“Os Evangelhos apresentam outra versão da separatio no Juízo Final:
“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, trazendo todos os santos anjos consigo, ele se assentará sobre o trono de sua glória: E diante dele serão congregadas todas as nações: e ele as separará umas das outras, como um pastor aparta dos cabritos as ovelhas: E ele colocará as ovelhas à direita e os cabritos à esquerda.” (Mat., 25: 31-33, AV.)
O texto nos diz ainda que as ovelhas herdarão o reino, ao passo que os cabritos serão enviados para o fogo eterno. Isso pode ser entendido outra vez como um encontro com o Si-mesmo transferido para o além-túmulo. É como se o Juízo Final separasse os completos dos incompletos. Os incompletos são submetidos a uma calcinatio adicional e, talvez, a outras operações (ver figura 7-14).
A despeito do aparente caráter final das versões egípcia e cristã do Juízo Final, a separatio, segundo a alquimia, não é um processo final. Ela é descrita como uma operação inicial ou intermediária que é um requisito para a coniunctio superior. A Aurora Consurgens diz: “… uma certa purificação de coisas precede o trabalho de perfeita preparação, que por alguns é chamada administração ou limpeza (mundificatio), por outros, retificação, e por outros ainda limpeza (ablutio) ou separação.” Kelly cita Avicena: “Purifica marido e mulher separadamente, a fim de que possam unir-se de modo mais íntimo; porque, se não os purificares, eles não podem amar um ao outro.”Esses textos afirmam quel a separatio deve preceder a coniunctio, falam também da separatio como uma operação de purificação. Isso corresponde, do ponto de vista psicológico, ao fato de as atitudes contaminadas por complexos inconscientes nos darem a nítida impressão de estarmos maculados ou sujos. ”
EDINGER, Edward F. Anatomia da Psique. O Simbolismo Alquímico na Psicoterapia, Ed. Cultrix 2006, Pág 224.
Capítulo 7 Separatio