“(…) resistências ou, por exemplo, uma atitude rigida em algum canto onde a pessoa literalmente endurece, o que é uma típica reação de complexo. Quando, por exemplo, um analisando se recusa a discutir alguma coisa, isso será endurecimento e encobre uma fraqueza; obstinação e rigidez são duras, e isso geralmente tem a ver com experiências infantis destrutivas e negativas.

(…) o processo psicológico consiste amiúde em  amaciar aquelas partes da personalidade que endureceram e simultaneamente, solidificar o núcleo da personalidade, o Si-mesmo e isso conjugaría os opostos de masculino e feminino.

(…) Pessoas que leram um pouco acerca da psicologia junguiana pensam frequentemente que tudo, seja o que for, faz parte do processo e deve ser integrado, mas isso só é verdadeiro cum grano salis; é fato que nem tudo lhe pertence. Como todas as verdades psicológicas, se tudo lhe pertence, sob um aspecto, nada lhe pertence, sob outros aspectos. O que são essas coisas exteriores que têm de ser jogadas fora?

RESPOSTA: As atitudes coletivas.

“O Pelicano, recipiente alquímico no qual ocorre a circulatio (destilação circular), comparável à circum-ambulação de um problema de pontos de vista diferentes e em diferentes fases da vida a essência do processo de individuação.”

DRA. VON FRANZ: Sim, atitudes coletivas que estorvam o desenvolvimento do indivíduo ou a identificação com outras pessoas. Muitas pessoas não conseguem apreciar-se a si mesmas por causa de sua admiração por alguma outra pessoa e, por conseguinte, perdem a possibilidade de vir a ser elas próprias. Assim como uma serpente fixa os olhos num coelho, elas fixam os seus em outrem, ou numa ideia coletiva; isso é algo extrínseco, não é o que elas são, não lhes pertence e tais coisas não foram integradas. Os sonhos nos dirão para nos afastarmos disso, para deixar isso para lá, que não é coisa nossa nem é da nossa conta.

A individuação, portanto, significa também separação, diferenciação, o reconhecimento do que é nosso e do que não é nosso. O resto tem de ser abandonado.”

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 419-421.

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