Período de vida em dois estágios

Às vezes, Jung escrevia sobre a individuação como se tornar o que você é, e não apenas quem você é. Quem se refere à sua identidade consciente, mas o que é a totalidade do self, os aspectos conscientes e inconscientes combinados. Um axioma primordial da psicologia junguiana é que o self é superior ao ego, e que o ego é apenas uma parte da totalidade do self, embora seja uma parte absolutamente essencial.

A realização completa do self, ou a individuação completa, é um objetivo de desenvolvimento que não é totalmente alcançável e realizável dentro de uma única vida. Isso ocorre porque a consciência humana não é grande o suficiente para integrar todos os aspectos do self. Apenas uma parte do self pode ser integrada na consciência. Mesmo após um longo processo de desenvolvimento da individuação, certos aspectos do self permanecem inconscientes e além do alcance da consciência. O self é composto por muitos potenciais arquetípicos, mas um indivíduo pode realizar apenas algumas dessas possibilidades. Cada indivíduo é uma combinação específica dessas diversas possibilidades arquetípicas, que refletem sua história de vida e suas experiências.

Jung argumentou que a individuação é um processo arquetípico que tem uma meta definida. Quando afirmamos que é arquetípico, estamos dizendo que é semelhante a um instinto e, portanto, pertence a todos nós: todos os seres humanos possuem dentro de si esse impulso para realizar o processo de individuação. Algumas pessoas alcançam um nível mais alto de individuação do que outras, mas isso não significa necessariamente que elas tenham uma pulsão de individuação mais robusta e ativa dentro delas. O que ocorre é que elas conscientemente contribuiram para esse processo em suas vidas e se ajudaram a alcançar sua própria realização.

O próprio Jung dividiu o período de vida em dois estágios ou fases principais – a primeira metade da vida e a segunda.Ele afirmou que a vida é como a jornada do Sol: começa no Leste, atinge o auge ao meio-dia, depois declina e, finalmente, desaparece no Oeste, assim como nossa vida começa na escuridão do útero, emerge para a luz e sobe ao ápice, depois declina e, finalmente, desaparece na escuridão do túmulo.”

STEIN, Murray. Os quatro pilares da psicanálise junguiana: Individuação – Relacionamento analítico – Sonhos – Imaginação ativa – Uma introdução concisa. Ed. Cultrix, 2023. Local, 132-154.

Pilar 1

Processo de individuação

A magia é a síntese de tudo que existe

“Na magia, o conceito do Universo é a síntese de tudo que existe. Tudo que existe é uma unidade, uma síntese de três elementos essenciais: matéria, vida e energia.

A grande síntese é completamente análoga em suas partes.

(…)

Hermes diz, em Tábua de Esmeralda, que tudo que está em cima é como tudo que está embaixo, e saber disso é o bastante para produzir o milagre de algo.

(…)Tudo é análogo e o processo mágico por excelência é analogia. (…) e o estudo da analogia leva ao conhecimento da magia ou da sabedoria de Salomão.

Tudo é analógico; a lei que governa o mundo também governa a vida de um inseto. Estudar de que modo as células se reúnem para formar um órgão é estudar o modo como os reinos da natureza se reúnem para formar a Terra, um órgão de nosso Universo;é o modo de estudar como as pessoas se reúnem para forma uma família, um órgão da humanidade.

(…)

Tudo é análogo: conhecer o segredo da célula significa conhe cer o segredo de Deus. O absoluto está em toda parte – a totalidade é indivisível em seu todo e em suas partes.

(…)quando percebemos que a força do sangue vem do ar, a força do ar vem da Terra e a força da Terra vem do Sol, dizemos que a vida é força solar transformada.

Para alguns, o homem é matéria, para outros (teólogos) é matéria e espírito. Para a ciência dos magos, ele é o reflexo da vida do Universo e, portanto, tripartido em sua formação: corpo, meio plástico ou corpo astral e alma.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.47-50.

Primeira Parte

O universo e o homem na Doutrina Oculta

Se queres conservar a paz, prepara-te para a guerra

“Recordamos a antiga sentença: Si vis pacem, para bellum. Se queres conservar a paz, prepara-te para a guerra. Se Seria oportuno modificá-la assim: Si vis vitam, para mortem. Se queres suportar a vida, prepara-te para a morte.”

FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág.50.

Considerações atuais sobre a guerra e a morte (1915)
“A nossa atitude diante da morte”

Tendência a prescindir da morte

“Temos uma tendência patente a prescindir da morte, a eliminá-la da vida. Tentamos silenciá-la; temos até o provérbio: pensamos em algo como na morte. Como na própria, claro está! A morte própria é, pois, inimaginável, e quantas vezes o tentámos pudemos observar que, em rigor, permanecemos sempre como espectadores. Assim, foi possível arriscar na escola psicanalítica esta asserção: no fundo, ninguém acredita na sua própria morte ou, o que é a mesma coisa, no inconsciente, cada qual está convencido da sua imortalidade.

(…)

Acentuamos com regularidade a motivação casual da morte, o acidente, a enfermidade, a infeção, a idade avançada, e traímos assim o nosso empenho em rebaixar a morte de necessidade a casualidade. Uma acumulação de casos mortais afigura-se-nos como algo de sobremaneira horrível. Diante do próprio morto adotamos um comportamento peculiar, quase como de admiração por alguém que levou a cabo algo de muito difícil. Excluímos a crítica a seu respeito, fazemos vista grossa sobre qualquer injustiça sua, determinamos que de mortuis nil nisi bene, e achamos justificado que na oração fúnebre e na inscrição sepulcral ele seja honrado e exaltado.

(…)

Esta nossa atitude face à morte exerce, porém, uma poderosa influência na nossa vida. A vida empobrece-se, perde interesse, quando a aposta máxima no jogo da vida, ou seja, a própria vida, se não tem de arriscar.”

FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág.39-31.

Considerações atuais sobre a guerra e a morte (1915)
“A nossa atitude diante da morte”

A festa como jogo

“A festa como jogo é um autorretrato da vida. Sua característica é assinalada pelo excedente. É a expressão de uma vida extravagante que não aspira a nenhum fim. Nisso consiste sua intensidade. É a forma intensiva da vida. Na festa, a vida se refere a si mesma, em vez de se subordinar a um fim externo. Desse modo, o tempo dominado hoje completamente pela coação de produção é um tempo sem festa. A vida empobrece, paralisada em estado de sobrevivência.

“A essência da experiência da arte é que aprendemos a permanecer. É essa talvez a equivalência que nos é proporcional ao que se chama eternidade”

HAN, Byung-Chul.O desaparecimento dos rituais: Uma topologia do presente. Ed. Vozes, 2021, Local 592-600.

Festa e Religião

Banir a negatividade da vida

“Nos tempos atuais, que se esforçam para banir a negatividade da vida, também a morte emudece. Ela não fala mais. Toma-se dela toda linguagem. Ela não é mais “uma maneira de ser”, mas apenas o mero fim da vida, que deve ser adiado com todos os meios. A morte significa, simplesmente, a des-produção [Ent-Produktion], o fim da produção. Hoje, a produção se totalizou como a única forma de vida. A histeria da saúde é, em última instância, a histeria da produção. Ela destrói, porém, a vivacidade real.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 475.

Angústia

A vida de Francisco

“Quero contar a vida e os feitos do nosso bem-aventurado pai Francisco. Quero fazê-lo com devoção, guiado pela verdade e em ordem, porque ninguém se lembra completamente de tudo que ele fez e ensinou. Procurei apresentar pelo menos o que ouvi de sua própria boca, ou soube por testemunhas de confiança.

Fiz isso por ordem do glorioso Papa Gregório, conforme consegui, embora em linguagem simples. Oxalá tenha eu aprendido as lições daquele que sempre evitou a linguagem difícil e desconheceu os rodeios de palavras!”

Frei Tomás de Celano. Primeira Vida: Vida de São Francisco de Assis Escrita em 1228 D.C, Ed. Família Católica,2018, Local: 126-128.

Prólogo

A vida como imanência

“A vida como imanência é uma capacidade que não age. Por isso, ela é um “imanente que não está em nada”, pois ela não está submetida a nada e não depende de nada. A vida se relaciona a si mesma e repousa em si mesma. A imanência caracteriza uma vida que pertence a si mesma, que basta a si mesma. Esse bastar-a-si-mesmo é a beatitude.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 346.

Considerações sobre a inatividade

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida

(…) Tomé lhe diz: “Senhor, não sabemos para onde vais.
Como podemos conhecer o caminho?” Diz-lhe Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser po mim.” * (João 14:5-6.)

O Evangelho de João, que contém esse trecho, é um livo notável que muitos gnósticos reclamam a si e unlizam como fonte primária para o ensinamento gnóstico.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 135.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Adorar a Deus no Templo de Si Mesmo

“O “próximo” do homem é a manifestação de seu Eu maior ou Deus. A alma é um reflexo do Espírito, reflexo que está em cada ser e na vida vibratória de todo o cenário cósmico animado e inanimado.

(…)

Quando a imanência divina penetra a compreensão do homem, ela o desperta para seu dever e privilégio de adorar a Deus no templo de si mesmo (por meio da meditação) e no templo de todos os seres e coisas do universo (por meio do amor ao próximo, na intimidade de seu lar cósmico).

(…) e a ideia de “mundo” é em si um conceito muito remoto e abstrato.

A maioria das pessoas vive entre as estreitas muralhas do egoísmo, jamais sentindo o pulsar da vida universal de Deus.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 507-508.

Capítulo 53: A observância dos dois maiores mandamentos.