Dominação dos Homens

“Podemos ver, então, dois padrões bem diferentes de atitude sexual emergindo nos circulos ortodoxos e gnósticos. De modo mais simples, muitos cristãos gnósticos correlacionam sua descrição de Deus em termos tanto masculinos quanto femininos, com a descrição complementar da natureza humana. Com frequência, referem-se à narrativa da criação no Gênesis 1, que sugere uma criação humana igual ou andrógina. Os cristãos gnósticos quase sempre as sumem os princípios de igualdade entre homens e mulheres nas estruturas sociais e políticas de suas comunidades. O padrão ortodoxo é bastante diferente: descreve Deus em ter mos exclusivamente masculinos e refere-se de forma característica ao Gênesis 2 para descrever como Eva foi criada a partir de Adão, para satisfazê-lo. Como na concepção gnóstica isso se traduz em prática social: no fim do século II, a comunidade ortodoxa passou a aceitar a dominação dos homens sobre as mulheres como ordem de prescrição divina, não apenas para a vida social e familiar, mas também nas igrejas cristas.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 74.

Capítulo: 3- Deus Pai / Deus Mãe.

Igualdade Entre Mulheres e Homens

Nossa evidência, então, indica uma correlação patente entre a teoria religiosa e a prática social. Entre os grupos gnósticos e os valentinianos, as mulheres eram consideradas iguais aos homens; algumas eram reverenciadas como profetas; outras agiam como professoras, evangelistas viajantes, curandeiras, padres, talvez até bispos. Essa observação geral não é, entretanto, universalmente aplicável.

Na Grécia e na Ásia Menor, as mulheres participavam com os homens dos cultos religiosos, sobretudo nos cultos à Grande Mãe e à deusa egípcia Ísis. Enquanto o papel principal estava reservado aos homens, as mulheres participavam nos serviços e nas profissões. Ocupavam-se da educação, das artes e de profissões como a medicina. No Egito, as mulheres atingiram, por volta do século I d.e., um estado de emancipação social, política e legal relativamente avançado. Em Roma, as formas de educação mudaram, em torno de 200 a.C., para oferecer, a algumas crianças da aristocracia, o mesmo currículo para meninas e meninos.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 67-69.

Capítulo: 3- Deus Pai / Deus Mãe.

Deus (Pai e Mãe) era Masculino- Feminina

“(…)Marco… não apenas conclui desse relato que Deus é uma díade (“Façamos a humanidade”), mas também que a “humanidade, constituída segundo a imagem e semelhança de Deus (Pai e Mãe), era masculino- feminina.

Contudo, todas as fontes citadas anteriormente – evangelhos secretos, revelações e ensinamentos místicos- estão entre os excluídos da seleta lista que constitui a coleção do Novo Testamento. Cada um dos textos secretos reverenciados pelo grupo gnóstico foi omitido da coletânea canônica, e classificado de herege pelos chamados cristãos ortodoxos. Na época em que terminou a seleção dos vários escritos – talvez no fim do ano 200 -, quase todas as imagens retóricas femininas para Deus haviam desaparecido da tradição cristã ortodoxa.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 63.

Capítulo: 3- Deus Pai / Deus Mãe.

Mãe Divina

A vós, Pai, e por meio dele, a vós, Mãe, os dois nomes imortais, Pais do ser divino, habitantes do céu, da humanidade, de nome poderoso…” Outros textos indicam que seus autores se perguntaram a quem um Deus, único, masculino, havia proposto: “Façamos o homem [Adão] à nossa imagem, como nossa semelhança” (Gênesis 1:26). Como a narrativa do Gênesis prossegue dizendo que a humanidade foi criada “homem e mulher” (1:27), concluíram que Deus, de cuja imagem fomos feitos, também deve ter sido ambos – masculino e feminino, Pai e Mãe.

(…) a Mãe divina? (…) Em primeiro lugar, vários grupos gnósticos descrevem a Mãe divina como parte de um casal original. Valentino, professor e poeta, apresenta de início a premissa de que Deus é, na essência, indescritível. Contudo, sugere que o divino possa ser imaginado como díade; e consiste, de um lado, no Inefável, no Profundo, no Pai primordial; e, de outro, na Graça, no Silêncio, no Ventre e na “Mãe de Todos”. Valentino especula que o Silêncio é o complemento apropriado do Pai, designando o primeiro como feminino e o último como masculino, devido ao gênero gramatical das palavras gregas. Prossegue a descrição de como o Silêncio recebe, como em um ventre, a semente da fonte Inefável; e cria todas as emanações do ser divino, alinhadas em pares harmônicos de energias masculinas e femininas.

Além do Silêncio místico e eterno e do Espírito Santo, certos gnósticos sugerem uma terceira caracterização da Mãe divina: a Sabedoria. Aqui, a palavra grega feminina para “sabedoria”.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 55-59.

Capítulo: 3- Deus Pai / Deus Mãe.

Deus Pai – Deus Mãe

“O Deus de Israel, ao contrário das várias deidades contemporâneas no antigo Oriente Médio, não partilhava o poder com nenhuma divindade feminina (…) a ausência de simbolismo feminino para Deus marca o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, contrastando, de forma acentuada, com as outras tradições religiosas do mundo, como as de Egito, Babilônia, Grécia e Roma, ou África, Índia e América do Norte, abundantes em simbolismo feminino. (…) Enquanto os católicos reverenciam Maria como mãe de Jesus, nunca a identificam como divina, de direito: se é “Mãe de Deus”, não é “Deus Mãe”, em posição igual à de Deus Pai!”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 53.

Capítulo: 3- Deus Pai / Deus Mãe.

Adão, Viva! Levanta da Terra!

“Outras narrativas gnósticas acrescentam um jogo com quatro significações que inclui Eva (Hawah): em vez de tentar Adão, lhe dá vida e instrui:

…Após o dia de descanso, Sofia [“sabedoria”, literalmente] enviou Zoé [“vida”, textualmente], sua filha, chamada Eva, como instrutora, para fazer com que Adão levantasse (…) Quando Eva viu Adão sem forças, apiedou-se dele, e disse: “Adão, viva! Levanta da terra!” Imediatamente sua palavra fez-se ato. Quando Adão, então, levantou, abriu de repente os olhos. Ao vê-la, disse: “Serás chamada ‘a mãe dos vivos’, por ter-me dado a vida.” *(Sobre a Origem do Mundo 115.31-116.8, em NHL 172.)

A Hipóstase dos Arcontes descreve Eva como princípio espiritual da humanidade que tira Adão de sua condição de simples matéria:

“E a Mulher dotada de espírito veio até [Adão] e falou com ele, dizendo: “Levante, Adão.” Ao vê-la, ele disse: “Você, que me deu a vida; deve ser chamada ‘A Mãe dos vivos’ pois ela é quem é minha mãe. É a Médica, a Mulher e Aquela que me deu à luz.” (…) Então veio o Princípio Espiritual Feminino na serpente, a instrutora; e ensinou-lhes, dizen- do: “(…) não morrerás; pois foi por ciúme que ele lhes disse isso. Ao contrário, seus olhos se abrirão e serão como deuses, reconhecendo o bem ou o mal.” (…) E o Soberano arrogante amaldiçoou a Mulher (…) [e] (…) a Serpente.” *(Hipóstase dos Arcontes 89.11-91.1, em NHL 154-155.)

Alguns acadêmicos consideram, hoje, o gnosticismo sinônimo de dualismo metafísico – ou até com uma pluralidade de deuses.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 31-33.

Capítulo: 2- “Um Deus, Um Bispo”: A Política do Monoteísmo.

A Ação no Princípio Feminino e Masculino

“Nos fenômenos de Telepatia vê-se como a Energia Vibratória do Princípio Masculino é projetada para o Princípio Feminino de outra pessoa e este toma o pensamento-semente e o desenvolve até a madureza. Pela mesma forma operam a Sugestão e o Hipnotismo. O Principio Masculino da pessoa dando as sugestões dirige uma exalação da Energia Vibratória ou Força-Vontade para o Princípio Feminino da outra pessoa, e esta última aceitando-a, recebe-a em si mesma e age e pensa de conformidade com ela.(…)”

Três Iniciados. O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia. Editora Pensamento: São Paulo, 2018, pág. 117.

Ideia de Gênero Mental

“Esta ideia de Gênero Mental pode ser explicada em poucas palavras aos estudantes que estão familiarizados com as modernas teorias há pouco aludidos. O Principio Masculino da Mente corresponde à chamada Mente Objetiva, Mente Consciente, Mente Voluntária, Mente Ativa, etc. E o Princípio Feminino da Mente corresponde à chamada Mente Subjetiva, Mente Subconsciente, Mente Involuntária, Mente Passiva, etc.”

Três Iniciados. O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia. Editora Pensamento: São Paulo, 2018, pág. 112.

O Ofício do Gênero

O oficio do Gênero é somente de criar, produzir, gerar, etc., e as suas manifestações são visíveis em todos os fenômenos. É um tanto difícil dar provas disto nas linhas cientificas, pela razão que a ciência ainda não reconheceu este Princípio como de aplicação universal.”

Três Iniciados. O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia. Editora Pensamento: São Paulo, 2018, pág. 106.

Princípio de Gênero

“O Sétimo Grande Princípio hermético o Princípio de Gênero contém a verdade que há Gênero manifestado em tudo, que os Princípios Masculino e Feminino estão sempre presentes e em ação em todas as fases dos fenômenos e todos os planos da vida. Neste ponto achamos bom chamar a vossa atenção para o fato que o Gênero, no seu sentido Hermético, e o Sexo no uso ordinariamente aceitado do termo, não são a mesma coisa.”

Três Iniciados. O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia. Editora Pensamento: São Paulo, 2018, pág. 105.