Operação do fogo

“Cada um dos quatro elementos tem sua própria operação particular. A calcinatio é a operação do fogo (as outras são: solutio, água, coagulatio, terra, e sublimatio, ar). Eis por que toda imagem que contém o fogo livre queimando ou afetando substâncias se relaciona com a calcinatio.(…) Jung demonstrou que o fogo simboliza a libido.

(…)”Toma um feroz lobo cinzento, que… é encontrado nos vales e montanhas do mundo, nos quais uiva, quase selvagem, de fome. Dá-lhe o corpo do rei e, quando ele o tiver devorado, queima-o totalmente, até torná-lo cinzas, numa grande fogueira. Por este processo, o rei será libertado; e quando isso tiver sido realizado por três vezes, o leão terá suplantado o lobo e nada encontrará nele para devorar. E assim nosso corpo terá se tornado apropriado para o primeiro estágio do nosso trabalho.”

(…)

O texto fala do “corpo do rei”. Presume-se que o rei já esteja morto, tendo sido assassinado pelo processo da mortificatio. A morte do rei é um tempo de crise e de transição. O regicídio é o crime mais grave. Psicologicamente, significaria a morte do princípio que rege a consciência, a mais elevada autoridade da estrutura hierárquica do ego. Por conseguinte, a morte do rei seria acompanhada por uma dissolução regressiva da personalidade consciente. Esse curso de eventos é indicado pelo fato de o corpo do rei servir de alimento a um lobo raivoso; isto é, o ego foi devorado pelo desejo faminto. O lobo, por sua vez, alimenta o fogo. Mas lobo = desejo e desejo = fogo. Assim, o desejo consome a si mesmo. Depois de uma descida ao inferno, o ego (rei) renasce, à feição da fênix, num estado purificado.

A asserção de que o “leão terá suplantado o lobo” equipararia o leão ao fogo que consome o lobo. O leão é o “sol inferior”, uma representação teriomórfica do princípio masculino. Uma vez que sol, rei e ouro se equivalem, isso significaria a descida da consciência ao reino animal, no qual deve suportar as ferozes energias do instinto. No conjunto químico de imagens, seria a purificação ou refino do ouro.”

EDINGER, Edward F. Anatomia da Psique. O Simbolismo Alquímico na Psicoterapia, Ed. Cultrix 2006, Pág.38-39.

Capítulo 2 Calcinatio

Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

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