“Quando estava quase no topo, seu caminho foi bloqueado por uma imensa rocha. Não era de surpreender que houvesse uma inscrição esculpida nela: Embora possua este universo, nada possuo, pois não posso conhecer o desconhecido, se ao conhecido me agarro.
O reconhecimento de que ele era a causa, não o efeito, lhe deu um novo sentimento de poder. Agora não tinha mais medo.
Um senso desconhecido de calma o envolveu, e algo estranho aconteceu: ele começou a cair para cima! Sim, embora parecesse impossível, ele estava caindo para cima, subindo para fora do abismo! Ao mesmo tempo, ainda se sentia conectado à parte mais profunda dele — na verdade, sentia-se conectado ao próprio centro da terra. Ele continuou caindo cada vez mais alto, sabendo que estava unido tanto ao céu quanto à terra.
Ele se desprendera de tudo que temia e tudo que tinha conhecido e possuído. Sua vontade de abarcar o desconhecido o tinha libertado. Agora o universo lhe pertencia para experimentar e desfrutar. O cavaleiro permaneceu no topo da montanha respirando profundamente; uma sensação irresistível de bem-estar percorreu seu ser. Ele foi ficando atordoado com o encantamento de ver, ouvir e sentir o universo que o circundava inteiro. Antes, o medo do desconhecido embotara seus sentidos, mas agora ele era capaz de experimentar tudo com uma clareza de tirar o fôlego.
“Quase morri pelas lágrimas que deixei de chorar”,
Ele sorriu através das lágrimas, sem perceber que uma nova e radiante luz emanava dele — uma luz muito mais brilhante e bonita do que sua armadura com o melhor dos polimentos: borbulhante como um riacho, brilhante como a lua, deslumbrante como o sol. Pois, de fato, o cavaleiro era o riacho. Ele era a lua. Ele era o sol. Ele podia ser todas essas coisas de uma vez agora, e muito mais, porque ele era um com o universo. Ele era amor.”
FISHER, Robert. O cavaleiro preso na armadura. Ed. Record, 2020, Local: 1026-1078.
O Vértice da verdade