“Os pesquisadores perguntaram aos psicoterapeutas sobre todas as inúmeras escolas de psicologia existentes hoje e qual consideram como fator mais importante para um resultado bem-sucedido no tratamento psicoterápico. A resposta oferecida quase sempre se referia à relação entre terapeuta e paciente. É essa relação que constitui a principal diferença. A qualidade do relacionamento terapêutico, em vez da persuasão teórica do terapeuta, provou ser o fator determinante dos resultados. Os psicanalistas junguianos acrescentariam que é o relacionamento, com a adição da cooperação do inconsciente e do self dentro do processo, que pauta a diferença crítica entre sucesso e fracasso na análise.
A imagem alquímica do vas bene clausam (“o receptáculo bem selado”) retrata esse contêiner. É muito mais do que apenas um alambique feito de vidro. Em vez disso, como disse a alquimista arquetípica Maria Profetisa, “Unum est vas” (“o vaso é um”), significando que “O segredo todo trata de se entender sobre o vaso hermético”.
Na análise, a relação entre analista e paciente é este vaso hermético, e há algo de sério e mágico sobre ele. Ele tem poder.
Os relacionamentos desempenham um papel crucial no desenvolvimento psicológico desde o nascimento até o fim da vida. Vários estudos têm demonstrado que o crescimento cognitivo e emocional na maturidade psicológica depende essencialmente de bons relacionamentos. Na ausência de tais relacionamentos, o desenvolvimento é atrasado, atrofiado ou pode levar a psicopatologias.
(…) simultaneamente próximo e afastado do paciente. A proximidade surge da intensa interação no encontro entre as duas pessoas na sala de análise, enquanto a distância resulta do pensamento clínico que o analista está processando. O terapeuta deve reservar uma parte da mente para considerar o material do caso a partir de uma perspectiva teórica e clínica.
O analista está simultaneamente dentro e fora do processo alquímico, remexendo-o de ambos os lados. Isso é uma responsabilidade profissional.
Tem que ter aquele “clique”, uma conexão, e um instinto de confiança e convicção que o terapeuta é capaz de compreendê-lo. Muito provavelmente, essa primeira impressão será baseada em uma projeção que ressoa com um relacionamento passado – com a mãe, o pai, o avô, o tio etc.
Nas primeiras sessões, os psicoterapeutas junguianos também se questionam se conseguem trabalhar com a pessoa. A análise é uma experiência pessoal e individual, e os analistas têm suas próprias limitações que precisam ser conscientes. Talvez o analista não seja capaz de entender ou ter empatia com o problema apresentado pelo paciente, ou não consiga encontrar uma maneira de adentrar em sua constituição ou estrutura psíquica por serem pessoas muito diferentes. Além disso, o paciente pode apresentar um problema que toca os complexos pessoais do analista de forma muito profunda e dolorosa. Nesses casos, o analista seria prudente em encaminhar a pessoa para outro profissional mais apropriado.
(…) entender que essa relação pode se tornar emocionalmente intensa e psicologicamente complexa. Dentro da profissão, essa complexidade é referida como transferência/contratransferência. Esse termo, dividido em duas partes, se refere aos níveis psicológicos que se desenvolvem dentro da relação analítica. A referência é para as dinâmicas conscientes e inconscientes que despertam fortes correntes emocionais dentro do campo interativo. O diagrama abaixo sugere tais complexidades dentro da relação.”
STEIN, Murray. Os quatro pilares da psicanálise junguiana: Individuação – Relacionamento analítico – Sonhos – Imaginação ativa – Uma introdução concisa. Ed. Cultrix, 2023. Local, 420-456.
Pilar 2
A Relação Analítica