Um derradeiro ataque;

“(…)  trata-se de um derradeiro ataque; o demônio gasta a sua última munição. Dizer adeus a uma atitude neurótica é algo muito triste e nunca ninguém a abandonou sem um sentimento de tristeza, visto que a neurose, infelizmente, é uma condição amorável, cativante e a pessoa se ressente da separação. Assim quando a pessoa chega ao estágio final, quando é necessário, de uma vez por todas, dizer adeus a alguma espécie de infantilidade, a alguma opinião do animus etc., há sempre uma espécie de crise. É isso o que a mitologia ilustra com o fato de que, quando a criança salvadora nasce, todos os poderes das trevas atacam mais encarniçadamente que nunca; em nosso mito cristão vemos isso na forma do morticínio dos inocentes de Belém. A criança divina escapa sempre, é natural; esta é a última explosão dos poderes das trevas contra algo já tão poderoso que, embora recém-nascido, não pode mais ser suprimido.

Na alegoria eclesiástica oficial, a mulher que trouxe a morte ao mundo foi Eva, pela maçã do Paraíso, enquanto a Virgem Maria expulsou a morte quando deu à luz Cristo. Assim, na tradição patriarcal existem duas mulheres: Eva, que trouxe a morte a este mundo, e a Virgem Maria, que expulsou a morte. Nosso texto é incomum para o século XIII, na medida em que alguém se atreveu a dizer que a mulher era uma e a mesma pessoa. Só existe uma mulher: Eva e Maria são uma só.”

 

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 372-373.

8a Palestra | Aurora Consurgens

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