Cansaço originário

“O “cansaço originário” (lassitude primordiale) caracteriza uma passividade radical que se furta a toda iniciativa do eu. Ela introduz o tempo do outro. O cansaço primordial abre espaço inacessível a todo poder, a toda iniciativa. Eu sou fraco em vista do outro. Justo nessa fraqueza metafisica do não poder/poder desperta um desejo pelo outro. Mesmo se o sujeito satisfez todas as [suas] necessidades, ele está em busca do outro.

Só o Eros tem condição de libertar o eu da depressão, do envolvimento narcisista consigo mesmo. O outro é, visto assim, uma fórmula de redenção. Apenas o Eros que me arranca para fora de mim e para o outro pode vencer a depressão. O sujeito depressivo de desempenho é inteiramente desacoplado do outro. O desejo do outro, sim o clamor pelo outro ou a “conversão” para o outro  seriam um antidepressivo metafísico, que rompem a casca narcisista do eu.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 1125-1131.

O pensamento do outro

Olhar repressivo

“Por causa da falta do olhar repressivo, surge – e isso é uma distinção decisiva em relação à estratégia de vigilância da sociedade disciplinar – um sentimento enganoso de liberdade. Os prisioneiros do panóptico digital não se sentem vistos; ou seja, vigiados. Assim, eles se sentem livres e se expõem voluntariamente. O panóptico digital não limita a liberdade, mas a explora.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 783.

Olhar

A liberdade é, ela mesma, explorada

“Assim, a liberdade é, ela mesma, explorada. Exploramo-nos livremente na ilusão de que nos realizamos. Não a repressão da liberdade, mas a sua exploração maximiza a produtividade e eficiência. Essa é a lógica pérfida fundamental do neoliberalismo.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 263.

Violência do Global e terrorismo

Inacabado, incompleto e subdeterminado

“Estar inacabado, incompleto e subdeterminado é um estado cheio de riscos e ansiedade, mas seu contrário também não traz um prazer pleno, pois fecha antecipadamente o que a liberdade precisa manter aberto.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 1151.

Capítulo 2 | Individualidade

Tenho carro, posso viajar

Orwell e Huxley

“O fato de o futuro trazer menos liberdade, mais controle, vigilância e opressão não estava em discussão. Orwell e Huxley não discordavam quanto ao destino do mundo; eles apenas viam de modo diferente o caminho que nos levaria até lá se continuássemos suficientemente ignorantes, obtusos, plácidos ou indolentes para permitir que as coisas seguissem sua rota natural.

Em carta de 1769 a Sir Horace Mann, Horace Walpole escrevia que “o mundo é uma comédia para os que pensam, e uma tragédia para os que sentem”.

(…)quando Orwell e Huxley esboçaram os contornos do trágico futuro, ambos sentiram que a tragédia do mundo era seu ostensivo e incontrolável progresso rumo à separação entre os cada vez mais poderosos e remotos controladores e o resto, cada vez mais destituído de poder e controlado.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 992-996.

Capítulo 2 | Individualidade

Defesa contra o invasor privado

“A verdadeira libertação requer hoje mais, e não menos, da “esfera pública” e do “poder público”. Agora é a esfera pública que precisa desesperadamente de defesa contra o invasor privado — ainda que, paradoxalmente, não para reduzir, mas para viabilizar a liberdade individual.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 960.

Capítulo 1 | Emancipação

A crítica da política vida

Poder político

“O poder político implica uma liberdade individual incompleta, mas sua retirada ou desaparecimento prenuncia a impotência prática da liberdade legalmente vitoriosa. A história da emancipação moderna desloca-se de um confronto com o primeiro perigo para um confronto com o segundo.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 974.

Capítulo 1 | Emancipação

A crítica da política vida

A chegada da visão

“(…) em verdade, a chegada da visão quase nunca é bem-vinda para aqueles que se acostumaram a viver sem ela como doce perspectiva da liberdade.

O exílio é para o pensador o que o lar é para o ingênuo; é no exílio que o distanciamento, modo de vida habitual da pessoa que pensa, adquire valor de sobrevivência.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 792-803.

Capítulo 1 | Emancipação

A teoria crítica revisitada

Sou livre quando?

“(…) sou livre quando quero ou faço algo que contraria minha so­ciedade, ou sou livre quando domino minha vontade e a obrigo a aceitar o que minha so­ciedade determina? Ou seja, sou livre quando sigo minha vontade ou quando sou capaz de controlá-la?”

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 19.

Introdução: Para que filosofia?

Momentos de crise

Aula Magna

 

A crença na liberdade

“Temos a crença na liberdade, mas somos dominados pelas regras de nossa sociedade. Temos experiência do tempo parado ou do tempo ligeiro, mas o relógio não comprova essa experiência. Temos a percepção ao Sol e das estrelas em movimento à volta da Terra imóvel, mas a astronomia nos ensina o contrário.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 19.

Introdução: Para que filosofia?

E se não for bem assim?

Aula Magna