Onde não há emoção não há vida

“(…)  o que é positivo na emoção? Ela transforma, cozinha e elucida, esse é o modo como o fogo gera a luz: se estou emocionalmente empolgada por alguma coisa, eu não posso entendê-la; se não estou lutando emocionalmente com os meus então nada acontece ou com problemas, alguma outra coisa,

Onde não há emoção não há vida. Se temos de aprender algo de cor e se isso não nos interessa, não há fogo; a coisa não é registrada, mesmo que a leiamos cinquenta vezes. Mas, havendo interesse emocional, basta ler uma só vez e a coisa é aprendida, Portanto, a emoção é o veículo da consciência; não há progresso na consciência sem emoção.

O aspecto destrutivo manifesta-se em contendas e desavenças e então ele nos devora. A outra pessoa diz que é terrível quando damos vazão à nossa emoção destrutiva; mas se não a descarregamos, a emoção nos devora.

Temos aqui uma alusão à emoção: “O fogo foi aceso na assembleia e as labaredas consumiram os ímpios da terra”. É a destruição das pessoas ímpias, dos pecadores, pelo fogo. E depois é dito: “Ele extingue o fogo em sua própria medida interna”.

Psicologicamente, isso é muito revelador. As pessoas dizem repetidamente que amam ou que odeiam alguém, embora afirmem saber que isso é muito irracional:Eu não sou louco, posso me comportar e ser sensato, mas a coisa ainda persiste, o que posso fazer a respeito? Por favor, resgate-me! Para mim, não basta saber que tudo é absurdo”.

A resposta para isso é difícil de aceitar: o fogo tem de queimar o fogo, uma pessoa tem de arder na emoção até que o fogo esmoreça e se equilibre. Isso é algo a que, lamentavelmente, não se pode fugir.(…) O fogo tem de queimar até que o último elemento impuro seja consumido, que é o que todos os textos alquímicos dizem em diferentes variações, e não encontramos tampouco qualquer outro meio.

O fogo não pode ser estorvado, mas apenas sofrido até que arda completamente o que é mortal ou corruptível, ou, como o texto diz de forma tão bela, o que constitui a umidade corruptível, a inconsciência. E esse o significado, a aceitação do sofrimento.

 

“Em alquimia, a serpente mercurial devora-se em água de fogo, tal como uma emoção destrutiva tem de se consumir totalmente, isto é, tem de ser sofrida de modo completo.”

(…)

Sentar-se no Inferno e aí assar é o que produz a pedra filosofal; como diz o autor, o fogo é extinto com a sua própria medida interior. “

 

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 414-417.

9a Palestra | Aurora Consurgens

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