“Um homem de meia-idade, que padecia de uma renitente moléstia, teve um sonho que se aproxima bastante do nosso texto:
O rev. X (um ministro bem conhecido que o paciente reverenciava) morrera. Seu corpo deveria ser cremado e havia dúvidas acerca de quem ficaria com o ouro que seria deixado depois que o seu corpo ardesse. Vi o ouro líquido, de cor bastante escura, mantido numa espécie de matéria negra, talvez cinzas negras… Meu primeiro pensamento a respeito do ouro foi negativo, um sentimento de repugnância, depois, veio-me a idéia de que o falecido deveria ter sido alguém muito especial e de que ele deixara.
Este sonho combina vários temas alquímicos: a calcinatio como cremação; a morte e o negrume da mortificatio; a extração da essência, separatio; e a produção do ouro, o alvo da opus. Tanto no texto como no sonho, o rei morto ou figura do pai é objeto da calcinatio. O sonho sugere que o valor de vida dominante, em torno do qual a pessoa se estruturou, está passando por uma reavaliação.
O fogo calcinatório pode derivar da sexualidade.
EDINGER, Edward F. Anatomia da Psique. O Simbolismo Alquímico na Psicoterapia, Ed. Cultrix 2006, Pág.40.
Capítulo 2 Calcinatio