Períodos transitórios

“Erich Neumann, o aluno mais destacado de Jung, apresentou outras diferenciações relevantes.[ 03 ] Ele dividiu a primeira metade da vida em duas partes distintas: a primeira denominada como “estágio da mãe” e a segunda como “estágio do pai”. O estágio materno começa desde o útero materno e se estende até cerca dos 12 anos de idade. Segundo a tradição, por volta dessa idade, ocorre uma iniciação à idade adulta, a qual é dominada pelo pai. O estágio paterno começa por volta dos 12 anos de idade e se estende até a meia-idade, em torno dos 40 anos, em geral. Já a segunda metade da vida é denominada como estágio do indivíduo.

Neumann propõe que as figuras da mãe, do pai e do indivíduo são simbólicas, cada uma representando um estágio do processo de individuação. A mãe é o símbolo de uma ambientação específica ou de uma atitude particular que se aplica à infância, enquanto o pai é um símbolo de uma ambientação ou de uma atitude que começa na adolescência e continua até o período da meia-idade. Já o indivíduo, é um símbolo de um locus de controle interno durante esta fase da vida. Durante a primeira fase, o “princípio da mãe” governa e é o ponto de referência para o processo de individuação. Na segunda fase, o “princípio do pai” governa e é o ponto referencial para o processo de individuação.

Essas imagens representam autoridade: a mãe é a figura de autoridade no primeiro estágio, enquanto o pai é a figura de autoridade no segundo estágio. No terceiro estágio, o self é a figura da autoridade.

(…)

Cada um desses períodos transitórios tende a ser emocionalmente turbulento e instável, representando uma transformação na individuação. Os períodos antes e depois dessas transições tendem a ser relativamente estáveis. As transições são tumultuadas porque a psique está mudando sua orientação e perspectiva básicas em relação a si mesma e aos outros.   Desenvolvimento psicológico completo do ciclo de vida (individuação) Diagrama 2

Como muitas pessoas têm uma vida tão prolongada nos dias de hoje, há um período transitório significativo para elas no final da idade adulta, um estágio que é geralmente referido como os anos de “aposentadoria”. Isso não significa necessariamente a cessação de todas as atividades anteriores ao trabalho, mas, sim, uma transição de uma vida mais ativa para uma mais reflexiva. Anteriormente, os adultos carregavam grandes responsabilidades em seus vários papéis sociais e profissionais, e agora se tornam mais ocupados com memórias, reflexões e questões relacionadas ao significado espiritual.

Observamos o corpo começar a “quebrar”, e em relação aos aspectos físicos, todas as espécies de dificuldades se apresentam. No entanto, isso não necessariamente é o caso em termos psicológicos ou espirituais. Novos avanços dentro da individuação começam a se estabelecer nesse momento, criando, assim, outra fase da vida, ao final da idade adulta, que se estende até a velhice. Algumas das maiores obras de literatura, arte, música e filosofia foram criadas por pessoas nesse estágio tardio do processo de individuação.

A palavra “indivíduo” significa “indivisível” e a frase “processo de individuação” significa “tornar-se não dividido”.

No decorrer da vida, a psique é dividida em partes, ou seja, consciente e inconsciente. Nós necessariamente nos separamos de certas partes da psique em determinados estágios de desenvolvimento a fim de ganhar uma identidade social, uma persona. Deixamos partes de nós mesmos fora da consciência para nos adaptarmos às condições sociais e encontrarmos um lugar dentro da competição cultural ao nosso redor. Então, em uma fase posterior da vida, temos que voltar e recuperar o que foi deixado de fora ou o que não foi acessível até agora. Temos que nos conduzir em direção à integridade psicológica, tornando o self o mais consciente possível. Em última análise, o símbolo do potencial máximo alcançado é a mandala, o círculo. O círculo contém todas as partes; é o todo. pode conter conflitos internos sem se dividir ou quebrar. Pode conter a quantidade máxima de informações sobre si mesmo e o mundo, e manter tudo junto.”

STEIN, Murray. Os quatro pilares da psicanálise junguiana: Individuação – Relacionamento analítico – Sonhos – Imaginação ativa – Uma introdução concisa. Ed. Cultrix, 2023. Local, 162-206.

Pilar 1

Processo de individuação

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