O mistério revelado da liberdade e do sucesso,Ed. Citadel, 2014, pág.51.