“Mas, de súbito, sentiu-se pouco a pouco transformado num frondoso arvoredo pejado de ramos carregados de folhas e frutos, que amparavam todos os infelizes e injustiçados do mundo ali chegados em busca de sua sombra dadivosa. Sob a assistência do Alto, Jesus reviu nessa ideoplastia mediúnica o “motivo fundamental” de sua própria vida na matéria, ante o compromisso fabuloso que assumira antes de descer à carne, pois essa árvore protetora com o adubo fértil do seu próprio sangue vertido no martírio.
(…)
Porém, ultrapassando aquela dor extrema e inumana, que desprendia da carne, e vibrando sob o elevado impacto de voltagem sideral, ele sentia, então, na própria alma, estranho fenômeno que absorvia toda a vivência interna. Num extremo, a pulsação e o rodopiar dos astros, das constelações e galáxias; e noutro extremo, o vibrar dos átomos no seio das moléculas das flores, dos vegetais e da substância terrena. Ouvia o estranho turbilhão dos mundos pejados de civilizações, rodopiando em torno dos seus sóis e, ao mesmo tempo, o ruído estranho da seiva a subir no caule dos vegetais. Jesus, num átimo de segundo, abrangeu o macrocosmo, consciente de sua força e do seu poder, da sua sabedoria e da sua glória.
Esse fenômeno acontecido com Jesus, conhecido entre os hindus como o “samadhi” e entre os ocidentais como “êxtase” é um rápido fulgor da verdadeira vida espiritual do ser quando atinge o Nirvana, a comunhão com o Pai, embora sem perder sua individualidade sidérea. Em tal momento, fundem-se as distâncias, o tempo e o espaço convencional da mente humana limitada, enquanto a alma abrange consciente e perceptível, tanto a vida do na intimidade as constelações dos astros com as constelações dos átomos, pois a matéria é o “Maya”, a Ilusão, e só a Espirito é a Verdade!
(…) O cérebro ardia-lhe pelo impacto sidéreo, além da sua capacidade humana de resistência, enquanto os nervos estavam desgastados e o sangue superativado pela alta pressão que ameaçava romper os vasos cerebrais. Súbito, num esforço heroico empreendido pela própria natureza carnal, a corrente sanguínea efervescente foi drenada pelas glândulas sudoríparas e grossas bagas de suor e sangue caíram ao solo, deixando o mestre frontalmente exaurido em suas forças vitais.”
RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 354-356.