“O recipiente hermeticamente vedado (contendo aqui Mercúrio como símbolo do espírito aprisionado na matéria) é comparável, no plano psicológico, a uma atitude básica de introversão que atua como um recipiente para a transformação de atitudes e emoções.”
Obviamente, há aqui uma analogia com o que fazemos quando impedimos um ser humano de projetar ingenuamente e forçamos essa pessoa a olhar apenas para si mesma; isso seria como que uma sufocação, pois a pessoa quer chegar para o analista e dizer “foi assim que minha mãe me criou”. Ao que o analista responde que a pessoa deve ver o papel desempenhado pelo seu próprio complexo, e depois terá de aceitar tudo aquilo por que antes responsabilizava Deus e o destino, os pais e o marido. Tudo isso tem de ser aceito de volta, e é como sufocação, uma espécie de morte, pois o impulso para projetar tudo no exterior é sustado.
O recipiente é um símbolo para a atitude que impede qualquer coisa de escapar para fora; é uma atitude básica de introversão que, em princípio, não deixa escapar nada para o mundo exterior. A ilusão de que todo o problema reside fora do eu tem de acabar, e as coisas têm de ser encaradas a partir de dentro. É desse modo que hoje “sufocamos” o mysterium do inconsciente. Não sabemos o que é o inconsciente, mas sufocamo-lo mediante esse tratamento concentrado pelo qual toda projeção é sustada, intensificando o processo psicológico.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 146-148.
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