Correlação histórica

“Obviamente eu não pretendia estabelecer uma correlação histórica entre o Tao-Te King, o Bhagavad- Gītā e o Corp. Herm., mas sim uma correlação arquetipica, de linguagem mística e sapiencial, que ultrapassasse o mundo esquemático narrativo da mitologia grega, mas sem cair em uma linguagem histórica, moderna e contemporânea com tendência a negar a mística. Do mesmo modo, não pensei em encontrar uma linguagem de uma escola filosófica greco-romana, com seus princípios de causa, de identidade, de unilinearidade, de não contradição ou do tertium non datur, nem tampouco com as ideias de modus, limite e finis.

(…) Certamente, isso não se trata de algo meramente empírico, mas sim comportamental e mistico, que a razão, per se, não é suficiente para alcançar.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 19.

Prefácio

Círculos Esotéricos

“Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sabia-se da existência do Deus único e absoluto, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres, mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em virtude das suas experiências pregressas. Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, então, a ideia politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu, do homem e da natureza.”

(…)

“Dessa ideia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som das flautas dos pastores, em contato permanente com a natureza.”

Xavier, Francisco Cândido / Emmanuel. A Caminho da Luz. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 2016, p. 37.

Lição de Vida Renovada

“O herói morreu como homem moderno; mas, como homem eterno aperfeiçoado, não específico e universal-, renasceu. Sua segunda e solene tarefa e façanha é, por conseguinte (como o declara Toynbee e como o indicam todas as mitologias da humanidade), retornar ao nosso meio, transfigurado, e ensinar a lição de vida renovada que aprendeu.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 28.

A Constrição do Campo da Consciência

“Passamos, até o momento, por dois estágios: em primeiro lugar, passamos das emanações imediatas do Criador Incriado para as personagens, fluidas e não obstante intemporais, da idade mitológica; em segundo, passamos desses Criadores Criados para esfera da história humana. As emanações se condensaram; o campo da consciência sofreu uma constrição. Onde antes eram visíveis corpos causais, ora entra em foco, na pequena pupila teimosa do olho humano, seus efeitos secundários.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 306.

Muito Além do Que Se Vê

“(…) o verdadeiro ser não está nas formas, mas o sonhador.

Tal como no sonho, as imagens variam do sublime ao ridículo. Não é permitida a mente a permanência de suas avaliações normais; a mente é insultada de modo contínuo e afastada da segurança que ele permite dizer que agora, finalmente, entendeu. A mitologia é derrotada quando a mente se mantém apegada, de forma solene, às suas imagens favoritas ou tradicionais, defendendo-as como se fossem elas mesmas a mensagem que comunicam. Essas imagens devem ser consideradas como meras sombras emanadas do plano que se acha além do penetrável, no domínio que os olhos, a fala, a mente ou mesmo a piedade não alcançam. Tal como ocorre no sonho, as trivialidades do mito são intensamente significativas.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 264.

Sobre Templos e Museus

“Sempre que é objeto de uma interpretação que a encara como biografia, história ou ciência, a poesia presente no mito fenece. As vividas imagens estiolam-se em fatos remotos de um tempo ou céu distantes. Ademais, jamais há dificuldade em demonstrar que a mitologia, tomada como história ou ciências, é um absurdo. Quando uma civilização passar interpretar sua mitologia deste modo, a vida lhe foge, os templos transformam-se em museu e o vínculo entre as duas perspectivas é dissolvido. Uma tal praga certamente se abateu sobre a Bíblia e sobre grande parte do culto cristão.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 244-245.

Deusa Mulher

“Tal como a mudança, o rio do tempo, a fluidez da vida, a deusa cria, preserva e destrói a um só tempo. (…)  A mulher representa, na linguagem pictórica da mitologia, a totalidade do que pode ser conhecido. O herói é aquele que aprende”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 116-117.

Chamado Para a Aventura

“Esse primeiro estágio da jornada mitológica – que denominamos aqui “o chamado da aventura” – significa que o destino convocou o herói e transferiu-lhe o centro de gravidade do seio da sociedade para uma região desconhecida”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 66.