Hermetismos

“Na verdade, por um lado, parece compreensível estabelecer diferenciações entre hermetismos e hermetismos. Por outro lado, a dicotomia classificatória radical de Walter Scott e André-Jean Festugière sinaliza um menosprezo em relação àquilo que se pode chamar de literatura hermética popular em detrimento de um classicismo e com um pedantismo classicista no tratamento da literatura hermética erudita.

De qualquer maneira, dentro dessas duas categorias, os escritos herméticos buscam responder à condição e à situação do ser humano no mundo, isto é, tenta responder à condição antropocósmica.

Nas pesquisas mais recentes, sugere-se que a literatura hermética popular, que compreende textos astrológico-mágicos e alquímicos, seja chamada de Hermetica técnicos.

O adjetivo técnico diz respeito ao controle sobre o mundo telúrico por meio de certas práticas de observação e conhecimento da simpatia que se estabelece entre os seres astrais e terrestres, ou seja, conhecer os poderes astrais que se estabelecem por meio da simpatia dos planetas.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 49.

Parte I- Ensaios: Aproximações e enfoques.

Capítulo 2- As bases Filosóficas e Religiosas do Hermetismo: Teurgia e Mântica, Simpatia e Astrologia.

Nomenclatura de Festugière

“André-Jean Festugière criou uma nomenclatura: o hermetismo que compreende um conjunto de práticas astrológicas, mágicas, alquímicas, teúrgicas e pseudocientíficas recebeu o nome de hermetismo popular (hermétisme populaire); o hermetismo que compreende um conjunto de doutrinas teológicas e filosóficas passou a receber a designação de hermetismo erudito ou filosófico (hermétisme savant ou hermétisme philosophique).”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 48.

Parte I- Ensaios: Aproximações e enfoques.

Capítulo 2- As bases Filosóficas e Religiosas do Hermetismo: Teurgia e Mântica, Simpatia e Astrologia.

Vaso de Hermes

“No periodo medieval, os chamados alquimistas empregavam uma técnica de isolamento de elementos químicos em recipientes ou vasos lacrados de modo que esses não pudessem escapar de forma alguma (vas bene clausum). Um dos principais elementos químicos usados pelos alquimistas era o metal chamado mercúrio (Mercurius é o equivalente latino para o nome grego Hermès). Eles costumavam lacrar esse metal em um recipiente chamado de vaso de Hermes (vas Hermetis ou vas hermeticum).

Ao que tudo indica, o termo hermético, como se entende hoje em dia, deriva, via latim medieval, do termo técnico-alquímico hermeticus, que se refere ao ato ou modo especial de fechar, lacrar ou tampar um vaso, uma vasilha ou caixa.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 25.

Introdução

Jung e alquimia

“Jung encontrou na alquimia medieval um nexus entre o antigo gnosticismo e a psicologia moderna.

Em termos junguianos, aquilo que se chama de gnose de Deus ou da divindade é o conhecimento do inconsciente, proveniente dele. Para os herméticos, a gnose não é meramente conhecimento sobre Deus, mas de Deus. A divindade imaterial, parcialmente impessoal e primordial, é simbolicamente o inconsciente. Ela se revela por meio de intermediários, de emanações, que se chamam personalidades arquetípicas. O conhecimento sobre o homem é o conhecimento do ego independente, emergente do inconsciente para a consciência, sendo distinto tanto do inconsciente quanto do mundo externo. Vindo a ser independente, consequentemente passa a esquecer suas origens, projetando-se sobre o mundo, sobre a Natureza. A concepção junguiana da gnose está em flagrante paralelo com o caráter gnóstico teoantropocósmico do hermetismo.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 20.

Prefácio

Relação entre metalurgia e alquimia

“Deleuze escreve: “A relação entre metalurgia e alquimia não se baseia, como acreditava Jung, no valor simbólico do metal e sua correspondência com uma alma orgânica, mas na força imanente da corporeidade em toda a matéria e no espírito de corpo que a acompanha”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1562.

Um excurso sobre o Jukebox

A Alquimia da Palavra

“Os místicos de todos os tempos demonstraram que mesmo a palavra falada, composta de um som vocálico adequadamente pronunciado pelo homem, tem o poder de perturbar o estado da matéria, de fazê-la vibrar ou modificar sua natureza elementar ou sua composição química.(…)”

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 84.

Compreensão da Filosofia Hermética

“Estes preceitos constituíam realmente os princípios básicos da Arte da Alquimia Hermética que, contrariamente. ao que geralmente se crê, baseia-se no domínio das Forças Mentais, em vez de no domínio dos Elementos materiais; na Transmutação das Vibrações mentais em outras, em vez de na mudança de uma espécie de metal em outra. As lendas da Pedra Filosofal, que transformava qualquer metal em ouro, eram alegorias da Filosofia hermética perfeitamente entendidas por todos os estudantes do verdadeiro Hermetismo.”

Três Iniciados. O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia. Editora Pensamento: São Paulo, 2018, pág. 17.