Conclusão

Ao lerem este livro, alguns de vocês devem ter se perguntado sobre minha metodologia. Não deixei de revelar minha incredulidade a respeito de muitas coisas relacionadas ao tarô. No entanto, pratico o tarô desde 2009. Isso significa que não escrevi este livro de história como uma racionalista que tenta eviscerar o “irracional” a qualquer preço.

(…) como utilizá-lo, de onde ele vem e como foi constituído? (…) E comecei a pesquisar sem nenhuma teoria elaborada a priori: é algo próprio da pesquisa histórica como disciplina e me parece uma base muito saudável para começar um questionamento.(…) procuram-se apenas as informações mais confiáveis sobre esse tema. Com elas são elaboradas teorias, e não o contrário. Esse é o melhor meio de abrir o campo das possibilidades, em vez de reduzi-lo a um fio estreito, no qual tentamos nos segurar para ir a todo custo rumo à nossa ideia inicial.

(…) pode-se muito bem conceber que o homem “descende do macaco” e, ao mesmo tempo, foi criado por Deus. Creio que desvendar certos arcanos da história do tarô nada tira de seu mistério. (…) o “Tarô de Marselha” é um conceito recente, elaborado principalmente por Paul Marteau não antes de 1930.

Essas descobertas me encantaram. Para mim, elas mais enriquecem do que empobrecem a prática do tarô. Com elas, imagino que nenhum iniciado criou um Tarô de Marselha primitivo, que o jogo não é fundamentado por nenhum esquema de base, existente em algum lugar em uma época original. Acho até difícil conceber essa ideia depois de ter descoberto, além dessa grande quantidade de jogos, os textos dos primeiros ocultistas. Sobre alguns deles, cabe perguntar até que ponto eram iniciados em alguma coisa. No entanto, é deles que tudo provém. Penso que nenhum mestre ensinou um saber primordial ligado a esse jogo estranho e fascinante e que isso não me impede absolutamente de utilizá-lo e gostar do que ele traz em si.

Seria necessário passar por uma “iniciação” para alcançar uma verdade? Essa era a principal ideia dos primeiros autores que escreveram sobre o tarô. Os séculos XVIII e XIX viveram a paixão das sociedades secretas. Mas hoje experimentamos com frequência  cada vez maior a busca por conhecimentos primordiais no fundo de nós mesmos, por por meio da meditação, da criação e de tantas outras coisas.”

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 270.

Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

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