Conhece-te a Ti Mesmo

“O conformismo à norma da fé limitava todos os cristãos a uma ideologia inferior: “Eles dizem: “[Mesmo que] um [anjo] venha do céu e pregue a você além daquilo que nós pregamos, deixe-o ser excomungado!” A fé nos sacramentos demonstra um pensamento ingênuo e irracional: os cristãos católicos praticam o batismo como um rito de iniciação que lhes garante “uma esperança de salvação”,” por lhes acreditarem que só aqueles que recebem o batismo são “guiados para a vida”.

Contra essas “mentiras” o gnóstico declara que “isto, portanto, é o verdadeiro testemunho: quando um homem conhece a si mesmo e Deus está acima da verdade, ele se salvará”.” Apenas aqueles que reconhecem sua ignorância e aprendem a libertar-se pela descoberta de quem são vivenciam a iluminação como uma nova vida, como “a ressurreição. Os rituais físicos como o batismo são irrelevantes, pois “o batismo da verdade é algo diverso; é pela renúncia [ao] mundo que o encontramos”.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 126.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Unir-se ao Bispo é Unir-se à Igreja

“Como um fiel poderia identificar os verdadeiros e os falsos cristãos? Os cristãos ortodoxos e gnósticos ofereciam respostas diferentes, pois cada grupo tentava definir a igreja de modo a excluir o oponente. Os cristãos gnósticos, pleiteando representar apenas “uns poucos”, sugeriam critérios qualitativos. Em protesto contra a maioria, insistiam em que o batismo não convertia um ser em cristão: segundo o Evangelho de Filipe, muitas pessoas “mergulham na água e retornam à superfície sem terem recebido nada”,  e ainda assim afirmavam ser cristãos. Nem a profissão do credo ou martírio contava como evidência: “qualquer pessoa pode fazer essas coisas.” Acima de tudo, recusavam-se a identificar a igreja com a comunidade visível e real que, diziam, com frequência apenas a imitava. Em vez disso, citando um dito de Jesus (“Pelos seus frutos os conheceremos”), demandavam provas de maturidade espiritual para demonstrar que uma pessoa pertencia à verdadeira igreja.

No entanto, os cristãos ortodoxos no final do século II começaram a estabelecer critérios objetivos para o ingresso na igreja. Quem quer que confessasse o credo, aceitasse o ritual do batismo, participasse na adoração e obedecesse aos clérigos era aceito como um companheiro cristão. Procurando unificar as diversas igrejas espalhadas pelo mundo em uma única rede, os bispos eliminaram os critérios qualitativos para que as pessoas se tornassem membros da igreja. A avaliação de cada candidato com base na maturidade espiritual, percepção ou santidade pessoal, como os gnósticos preconizavam, necessitaria de uma administração muito mais complexa. Além disso, tenderia a excluir muitos que precisavam do acolhimento da igreja. A fim de tornar-se verdadeiramente católica-universal, a igreja rejeitou todas as formas de elitismo, com o intuito de atrair mais e mais fiéis. Nesse processo, seus líderes criaram uma estrutura clara e simples, consistindo em doutrina, ritual e organização política, que provou ser, surpreendentemente, um sistema organizacional muito eficaz.

Assim Inácio, o bispo ortodoxo de Antioquía, define a igreja em termos do bispado que representa esse sistema:

Ninguém que pertença à igreja permanecerá excluido do bispado. A eucaristia será válida quando celebrada pelo bispo ou por quem ele indicat (Qualquer que seja a oferenda do bispo [a eucaristia], acongregação deverá estar presente, assim como em qualquer lugar onde Jesus Cristo esteja, a Igreja católica estará presente *(Inácio, Smyrneans8.1-2.)

(…) Inácio declara:

É ilegítimo batizar ou realizar um ágape (rito eucarístico) sem o bispo (…) Unir-se ao bispo é unir-se à igreja; separar-se do bispado significa não apenas separar-se da igreja, mas do próprio Deus. *(Ibid., 8.2.)

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 118-119.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Eu e o Pai Somos Um

“Em outra passagem, Jesus disse: “Eu e o Pai somos um“. Ele percebia que a Consciência Crística presente em sua consciência estava perfeitamente unificada com a Consciência Cósmica. Assim como o reflexo da lua em um lago e a própria lua no céu são essencialmente a mesma imagem, também a Consciência Cósmica refletida em toda vibração cósmica como a Consciência Crística é idêntica à Consciência Cósmica que existe além do reino vibratório.

(…)

Como uma pequena onda que é reabsorvida no mar, a consciência então se expande na incomensurável Vibração Cósmica do Espírito Santo. Ao ser batizada nessa sagrada Vibração do Espírito, a alma expandida experimenta a Inteligência Crística imanente. Somente então, abençoada por esse reflexo da presença de Deus, a consciência entra na infinitude que se encontra além de toda vibração: o reino de Deus-Pai, a Consciência Cósmica.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 26-264.

Capítulo 41: Conselhos de Jesus aos que pregan a palavra de Deus (Parte II).

Identificado com o Corpo

“Na tradição védica da antiga Índia, a criança recém-nascida é denominada kayastha, que significa “identificado com o corpo”. Os dois olhos físicos, que enxergam a atraente matéria, são legados pelos pais físicos; mas, durante a iniciação ou batismo espiritual, o olho espiritual é aberto pelo guru. Com a ajuda do guru, o iniciado aprende a utilizar esse olho telescópico para ver o Espírito, tornando-se então dwija, “nascido duas vezes” – a mesma terminologia metafísica usada por Jesus -, e inicia seu progresso até o estado de brâmane, aquele que conhece Brahman ou o Espírito.”

Nota: Atribui-se à verdadeira meditação (dhyana, o sétimo passo da Senda Óctupla da Yoga, delineada pelo sábio Patânjali) “a concepção da magnitude de Om“, o Verbo ou Espírito Santo da Bíblia. (…)  Seguindo com afeição os preceitos sagrados desses santos personagens, o homem se torna capaz de dirigir para dentro todos os seus órgãos dos sentidos, na direção do centro comum deles: o sensório, Trikuti ou Sushumnadwara, a porta para o mundo interior – onde ele percebe a Voz (…) [a Vibração Cósmica, que é] o Verbo, Amém, Om (…).

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 276-277.

Capítulo 13: O segundo nascimento do homem: o nascimento no Espírito – Diálogo com Nicodemos, parte I.

Diálogo com Nicodemos

“Em resposta, Cristo dirigiu a atenção de Nicodemos diretamente à Fonte celestial de todos os fenômenos da criação, tanto mundanos quanto “milagrosos”, afirmando sucintamente que todos podem entrar em contato com essa Fonte e conhecer as maravilhas que dela procedem, assim como fazia Jesus, ao passarem pelo “segundo nascimento” espiritual do despertar intuitivo da alma.

(…)

As multidões superficialmente curiosas, atraídas por demosntrações de poderes extraordinários, receberam apenas uma parcela escassa do tesouro da sabedoria de Jesus, mas a inequivoca sinceridade de Nicodemos lhe permitiu obter do Mestre uma orientação precisa que enfatizava o Poder e o Objetivo Supremos nos quais o homem deve concentrar-se. Os milagres da sabedoria que iluminam a mente são superiores aos milagres de cura física e controle da natureza; e milagre ainda maior é a cura da causa-raiz de todas as formas de sofrimento: a ignorância ilusora que obscurece a unidade da alma humana com Deus.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 263-264.

Capítulo 13: O segundo nascimento do homem: o nascimento no Espírito – Diálogo com Nicodemos, parte I.

Primeira e Segunda de Pedro

“A Primeira de Pedro é uma carta escrita em estilo tão semelhante ao de São Paulo, que se supõe redigida por Silvano, discípulo de Paulo, que se tornara colaborador de Pedro, e que é mencionado nessa carta, no cap. 5,12. Essa carta é notável pelo seu ensinamento sobre a alegria do cristão batizado e a união dos cristãos em Jesus Cristo (caps. 1 e 2). Dirigida a cristãos que sofrem por sua fé, a carta lembra-lhes o exemplo da Paixão de Cristo (cap. 3), exortando-os à santidade e à prática de todas as virtudes correspondentes aos seus estados.”

(…)

“A Segunda de Pedro, que parece ter sido redigida por outro secretário do apóstolo aproxima-se muito estreitamente da Carta de Judas.”

Bíblia Sagrada Ave-Maria: Edição revista e ampliada. Edição Claretiana Editora Ave-Maria, Editora Ave-Maria, 2012. Versão Kindle, Posição 1273-1277.

O Vibrante Som de Om

“Pelo poder de expansão do Espírito Santo – que se ouve na meditação e se difunde em todas as direções -, a consciência se torna imersa (batizada) na corrente sagrada da Consciência Crística.

(…)

As inspiradoras vibrações do “Consolador” trazem profunda paz e alegria interior. A Vibração Criadora revigora a força vital individual no corpo, o que conduz à saúde e ao bem-estar, e pode ser direcionada conscientemente como poder curativo para aqueles que necessitam de ajuda divina. Sendo a fonte da criatividade inteligente, a vibração de Om inspira nossa iniciativa, talento e vontade.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 137.

Capítulo 6: O batismo de Jesus.

O Guru

“Um guru não é um instrutor espiritual comum. Podemos ter muitos instrutores, mas um só guru, que é o agente de salvação designado por Deus em resposta aos cativeiro da matéria.

(…)

Nenhum guru pode desenvolver-se somente por anos de estudo na fábrica intelectual de um seminário teológico que considera ter alcançado seus objetivos ao outorgar títulos de bacharel ou de doutor em teologia. Tais títulos podem ser recebidos por pessoas de boa memória; entretanto, caráter, autocontrole e a sabedoria da intuição da alma podem ser cultivados somente pelo conhecimento e aplicação de métodos adiantados de profunda meditação (…)

Tampouco pode alguém ser um guru por sua própria escolha. Ele precisa ser ordenado por um verdadeiro guru, para que possa servir e salvar os outros; ou então precisa de fato ouvir a voz de Deus pedindo-lhe para redimir os demais. (…) Gurus autodesignados desviam-se muito ao escutar a voz do ego imaginativo em sua mente subconsciente.

Os verdadeiros gurus treinam primeiro seu eu interno na escola teológica superior da intuição e da comunhão divina na meditação. Eles se batizam espiritualmente no Espírito antes de pretenderem iniciar os demais.

Não é necessário para um discípulo estar na a fim de receber suas bênçãos. O mais importante é estar espiritualmente em sintonia com o guru, pois sua ajuda é conferida ao discípulo primeiramente no plano espiritual interno, e não por meios materiais.

Se o discípulo se mantém sem uma atitude crítica, considerando o mestre com amor e reverência incondicionais, e segue lealmente seus preceitos, tal receptividade torna mais fácil o trabalho do guru. A sintonia cria um elo entre a ajuda do guru e o esforço sincero do discípulo, ainda que o guru não esteja mais encarnado na Terra.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 127-129.

Capítulo 6: O batismo de Jesus.

Iniciação e Batismo

A palavra “iniciação” (em sânscrito, diksha), segundo se utiliza na Índia, tem o mesmo significado do termo “batismo” adotado no Ocidente. A iniciação por um guru corresponde à consagração interior do discípulo ao caminho espiritual que leva do domínio da consciência material ao reino do Espírito. A verdadeira iniciação, como demonstrado, é o batismo pelo Espírito. (…) Todo aquele que possa ver a corrente vital do olho espiritual transformando e espiritualizando as células cerebrais e a própria composição da mente do iniciado é alguém que batiza com o Espírito Santo. (…) uma alma de elevada estatura espiritual pode transfe parte da experiência de sua própria consciência divina àqueles que sejam receptivos.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 126.

Capítulo 6: O batismo de Jesus.

A Páscoa do Senhor

“Por apenas três dias foi permitido a nós, que ressuscitamos dentre os mortos, celebrar a Páscoa do Senhor em Jerusalém com nossos parentes que vivem como testemunho da ressurreição de Cristo, o Senhor; e fomos batizados no santo rio Jordão e recebemos vestes brancas, cada um de nós. E depois dos três dias, quando celebramos a Páscoa do Senhor, todos eles que se levantaram novamente conosco foram arrebatados pelas nuvens, e foram levados sobre o Jordão e não foram mais vistos por ninguém.”

Nascimento, Peterson do. O Evangelho Segundo Nicodemos (Coleção Apócrifos do Cristianismo Livro XI) – Versão Kindle, Posição 845.