A linha do Eu ideal

“O sujeito de desempenho projeta a si mesmo na linha do eu-ideal, enquanto que o sujeito de obediência se submete ao superego. Submissão e projeto são dois modos de existência bem distintos. Do superego provém uma coação negativa. Ao contrário, o eu-ideal exerce uma pressão positiva no eu. A negatividade do superego restringe a liberdade do eu. O projetar-se do eu-ideal, ao contrário, é explicado como um ato de liberdade. Se o eu se enreda num eu-ideal inalcançável, vê-se literalmente fatigado ao extremo por ele. Do fosso que se abre então entre o eu real e o eu-ideal, acaba surgindo uma autoagressividade.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 825.

Anexos: Sociedade do Esgotamento

Concorrência entre os indivíduos

“Problemática não é a concorrência entre os indivíduos, mas o fato de tomarem a si mesmos como referência e de aguçar neles, assim, sua concorrência absoluta. O sujeito de desempenho concorre consigo mesmo e, sob uma coação destrutiva, se vê forçado a superar constantemente a si próprio. Essa autocoação, que se apresenta como liberdade, acaba sendo fatal para ele. O burnout é o resultado da concorrência absoluta.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 818.

Anexos: Sociedade do Esgotamento

Desempenho da modernidade tardia

“O sujeito de desempenho da modernidade tardia não se submete a nenhum trabalho compulsório. Suas máximas não são obediência, lei e cumprimento do dever, mas liberdade e boa vontade. Do trabalho, espera acima de tudo alcançar prazer. Tampouco se trata de seguir o chamado de um outro. Ao contrário, ele ouve a si mesmo. Deve ser um empreendedor de si mesmo. Assim, ele se desvincula da negatividade das ordens do outro. Mas essa liberdade do outro não só lhe proporciona emancipação e libertação. A dialética misteriosa da liberdade transforma essa liberdade em novas coações.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 683.

Anexos: Sociedade do Esgotamento

A ilusão da atividade

“A dialética do ser-ativo que escapa a Arendt consiste no fato de que a agudização hiperativa da atividade faz com que essa se converta numa hiperpassividade, na qual se dá anuência irresistivelmente a todo e qualquer impulso e estímulo. Em vez de liberdade, ela acaba gerando novas coerções. É uma ilusão acreditar que quanto mais ativos nos tornamos tanto mais livres seríamos.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 420.

5| Pedagogia do ver

Carência de ser

“Precisamente frente à vida desnuda, que acabou se tornando radicalmente transitória, reagimos com hiperatividade, com a histeria do trabalho e da produção. Também o aceleramento de hoje tem muito a ver com a carência de ser. A sociedade do trabalho e a sociedade do desempenho não são uma sociedade livre.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 360.

4| Vida Activa

Manifestações patológicas da liberdade

“O sujeito de desempenho está livre da instância externa de domínio que o obriga a trabalhar ou que poderia explorá-lo. É senhor e soberano de si mesmo. Assim, não está submisso a ninguém ou está submisso apenas a si mesmo. É nisso que ele se distingue do sujeito de obediência. A queda da instância dominadora não leva à liberdade. Ao contrário, faz com que liberdade e coação coincidam. Assim, o sujeito de desempenho se entrega à liberdade coercitiva ou à livre coerção de maximizar o desempenho* O excesso de trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexploração. Essa é mais eficiente que uma exploração do outro, pois caminha de mãos dadas com o sentimento de liberdade. O explorador é ao mesmo tempo o explorado. Agressor e vítima não podem mais ser distinguidos. Essa autorreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência. Os adoecimentos psíquicos da sociedade de desempenho são precisamente as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal.”

*Em seu sentido verdadeiro, a liberdade está ligada com a negatividade. É sempre uma liberdade da coação que provém do outro imunológico. Onde a negatividade cede lugar ao excesso de positividade, desaparece também a ênfase da liberdade, que surge dialeticamente à negação da negação.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 218.

2 | Além da sociedade disciplinar

Explorador – Explorado

“O explorador é ao mesmo tempo o explorado. Isso gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência, cujas manifestações patológicas são os adoecimentos psíquicos da sociedade de desempenho.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 67. (Resumo)

Sociedade do Cansaço

Liberdade coercitiva

“O sujeito de desempenho está livre da instância externa de domínio que o obriga a trabalhar ou que o explora; não está submisso a ninguém ou está submisso apenas a si mesmo. Porém, esse fato não leva à liberdade real, mas a uma liberdade coercitiva ou à livre coerção de maximizar o desempenho.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 64. (Resumo)

Sociedade do Cansaço

Amar a Deus pela Oração e Meditação

“Santos e sábios que cumprem os dois maiores mandamentos não mais estão subordinados à disciplina dos outros mandamentos, pois, ao amarem a Deus na meditação transcendente e também como manifestado nos demais, honram automaticamente a justiça de todas as leis cósmicas.

(…)

Portanto, amar a Deus pela oração e meditação contínuas e amá-Lo por meio do serviço físico, mental e espiritual a todas as Suas manifestações em nossa família universal – eis o fundamento e a essência da totalidade das outras leis de conduta humana e das vidas libertadas.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 509.

Capítulo 53: A observância dos dois maiores mandamentos.