Mundo sem voz e sem olhar

“Da câmara de eco digital, na qual se ouve sobretudo a si mesmo falar, desaparece, cada vez mais, a voz do outro. Hoje, o mundo é, por causa da ausência do outro, menos dotado de voz. Em oposição ao tu, o isso não tem voz. Do isso não parte nem uma alocução, nem uma vista. O desvanecimento do de frente faz do mundo sem voz e sem olhar.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 914.

Voz

Pobreza em olhar e voz

“O mundo de hoje é muito pobre em olhar e voz. Não somos olhados nem interpelados por ele. Ele perde sua alteridade. A tela digital que determina nossa experiência do mundo nos protege da realidade. O mundo é desrealizado, descoisificado e descorporificado. O fortalecimento do ego não é mais tocado pelo outro. Ele se reflete na parte de trás das coisas.

O desaparecimento do outro é na verdade um evento dramático. Mas isso acontece de forma tão imperceptível que nem mesmo estamos propriamente cientes disso. O outro como mistério, o outro como olhar, o outro como voz desaparece. O outro, roubado de sua alteridade, naufraga em um objeto disponível e consumível. O desaparecimento do outro também afeta o mundo das coisas. As coisas perdem seu peso próprio, sua vida própria e sua vontade própria.

Se o mundo consiste apenas em objetos disponíveis e consumíveis, não podemos entrar em uma relação com ele. Também não é possível entrar em uma relação com a informação.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 865-872.

A parte de trás das coisas

Faça Contato Visual e Sorria

“(…) ações simples, como caminhar com segurança no palco, olhar em volta, fazer contato visual com duas ou três pessoas e sorrir.

(…)

Os seres humanos desenvolveram a refinada capacidade de olhar nos olhos de outras pessoas para desvendá-las. Em nível subconsciente, podemos detectar o mais infimo movimento dos músculos oculares de alguém e, com isso, saber não só como ele se sente, mas também se e digno de confiança.

(…) o simples fato de dois indivíduos se fitarem desencadeia uma atividade dos neurônios espelho que consiste literal- mente em adotar o estado emocional do outro. Se eu sorrio, vou fazer você sorrir por dentro. Só um pouquinho. Mas um pouquinho significativo. Se eu estiver nervoso, você também vai se sentir um tanto ansioso. Olhamos um para o outro, e nossas mentes entram em sincronia.

Um sorriso. Um sorriso humano espontâneo.(…) Ron Gutman deu uma palestra sobre os poderes ocultos do sorriso.

Apoiado por um ocasional sorriso amistoso, o contato visual é uma tec nologia espantosa capaz de transformar a receptividade de uma palestra.

No TED, nosso conselho número um aos oradores no dia da apresentação é fazer contato visual regularmente com a plateia, Demonstre calor humano. Demonstre veracidade.

(…) Vá para o foco de luz, siasmo com a chance de compartilhar sua paixão com os ouvintes ali sentados escolha umas pessoas (…) acene com a cabeça e sorria. Você já está progredindo.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 56-57.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Sintonia.