A Polêmica do Carbono 14

“A ciência é construída de fatos, assim como uma casa é construída com pedras. Mas uma coleção de fatos não é ciência, da mesma forma que um amontoado de pedras não é uma casa. (Jules Henry Poncairé)

O método possui limitações, pois à radiação cósmica e variações solares, além da questão da contaminação, podem causar problemas para a datação precisa do tecido.

O teste de datação por carbono 14 (radio carbono) foi descrito pela primeira vez em 1947, pelo ganhador do Prêmio Nobel Willard F. Libby (…) A teoria por trás da datação por carbono 14 é a seguinte: o carbono 14 é formado na atmosfera terrestre pela interação entre nêutrons e o nitrogênio 14. Esses nêutrons são produzidos por uma interação de raios cósmicos com o nitrogênio presente nas camadas mais altas da atmosfera da Terra. O carbono 14, então, é oxidado e se transforma em dióxido, e, juntamente com o carbono 12 e o carbono 13, é distribuído na atmosfera, oceanos, lagos, etc. O carbono 14 é mais pesado que o carbono normal e começa a se decompor imediatamente depois que é formado. Sob condições teóricas ideais, essa decomposição em forma de radiatividade ocorre num ritmo exponencialmente uniforme e exato. O ritmo de decomposição é dado em termos de meia-vida (5.730 anos). Depois, desse período de tempo, ele continua a perder metade dos 5.730 anos restantes e pode ser usado para datar material que tenha vivido até há não mais de 50 mil anos e há não menos de 500 anos.

O método original de datação baseia-se no fato de que as plantas absorvem o dióxido de carbono 14 junto com dióxido de carbono não-radiativo e, quando os animais comem as plantas, o carbono 14 é incorporado aos seus tecidos. Quando um organismo morre, ele imediatamente deixa de absorver carbono 14 e começa a perder o carbono radiativo no ritmo mencionado.

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Um segundo problema, a contaminação, é importante porque amostras contaminadas com o carbono moderno podem fazer com que certos materiais pareçam ser centenas ou milhares de anos mais novos do que realmente são.

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Um dos cientistas que estabeleceu a datação por carbono declarou “Nós provamos que o Sudário é falso. Qualquer um que discorde de nós deveria passar a pertencer à Sociedade da Terra Plana”.

Como resultado dessas muitos cientistas abandonaram as pesquisas relativas ao Sudário. Para muitos, a datação por carbono 14 era o “padrão-ouro”, o teste definitivo, a suprema-corte da ciência.

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1) Estudos extensivos não revelaram evidência de artifício humano (pintura com tintas orgânicas ou inorgânicas, tingimentos, manchas ou pigmentos de qualquer tipo). A imagem do Sudário não for pintada utilizando-se qualquer tipo de pigmento ou instrumento conhecido.

2) Não houve substância colando ou ligando as fibras. Isto significa que não havia tintas ou outros agentes que as estivessem mantendo unidas.

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5) Nenhum tipo de pigmento sulfuroso utilizado na Antiguidade incluindo cinábrio (sulfeto de mercúrio ou vermelhão), trissulfeto de arsênico (pigmento dourado, conhecido como “ouro mosaico” ou bissulfeto de arsênico (pigmento alaranjado)-foi encontrado no Sudário.

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7) Exames forenses da imagem feitos por Heller e Adler mostraram que ela era compatível à de um homem que fora crucificado, em rigor mortis, apresentando múltiplos ferimentos, circundados por halos microscópicos cuja análise revelou serem marcas de soro albumina (o soro sanguíneo, ou plasma). Isto foi confirmado em testes realizados com metilfenol, fluorescamina e outros testes enzimáticos. Halos de soro albumina eram desconhecidos na Idade Média. Estes halos são percebidos ao redor das marcas da flagelação. eram difíceis de serem vistos sob luz normal, mas se revelaram. vividamente em fotos realizadas com luz ultravioleta. Os halos eram muito pequenos e seria necessário um microscópio para vê-los e uma instrumentação microscópica especial para que eles fossem pintados ao redor de cada um dos ferimentos; uma tarefa gigantesca se fosse realizada em tempos modernos e simplesmente impossível nos tempos medievais.

8) Uma codificação da informação tridimensional estava presente na imagem feita com um analisador de imagens VP-8, o que não acontece em fotos e pinturas, que mostraram distorções com o achatamento do relevo, incluindo os braços dentro do peito e o nariz afundado no rosto.

9) Há uma relação com a distância do tecido para o corpo.

10) (…)as fibras estavam coloridas externamente, mas não havia coloração em seu interior. Seria quase impossível aplicar tintas, pigmentos, corantes etc. apenas na parte externa e, circunferencialmente, ao redor de duas ou três fibras; isto teria de ser feito sob as lentes de um microscópio e com instrumentos especiais.

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12) O Sudário apresenta características de claro e escuro semelhantes a uma imagem fotográfica em negativo. A fotografia não era conhecida nos tempos medievais. Esta inversão entre os tons claros e escuros não é vista em obras artísticas de períodos anteriores ao advento da fotografia.

13) A presença de sangue foi detectada em várias áreas do Sudário c confirmada por sangue legalmente aceitáveis em tribunais de justiça, incluindo Heller e Adler, por meio de diversos testes de varredura microespectrofotométrica de cristais e fibras, testes de cianometemoglobina e de hemocromógenos, varredura de reflexão, testes positivos para pigmentos de bile e fluorescência de hemoporfirina.

14) A utilização de enzimas para digerir o sangue revelou que não existe nenhuma imagem subjacente nas áreas em que o sangue está presente (onde se formaram padrões condizentes com vários ferimentos e sangramentos), comprovando que o sangue estava presente antes da formação da imagem.

15) O Sudário contém tipos de pólen de 38 plantas da Palestina e áreas adjacentes, identificados por botânicos e palinologistas especializados em vegetação da Terra Santa.

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17) A precisão da informação médica sobre os ferimentos, a presença de rigor mortis, padrão de fluxo de sangue, sangue com halos de soro albumina etc. sugerem autenticidade.

18) Evidencias têxteis-inclusive as apresentadas por John Tyrer, um respeitado técnico da Faculdade de Tecnologia e do Instituto Têxtil de Manchester – sustentam que o padrão da tecelagem seja do século I (…).

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21) A presença de um carbonato de cálcio especifico conhecido como aragonita travertina, encontrada nos resíduos da área ensanguentada do pé no Sudário foi notada pelo dr. Joseph Kohlbeck, um químico e especialista em cristalografia óptica. O dr. Ricardo Levi-Setti, do Instituto Enrico Fermi da Universidade de Chicago, comparou à “sujeira” do Sudário com amostras colhidas em Jerusalém, utilizando um microscópio de escaneamento de íons, de alta resolução, e constatou uma grande semelhança.

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23) A datação por carbono 14 não é um teste infalível e frequentemente produz resultados enganosos, com margens de erro que chegam a milhares de anos, devido à utilização de amostres anômalas, não adequadas para o processo de datação.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 387-405.

Post Mortem

“O termo rigor mortis vem do latim e significa “rigidez causada pela morte”. Essa rigidez e o encurtamento dos músculos são causados por uma irreversível reação química. (…) Por exemplo, se o indivíduo morreu enquanto uma perna estava numa posição elevada e o braço acima de sua cabeça, esses membros vão se manter desse jeito por cerca de 12 horas depois que o rigor mortis se estabeleceu. Esse fato tem significado médico legal para determinar se o corpo foi movido depois que o rigor mortis aconteceu. (…) O rigor mortis geralmente começa nas mandíbulas, músculos faciais e pescoço, aproximadamente três horas após a morte, e se manifesta progressivamente nos músculos do pescoço, peito, pulso e tornozelos, joelhos e quadris, tomando-se completo num período de 18 a 36 horas. O estado de rigor permanece por cerca de 12 horas e gradualmente desaparece.

Essa reação química é modificada por vários fatores. A produção de calor-como ocorre quando se tem febre-, clima quente e aumento da atividade muscular estimulam a reação química, acelerando o rigor mortis, enquanto frio o retarda. Lembro-me de um caso em Nova York em que um indivíduo foi baleado depois de ter sido perseguido pelas ruas, pulando cercas, por uma longa distância, e desenvolveu rigor mortis quase imediatamente.

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Há uma indicação de que o homem do Sudário se encontrava em estado de rigor mortis quando colocado na vestimenta; a ausência do espaço do pescoço na imagem frontal e uma imagem alongada na parte de trás na área do pescoço são altamente sugestivas de que a cabeça foi curvada para a frente no estado de rigor. As imagens das pernas e pés também sugerem rigor mortis, porque a panturrilha direita mostra maior densidade que a esquerda. O peito erguido também sugere rigor. (…) Se o rigor não estivesse presente, haveria imagem simétrica das pernas.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 268-269.

A Imagem no Sudário – Forense

“A explicação para a aparente ausência de pescoço é que, durante a suspensão na cruz, a cabeça fica presa entre os ombros, com movimentos limitados para os lados e de frente para trás, o que foi confirmado em nossas numerosas experiências de suspensão.(…) Depois de uma morte violenta, o rigor mortis se inicia rapidamente (geralmente entre uma e duas horas depois da morte).

As pernas da mesma forma, as quais estavam em uma posição ligeiramente dobrada, manteriam o mesmo tipo de espasmo cadavérico e o subsequente rigor mortis antes de a vitima ser descida da cruz. A diferença de altura entre a imagem da frente e a de trás, sendo esta última um pouco maior, também apoia essa hipótese de rigor mortis.

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Além disso, sob um ponto de vista forense, será mais provável que o desalojamento post mortem dos coágulos quando a coroa de espinhos foi removida tivesse causado um breve fluxo de sangue na testa durante os movimentos do corpo da cruz até o Sudário, com o subsequente fluxo da parte de trás da cabeça causando um padrão de encharcamento por causa do peso da cabeça contra o Sudário.

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Há mais de cem impressões relativas a marcas de açoitamento no Sudário. É interessante saber que dois cientistas Lorre e Lynn, do Laboratório de Propulsão de Jatos de Pasadena, analisaram marcas de açoitamento criando um tipo de gradação de relevo usando seu IBM 360/65. Sua pesquisa propõe que houve duas direções sugerindo dois soldados romanos, em lados opostos da vítima (ou um soldado trocando de lado). Exames microscópicos das marcas revelam a presença de halos ao redor delas e fotografias ultravioleta fornecem mais detalhes. O exame desses halos revelou a presença de soroalbumina, que seria extremamente difícil forjar por causa do tamanho e da qualidade de marcas.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 212- 247.

Descrição do Sudário – Médico Legista

“O Sudário de Turim (Sindone, italiano ou Linceul, em francês) é um lençol de linho longo e desigual que exibe uma desconcertante imagem, frente e costas, de um indivíduo crucificado, a qual se acredita ser a de Jesus (Figura 12-1)

Figura: 12-1

Sudário de Turim (a) Frente, (b) Verso. O sudário como se fosse visto por meio de um negativo fotográfico. (Cortesia Barrie Schwortz).”

Shroud.com

As imagens da frente e das costas estão presentes porque o individuo crucificado foi deitado na extremidade de um longo e desigual lençol de linho que foi estendido no chão. A extremidade oposta do Sudário, então, foi passada por cima de sua cabeça, cobrindo o rosto e a parte da frente do corpo, como mostrado na pintura de G. Clovio, que foi reproduzida por G. B. della Rovere e agora está exposta na Galeria Sabauda (Figura 12-2).

Figura: 12-2

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Pregado a todo o verso do Sudário encontra-se um revestimento de linho conhecido como Vestimenta Holandesa, que foi meticulosamente cerzido pelas freiras Pobres Claras depois do incêndio de 1532, em Chambéry, para dar suporte ao Sudário danificado.

O corpo no Sudário está nu e o homem é barbado e tem cabelo longo, com uma imagem nas costas que lembra um rabo (Figura 12-4).

Figura 12-4

Sudário de Turim, parte traseira, mostrando a parte de trás da cabeça. A visão do Sudário como você s observaria. Existem mais de 100 marcas de açoitamento, a maioria em formato de haltere. O padrão sugere fato de os soldados terem mudado de posição da o açoitamento. Filetes de sangue da coroa de espinhos são vividamente percebidos. (Cortesia de Barrie Schwortz.)

Na visão frontal, a área da testa mostra uma marca em forma de um “3” reverso no centro, com outros pequenos rastros no lado direito e esquerdo da testa e no cabelo, todos representando o sangramento causado pela coroa de espinhos (Figura 12-5).

Estudos feitos por Adler indicaram que a cor vermelha vista na microscopia é compatível com alguém que foi vítima de um trauma grave, devido aos produtos provenientes da decomposição dos glóbulos vermelhos, a saber, bilirrubina. (…) Sob fotografia ultravioleta fluorescente, todos os ferimentos mostram em torno de si um anel de retração de soro de albumina que seria completamente desconhecido para um falsificador. É importante notar que nenhuma imagem está presente onde existe sangue, indicando que a formação da imagem ocorreu depois que ele manchou o local, que a presença do sangue impediu a formação de imagem nessas áreas. (…) Nenhuma imagem estava presente nas fibras que continham sangue. Se isso fosse feito por mãos humanas, o artista teria que pintar todas as manchas de sangue com os halos de albumina nos ferimentos e fluxos de sangue, incluindo o sangue das marcas de açoitamento, usando sangue humano, e então pintar a imagem do corpo em torno delas, em suas localizações exatas, e eliminar imagens onde existisse sangue. Um processo complicado, sem dúvida.

O cabelo na imagem frontal está na frente e cobre as orelhas. É por isso, obviamente, que Lavoie acha que o homem do Sudário estava de pé quando a imagem se fez. Todavia, a explicação mais óbvia é que a cabeça estava curvada para a frente, porque não há espaço discernível referente ao pescoço, em razão da suspensão dos ombros, com a cabeça presa entre eles e dobrada para a frente. (…) Outra possível explicação para essa posição do cabelo vem do fato de que ele ficou saturado com o sangue, e a subsequente secagem das fibras capilares fixou-o nos dois lados do rosto, que um spray para cabelo o mantém rígido. Existe uma suspensão do mesma forma peito, que também é consistente com o rigor mortis que ocorreu durante 1 crucificação (Figura 12-6). A parte de trás da cabeça também está saturada com sangue (Figura 12-4). As sobrancelhas parecem estar inchadas e há um indício de que os cílios estejam cortados. A área abaixo do olho direito parece inchada, assim como a ponte do nariz, com uma linha na extremidade distal da ponte que é consistente com um deslocamento do osso ou da cartilagem, mas não uma fratura. Isso é confirmado por ampliação de imagem computadorizada VP-8, que mostra uma depressão na junção do osso/cartilagem (veja a Figura 15-2).

Figura: 12-6

O Sudário de Turim, visão frontal, abaixo dos ombros. A visão do sudário como você iria observar. Note o padrão de bifurcação no pulso. O  ferimento do peito na parte superior direita (à esquerda do remendo triangular) na verdade está no lado direito do peito. (Cortesia de Barrie Schwortz.)

As mãos estão cruzadas na região umbilical, no nível do quadril, a esquerda em cima da direita (lembre-se: os braços parecem estar rígidos, e as mãos cruzadas e a posição dos pés sugerem que eles estavam atados (veja as Figuras 12-1 e 12-6). Uma imagem bifurcada de coloração avermelhada está presente na mão esquerda, entre o pulso e a mão propriamente dita, representando o ferimento produzido pelo prego, Faltam ambos os polegares.

O lado direito do corpo contém uma imagem grande e avermelhada na região correspondente ao sexto espaço intercostal, representando o ferimento provocado pela lança. Ela se estende ao longo da lateral até as costas e contém uma separação de soro (veja as Figuras 12-4 e 12-6).

As costas, nádegas, pernas, peito e abdômen mostram evidências de bem delineadas marcas de açoitamento, muitas das quais se assemelhando a imagens em forma de haltere (veja as Figuras 12-4 e 12-6). (…) O ombro direito está mais baixo que o esquerdo, e imagens da região da escápula esquerda (lâmina do ombro) e do ombro direito sugere escoriações, que alguns investigadores acreditam estar relacionadas ao ato de carregar a cruz.

Há indicação de uma grande escoriação ou contusão na região do joelho esquerdo. As panturrilhas mostram um arredondamento natural. Um pé parece estar virado em direção ao outro. A área do pé revela a sola direita e o calcanhar, o que é indicativo de que os joelhos foram dobrados. (…) Somente o calcanhar esquerdo e várias imagens correspondendo à cravação estão presentes. A ausência de um pé parece ter sido causada pela intrincada forma como a vestimenta foi dobrada sobre ele.

Existem duas impressões lineares escuras com interrupções nos dois lados do Sudário, com quatro pares duplos de remendos brancos triangulares, que são os locais dos buracos de queimadura que foram meticulosamente reparados pelas Freiras Pobres Claras sob ordem de Carlos III, o Duque de Savoy, dois anos depois do incêndio que aconteceu na sacristia da Santa Capela de Chambéry, no dia 3 de dezembro de 1532.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 218-227.