“Dissemos que o órgão central de nossa constituição (Ruach, Kama ou Chỉ) é tão capaz de absorver quanto de emitir qualquer criação, vibração ou condensação etérica. É também o órgão de recepção e emissão do astral terrestre; graças a isso, experimentamos uma verdadeira digestão nutritiva, já que ela difunde imediatamente seus eflúvios para toda a alma animal e para todo o corpo astral. Como energizadores ou vampiros, esses micróbios astrais penetram nosso organismo corporal e espiritual inteiro, dando-lhe vida ou instilando -lhe o veneno do encantamento. É por causa disso que o curador tem acesso aos fluxos vivificantes extraídos das fontes benéficas da natureza e é por isso que o mago negro nos mata de forma infame com forças hostis, inesperadas e invisíveis.
(…)
As sensações do mundo físico, percebidas por nosso corpo, produzem uma atitude que pode, como vimos, penetrar por meio da alma animal até a vontade e, assim, moldar vigorosamente essa vontade com uma reação reflexa que provoca o movimento desejado.
No polo oposto, a efervescência de nossa imaginação, povoada com formas etéricas criadas por nossas emoções e até nossas intuições que desceram dos mundos superiores, é transmitida por nossa alma ani mal e nosso corpo astral ás nossas forças vitais a fim de despertá- las.
(…)esses fluxos emocionais, recebidos de fora pelo centro magnético, penetram em nossos outros dois centros e engendram outras forças, outras potencialidades de realização.
Mas como essa soberania pode ser proficuamente exercida? Como pode triunfar de todas as revoltas, sobretudo as incitadas pelo astral interno ou externo? Sabemos muito bem que, com frequência, somos os joguetes de nossas emoções, não seus senhores: quase todos os nossos atos são meros reflexos, raramente nos damos conta deles, porque as forças etéricas que nos invadem têm imenso poder sobre nós.
É sempre a vontade, a mônada principal, que comanda o ato, mas poucas vezes essa vontade é a nossa: frequentemente, obedecemos a uma vontade alheia. Para dominar, nossa vontade precisa de aumento de energia, que Schopenhauer, em linguagem sutil, exprime perfeitamente dizendo que nós sempre queremos um ato, mas resta saber se NÓS queremos querer. A resposta dele é negativa: quem quer dentro de nós é a Vontade Universal.
Isso não passa de sofisma (…) Sem dúvida, a vontade universal, ou seja, Deus, é que quer dentro de nós quando nosso Eu comanda tudo o que está embaixo; mas convém acrescentar que isso só acontece com nosso consentimento. Em suma, nossa vontade, quando realmente exercida, é o instrumento da vontade divina na terra, de sorte que só pode comandar outras vontades à condição de ser Uma com a vontade divina, de ser Boa Vontade.
(…)
Das possibilidades humanas – Examinemos, porém, alguns detalhes relativos a essa luta, onde a alma humana é o campo de batalha entre os instintos cegos da natureza, o vazio que cobiça o poder imediato e as solicitações providenciais que levam a tentativas definitivas de li bertação da alma. A imortalidade é o prêmio.
A maioria de nós mal toma consciência dessa luta; quase todos vivemos por instinto, embalados pelos apelos da Providência. Mesmo entre aqueles que são um pouco conscientes, sobretudo os que sentem as influências astrais, há poucos capazes de entendê-las ou usá-las.
Todas se diferenciam das pessoas normais pelo excesso de fluido etérico em sua constituição, mas algumas delas são mais aptas a reter esse excesso ou expeli-lo quando e para onde desejam; de outras, ao contrário, o excesso escapa em ondas sem direção certa e é substituido por novos fluxos. Os desejos superam sua capacidade de concentração; (…) São os médiuns de todos os tipos que podem se tornar adivinhos, bardos e até profetas caso pertençam a uma esfera elevada o bastante para atrair o éter energizado por forças superiores.
São magnetizadores quando os fluidos que concentram e projetam derivam de forças corporais; são iniciados de todos os graus quando conseguem reunir o éter criado pelos poderes espirituais e os de or dem superior.”
PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.247-249.
Capítulo 10