Vigiar e punir

“A vigilância infiltra-se no cotidiano na forma da conveniência. No presídio digital como zona de bem-estar smart não se ergue nenhuma oposição contra o regime dominante. O Like exclui toda revolução.

O capitalismo da informação se apropria das técnicas de poder neoliberais. Em oposição às técnicas do poder do regime disciplinar, não trabalham com coação e interdições, mas com estímulos positivos.

Vigiar e punir, as características do regime disciplinar de Foucault, dão lugar a motivar e otimizar. No regime de informação neoliberal, a dominação se dá como liberdade, comunicação e Community, comunidade.”

HAN, Byung-Chul. Infocracia: Digitalização e a crise da democracia. Ed. Vozes, 2022, Local 124-130.

Regime de Informação

 

Condenação

“É uma incoerência pensar que Deus condena como pecadores aqueles que não creem. Uma vez que o próprio Senhor habita em todas as criaturas, a condenação significaria Sua própria e completa ruína. Deus jamais pune o homem por não acreditar Nele; é o homem que pune a si próprio.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 300.

Capítulo 13: O segundo nascimento do homem: o nascimento no Espírito – Diálogo com Nicodemos, parte I.

Crucificação

“De acordo com Plínio, a crucificação foi inventada por um homem chamado Tarquinius Priscus e começou a ser usada por volta de 260 e 160 a.C. Porém, a literatura milenar indica que ela já estava presente no século VI a.C. (…) Cícero, no século I a.C., em suas orações contra Verres (II 5,2-67), citou a crucificação como “a mais cruel e atroz das punições”.

(…)

A crucificação era disseminada antes do nascimento de Cristo e acredita-se que seja oriunda da Ásia, embora alguns historiadores creiam que tenha se originado na região da Ásia Menor, com os assírios, fenícios e persas por volta do século VI a.C. Esses povos eram famosos por suas técnicas de tortura, que incluíam empalação, fervura em óleo, afogamento, espancamento e crucificação.

(…)

Jerusalém em 1968, quando trabalhadores de construção acidentalmente encontraram uma tumba judaica contendo mais de 30 esqueletos. Em um ossário que continha a inscrição “Jehohanan o filho de HGQWL”, havia um esqueleto de um jovem de cerca de 20 anos de idade que tinha sido crucificado com um prego de aço, ainda afixado ao osso do calcanhar. A questão frequentemente levantada é: por que não existe evidencia antropológica, já que ocorreram milhares de crucificações? (…) De acordo com Joe Zias, que foi curador de Arqueologia e Antropologia para o Israel Antiquities Authority de 1972 a 1997, os pregos usados na crucificação tinham grande demanda, já que muitos acreditavam que possuíam poderes mágicos e afastavam o mal, curavam enfermidades e serviam como amuletos da sorte. Eles eram retirados dos mortos logo depois da crucificação e, em muito casos, roubados das tumbas.

Sem a presença dos pregos, a crucificação não deixa sinais definitivos patognomônicos nos espécimes antropológicos. Além disso, durante as crucificações em massa, as vítimas eram retiradas da cruz e amontoadas em pilhas, para que os animais selvagens e aves de rapina as devorassem, espalhando, assim, seus ossos. (…) Os pregos também eram constantemente reaproveitados para subsequentes crucificações.

Hengel cita o testemunho de Sêneca sobre esse tópico: “Eu vejo cruzes lá, não de um formato apenas, mas construídas de diversas maneiras; algumas têm suas vítimas com a cabeça batendo no chão. Outras empalam suas partes íntimas e outras mantêm os braços do condenado esticados no patibulum” (Hengel, 1977).

(…)

As colunas das cruzes (stipes ou staticulum) eram deixadas afixadas permanentemente no chão de uma área elevada nos arredores da cidade do lado de fora dos muros, para que os crucificados ficassem expostos aos olhos de todos.

(…) cruzes altas eram reservadas primariamente para criminosos especiais, que de alguma forma houvessem desonrado um romano. Em geral, as cruzes romanas mediam em torno de 2 metros de altura já que, em termos práticos, era mais fácil posicionar a barra horizontal (patibulum), mais pesada por causa da vítima nela pregada, numa cruz mais baixa.

O sedile era usado principalmente quando os executores queriam que a vítima permanecesse viva por mais tempo, às vezes dias seguidos.

(…)

O suppedaneum, um suporte colocado embaixo dos pés e que é visto em muitos crucifixos e pinturas, parece ser uma invenção de artistas, que nenhuma literatura faz menção a ele, e o objeto também nunca foi visto em cruzes antigas.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 69-78.

 

 

 

Comunidade de Apoio

“(…) É difícil contemplar opções radicalmente diversas num mundo onde a punição é tão prevalente, e onde há grande chance de sermos mal interpretados se não usarmos punição e outras formas coercitivas de comportamento. Por isso, ajuda muito fazer de uma comunidade de apoio que compreende o conceito de maternagem /paternagem do qual estou falando; ali encontramos o suporte para prosseguir num mundo que muitas rezes não dá incentivo a esse estilo de criação.

Com certeza, para mim sempre foi muito mais fácil persistir com essa metodologia da qual estou falando quando recebia empatia de uma comunidade de apoio – (…) poder falar com eles, ouvir suas frustrações e poder falar a eles das minhas. (…)”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 49.

Ideia Central da Punição

“No uso punitivo de força, quem a utiliza formou um julgamento moralista sobre a outra pessoa, um julgamento que imputa àquela pessoa algum erro que merece punição. A pessoa merece sofrer pelo que fez. Essa é a ideia central da punição. Disso deriva a noção de que os seres humanos são fundamentalmente criaturas pecaminosas e más, e que o processo corretivo lhes fará arrepender-se. Seria preciso ver quão horríveis são por terem feito o que fizeram. E o modo de levá-los ao arrependimento é aplicando algum castigo que os faça sofrer. (…)

A maneira de pensar que leva ao uso protetivo de força é radicalmente diferente. (…) Nossa consciência está totalmente focada em nossas necessidades. Estamos atentos para as necessidades que estão em risco. Mas de maneira alguma imputamos maldade ou erro à criança.

(…) E tal mentalidade está muito relacionada à segunda diferença – a intenção. No uso punitivo de força, a intenção é criar dor e sofrimento na outra pessoa, fazê-la lamentar ter feito o que fez. No uso protetivo de força, a intenção é apenas proteger. 

(…) ” Se eu os vir indo para a rua, vou colocá-los no quintal onde não há perigo de serem atropelados” (…) Mas o principal é que nós, os pais, estejamos conscientes da diferença. ”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 45-46.

Uso da Força

“Considerei muito importante transmitir àqueles pais e mães o conceito do uso protetivo de força, e conseguir que vissem a diferença entre o uso de força para proteger e o uso de força para punir. (…) as condições que pedem o uso da força seriam aquelas não há tempo para conversar e o comportamento da criança pode levar ao prejuízo da sua própria integridade ou a de outros- ou quando a pessoa não está disposta a falar.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 45.

Escola Baseada na Comunicação Não Violenta

” (…) Portanto, uma de nossas tarefas como pais e mães é mostrar aos nossos filhos como preservar sua humanidade, mesmo quando estão sendo expostos a autoridades que usam algum tipo de coerção.

Um de meus dias mais felizes como pai foi o primeiro dia do meu filho mais velho na escola do bairro. (…) uma escola baseada nos princípios da Comunicação Não Violenta. Lá esperava-se que as pessoas fizessem as coisas não pelas punições e recompensas, mas por perceberem a importância de sua contribuição para o próprio bem-estar e o dos outros, as avaliações eram em termos de necessidades e pedidos, não julgamentos. (…)”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 37-38

Punição e Culpa ao Não Realizar as Tarefas

“As pessoas entendem solicitações como exigências se pensarem que serão punidas ou culpadas caso não fizerem a tarefa. Essa ideia tira toda a alegria de qualquer ato.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 30.

Poder Sobre o Outro

“(…) os pais imaginam que o contrário da punição é aquele tipo de permissividade na qual nada fazemos quando as crianças se comportam de maneira divergente aos valores dos pais. (…) as recompensas são tão coercitivas quanto os castigos. Nos dois casos estamos usando o poder sobre os outros, controlando o ambiente de modo a tentar forçar as pessoas a se comportarem do modo que queremos. Sob esse ponto de vista, o uso de recompensas brota da mesma mentalidade que preconiza o castigo.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 17.

Conceito de Punição

“(…) esse conceito de punição é muito defendido pela maioria dos pais. Pesquisas indicam que cerca de 80% dos pais norte-americanos acreditam sem reservas na eficácia do castigo físico para crianças. Essa é aproximadamente a mesma porcentagem dos que defendem a pena de morte para criminosos. Havendo uma parcela tão grande da população que defende a punição como justificável e necessária na educação de crianças, tive, ao longo dos anos, bastante oportunidade de discutir essa questão com os pais, e fiquei satisfeito em ver que consegui ajudar muitas pessoas a enxergarem as limitações de qualquer tipo de punição. Para tanto basta perguntar a si mesmo duas coisas.”

Pergunta número um: O que você quer que a criança faça de outro modo? Se pararmos nessa questão, pode parecer que em certas ocasiões a punição funciona, pois por meio de ameaça ou aplicação de castigo, certamente conseguiremos algumas vezes influenciar a criança a fazer o que queremos.

Contudo, ao acrescentar uma segunda pergunta, observei que os pais percebem que a punição nunca funciona: Quais são as motivações que queremos que a criança tenha para agir como desejamos? Essa segunda pergunta nos ajuda a ver que a punição não apenas é ineficaz, mas impede que nossos filhos façam as coisas pelos motivos que desejamos.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 16-17.