Sobre a Comunicação Não Violenta

“Do dormitório à sala do conselho de administração, da classe à zona de guerra, a CNV está mudando vidas todos os dias. Ela oferece um método eficaz e de fácil compreensão que consegue chegar nas raízes da violência e do sofrimento de um modo pacífico. Ao examinar as necessidades não atendidas por trás do que fazemos e dizemos, a CNV ajuda a reduzir hostilidades, curar a dor e fortalecer relacionamentos profissionais e pessoais. A CNV está sendo ensinada em empresas, escolas, prisões e centros de mediação no mundo todo. E está provocando mudanças culturais pois instituições, corporações e governos estão integrando a consciência própria da CNV às suas estruturas e abordagens de liderança.

A maioria tem fome de habilidades que melhorem a qualidade dos relacionamentos, aprofundem o sentido de empoderamento pessoal, ou mesmo contribuam para uma comunicação mais eficaz. É lamentável que tenhamos sido educados desde o nascimento para competir, julgar, exigir e diagnosticar-pensar e comunicar-se em termos do que está “certo” e “errado” nas pessoas. Na melhor das hipóteses, as formas habituais de falar atrapalham a comunicação e criam mal-entendidos e frustração. Pior, podem gerar raiva e dor, e levar à violência. Inadvertidamente, mesmo as pessoas com as melhores intenções acabam gerando conflitos desnecessários.

A CNV nos ajuda a perceber abaixo da superfície e descobrir o que está vivo e é vital em nós, e como todas as nossas ações se baseiam em necessidades humanas que estamos tentando satisfazer. Aprendemos a desenvolver um vocabulário de sentimentos e necessidades que nos ajuda a expressar com mais clareza o que está acontecendo dentro de nós em qualquer momento. Ao compreender e reconhecer nossas necessidades, desenvolvemos uma base partilhada que permite relacionamentos muito mais satisfatórios.

Junte-se aos milhares de pessoas do mundo todo que aprimoraram seus relacionamentos e suas vidas por meio desse processo simples, porém revolucionário.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 56-57.

Atendendo as Necessidades Através de Pedidos

“Veja, eu realmente gostaria que você fizesse isto, atenderia às minhas necessidades, mas se as suas necessidades estão em conflito com as minhas, quero ouvi-las, e então podemos pensar uma saída para que as necessidades de todos sejam atendidas”.

(…)

A cada vez eu parava, entrava em contato com minhas necessidades, tentava escutar as dele, e dizia: “Ok. Obrigado. Me ajudou. Era uma exigência e agora é um pedido”. E ele sentia a diferença na minha atitude. E nas três ocasiões ele fez o que eu pedi sem questionar.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 31.

Linguagem Baseada em Necessidades

(…) “Ela requer uma mudança que nos distancia da avaliação moralista da Infância (em termos de certo/errado, bom/mau), e nos aproxima de uma linguagem baseada em necessidades. Precisamos conseguir dizer às crianças se o que elas estão fazendo está em harmonia com nossas necessidades, ou em conflito com elas – mas fazê-lo de tal forma que não estimulemos a culpa ou a vergonha nos mais jovens. Vamos dar um exemplo: “Fico com medo quando vejo você bater no seu irmão, pois preciso que as pessoas da família estejam em segurança” ao invés de “É errado bater no seu irmão”. Ou em outra circunstância, em vez de afirmar “Você é um preguiçoso porque não arrumou o quarto”, dizer “Fico frustrado quando vejo que sua cama não está arrumada porque preciso de apoio para manter a casa em ordem”,

Essa mudança de linguagem que evita a classificação do comportamento da criança em termos de certo e errado, bom e mau, e procura se concentrar nas necessidades – não é fácil para aqueles que foram educados por professores e pais pensar em termos de julgamentos moralistas. (…)”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 20

Atendimento às Necessidades e Respeito Mútuo

“Entendi por experiência que (estejamos nos comunicando com crianças ou com adultos) quando percebemos a diferença entre esses dois objetivos e conscientemente nos abstemos de tentar conseguir que o outro faça o que queremos – ao mesmo tempo procurando criar uma qualidade de cuidado mútuo, respeito mútuo, um bom vínculo que permite aos dois sentirem que suas necessidades estão sendo levadas a sério, e a consciência de que as necessidades e o bem-estar da outra pessoa são independentes – é impressionante como os conflitos, que de outro modo pareceriam insolúveis, se resolvem com facilidade.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 19.

Mediação de Conflitos

“Um dia, tive uma experiência que realmente me conscientizou do perigo de pensar nas pessoas como filhos/crianças. Eu tinha passado um final de semana inteiro trabalhando com dois grupos: uma gangue de rua e o departamento de polícia. Meu papel era de mediador entre esses antagonistas. Muita violência vinha sendo trocada entre eles, e me pediram para tentar intermediar uma solução. Depois de passar tanto tempo ali, lidando com a hostilidade mútua entre membros da gangue e policiais, eu estava exausto. Quando as sessões de mediação terminaram, a caminho de casa, dirigindo meu carro, pensei comigo mesmo que nunca mais na minha vida queria estar em meio a um conflito.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 11.

Do Fundo do Coração

“A CNV nos ajuda a nos ligarmos uns aos outros e a nós mesmos, possibilitando que nossa compaixão natural floresça. Ela nos guia no processo de reformular a maneira pela qual nos expressamos e escutamos os outros, mediante a concentração em quatro áreas: o que observamos, o que sentimos, do que necessitamos, e o que pedimos para enriquecer nossa vida. A CNV promove maior profundidade no escutar, fomenta o respeito e a empatia e provoca o desejo mútuo de nos entregarmos de coração. Algumas pessoas usam a CNV para responder compassivamente a si mesmas; outras, para estabelecer maior profundidade em suas relações pessoais; e outras, ainda, para gerar relacionamentos eficazes no trabalho ou na política. No mundo inteiro, utiliza-se a CNV para mediar disputas e conflitos em todos os níveis.”

Rosenberg, Marshall B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Editora Ágora. São Paulo, 2006, p. 32.

Tópicos do Capítulo

  • CNV: uma forma de comunicação que nos leva a nos entregarmos de coração.
  • Quando utilizamos a CNV para ouvir nossas necessidades mais profundas e as dos outros, percebemos os relacionamentos por um novo enfoque.
  • Vamos fazer brilhar a luz da consciência nos pontos em que possamos esperar achar aquilo que procuramos.
  • Os quatro componentes da CNV:
    1. observação;
    2. sentimento;
    3. necessidades;
    4. pedido.
  • As duas partes da CNV:
    1. expressar-se honestamente por meio dos quatro componentes;
    2. receber com empatia por meio dos quatro componentes.

Erros

“Como Freud demonstrou, os erros não são um mero acaso; são, antes, resultado de desejos e conflitos reprimidos. São ondulações na superfície da vida, produzidas por nascentes inesperadas. E essas nascentes poder ser muito profundas – tão profundas quanto a própria alma”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 60.