“(…) o verdadeiro ser não está nas formas, mas o sonhador.
Tal como no sonho, as imagens variam do sublime ao ridículo. Não é permitida a mente a permanência de suas avaliações normais; a mente é insultada de modo contínuo e afastada da segurança que ele permite dizer que agora, finalmente, entendeu. A mitologia é derrotada quando a mente se mantém apegada, de forma solene, às suas imagens favoritas ou tradicionais, defendendo-as como se fossem elas mesmas a mensagem que comunicam. Essas imagens devem ser consideradas como meras sombras emanadas do plano que se acha além do penetrável, no domínio que os olhos, a fala, a mente ou mesmo a piedade não alcançam. Tal como ocorre no sonho, as trivialidades do mito são intensamente significativas.”
Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 264.