A expressão do Tarot

(…) o tarot torna-se um “lugar” onde podemos regressar a um tipo de consciência que normalmente nos é negado na confusão da nossa vida cotidiana.

O tarot funciona como setenta e oito manitokanac. Juntos, eles criam um recipiente protetor para o Mistério se expressar em nossas vidas.

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág.534-535.

A Lua

“Correspondência Astrológica: Câncer.

A tradição ocultista tende a ver a lua de forma negativa – como loucura, instintos animais, luz refletida em vez de luz verdadeira.

(…) a escuridão que envolve o Espírito quando este se submete ao poder dos instintos.

Na carta, vemos dois pilares, como colunas da Sacerdotisa, os cavalos (ou esfinges) preto e branco do Carro, demónios acorrentados da carta do Diabo. Mas aqui, na Lua, os pílres, ou torres, tornaram-se cinzentas, como se tivessem perdido seu poder ou mas nitidas distinções, e com um caminho serpenteando entre eles, partindo das águas do inconsciente até chegar às montanhas da consciência superior.

(…) O Imperador e A Justiça, as cartas acima dela.

Há alguns que preferem permanecer no mundo interior dos assombros, podendo confundir maravilha mística com libertação genuina. A literatura mapiritual está repleta de histórias e ensinamentos nos alertando contra isso. Ede fato, uma razão pela qual se diz que a lua evoca a insanidade – a loucura – porque se não viajarmos pelas experiências, de volta à vida cotidia podemos perder nosso verdadeiro eu.

“O que alguém deve fazer antes da iluminação? Cortar lenha e buscar água. O que alguém faz depois da ilumi nação? Cortar lenha e buscar água”.

Como Lévi observou, a lua não brilha sozinha, mas reflete o sol. Assim, podemos também vê-la como meia-verdade.

Aqui está um grande segredo: nós mesmos somos mitos, nós mesmos somos nossas histórias. Não luz aprisionada em corpos grosseiros e densos, mas luz moldada em histórias. Um provérbio hassidicos diz: “Por que Deus fez os ho manos? Porque Deus ama histórias”. E aqui, deixo também as palavras da en Basta contemporanco Callan Williams : “Desde o momento em que nascemos, nossos corpos começam a morrer e nossas histórias a crescer”.

Na imagem mais antiga, se desejamos ir além do campo material para acessar verdades “superiores”, devemos viajar pelo reino lunar do mito, do sonho e da intuição. Esta é a porta de entrada. Isso também significa que to-das essas verdades superiores chegam até nós filtradas pela meia-luz da lua.

Na versão Rider, essas gotas assumem a forma dos Yods, a décima letra do alfabeto hebraico e primeira do nome divino YHVH veja também A Roda da Fortuna e os Arcanos Menores. Os Yods simbolizam a calma do espírito perturbado, como se a Lua primeiro despertasse em nossa natureza reações profundas e depois nos acalmasse.

A piscina de água nos lembra que a lua governa as marés um efeito da gravidade. As marés subindo e descendo, juntamente à mudança da lua nova para a crescente e da cheia para minguante até a lua mais escura, nos diz que a carta da Lua simboliza ciclos.

(…) a Lua pode indicar uma passagem dificil na vida de alguém, quando poderosas emoções ou medos são despertados. Os significados tradicionais também incluem meias verdades e enganos, e não devemos ignorar essa possibilidade, especialmente quando outras cartas a suportam. De forma positiva, podemos ver a Lua como sonhos, intuição e desenvolvimento mediúnico.”

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág.257-263.

Vontade e conjuração

“Essas palavras poderosas são canções e emissões articuladas de vontade. Sejam animadas ou não por ideias concretas, tais palavras são tanto mais poderosas quanto maior for o magnetismo de que foram saturadas por outros operadores e quanto mais seus sons correspondam às ideias que queremos despertar.

Os salmos dos hebreus são mágicos. Mas em hebraico eles têm mais poder do que em latim (…) Mais poderosos que os salmos, no entanto, são as imprecações, exorcismos e feitiços de magia egípcia e caldeia, pois, ao serem pronuncia- dos ou cantados, despertam não só as ideias das gerações anteriores na zona astral; também os espíritos dos praticantes que, durante mais de cinquenta séculos, repetiram-nos mecanicamente são envolvidos na tentativa de dar-lhes força.

É por isso que esses feitiços são confiados apenas aos que os merecem, porque são forças por si mesmas já ativamente vitalizadas, a tal ponto que seus efeitos são rápidos e precisos (…)

 Certas palavras, que não repetimos em vão, são patrimônio de homens muito excepcionais e terão sua eficácia comprometida se forem usadas em excesso, pois tais palavras foram aprendidas diretamente do céu de Ea, e cada uma delas contém, de forma sintética, um ato embrionário de criação. Ai daqueles que não pronunciam as palavras no tempo devido, permitindo que o germe vital da criação seja abortado!

As invocações dos rituais e grimórios convencionais são quase inúteis. Os feitiços não são falados quando as pessoas podem ouvi-los com os ouvidos do corpo físico, mas são disparados como muitas flechas, a distância ou à queima roupa, no corpo mental das coisas ou dos seres que são evocados.

Em magia, não falar significa também não dizer palavras inúteis.

Quando fala, o mago deve operar.

Quando você fala, você cura, consola, salva ou mata.

O mistério das palavras e sons na magia é profundo.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.241-242.

Terceira Parte

O Catecismo dos primeiros Estágios da Magia

Aforismos

1º Aforismo

Uno é o mundo, uno é o homem e uno é o ovo. O mundo, o homem e o ovo dão três. Em cada um, vemos três, no mundo, no homem e no ovo, encontramos três vezes três.

Se quiseres aprender o segredo do ovo, pega três. Se quiseres entender o mistério do homem, eleva-te a seis.

Se quiseres a intuição do grande arcano do mundo, sobe a nove. Inspira e expira três vezes para conheceres o segredo do ovo.

Seis vezes para o mistério do homem, nove vezes para o arcano do mundo.

Então Ea (Jeová) criou primeiro o mundo, depois o homem, depois o ovo e ao último entregou o segredo tanto do homem quanto do mundo.

Assim, meu filho, o primeiro aforismo das coisas sagradas e ocultas está no número 369. Sem luz, sem ruído, sem qualquer pensamento que não seja um anseio por Ea, enterra-te vivo em uma caverna onde não entre luz terrestre, com os ouvidos tampados com cera de abelha e la de cordeiro, e lá inspira e expira 369 vezes até veres o Mundo no Ovo de Ea.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.203.

Terceira Parte

Os Aforismos

Passado mais ou menos misterioso

(…) vale notar que esse desejo de um passado mais ou menos misterioso e iniciático é bastante compatível com a sociedade da época. Não se deve acreditar que, de um lado, estivessem os filósofos, arautos da razão, e, de outro, franco-maçons e outros iniciados se reunissem em segredo, ao abrigo da condenação do poder e da Igreja. Na verdade, as vésperas da Revolução, 48 grandes senhores franceses eram franco-maçons, entre os quais o duque de Orleans, o duque de La Rochefoucauld e La Fayette. Cagliostro era muito admirado por Luis XVI antes de se comprometer. A prestigiada Loge des Neuf Soeurs [Loja das Nove Irmãs), da qual fazia parte Antoine Court de Gébelin, contava com hóspedes ilustres, como o astronomo Lalande, o pintor Greuze, o escultor Houdon, o naturalista Lacepède e Benjamin Franklin, que nela iniciou Voltaire, em 1778. Como bem dizia um autor que veremos mais adiante: “Quem não ousasse ver outra coisa além de infantilidades supersticiosas nas práticas do cristianismo, admiraria os malabarismos de Cagliostro: quem pretendesse não acreditar na existência de Deus, daria crédito à idade trimilenar do conde de Saint-Germain; e esse público, particularmente cético, lotava a loja de horóscopos de Etteilla”

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 147-148.

A misteriosa realidade do purgatório

“Qualquer um que vá passar uma temporada em um país costuma interessar-se em ler previamente informações sobre o mesmo. Como é possível, pois, que tantos católicos mostrem tão pouco interesse em conhecer a misteriosa realidade do purgatório, estado pelo qual provavelmente passarão muitos, antes de gozar plenamente de Deus no céu?

Santa Catarina de Gênova. Tratado do Purgatório, Ed. Santa Cruz, 2019, Local: 240.

Introdução

Mas, se crê no purgatório?

Temos tudo-só nos falta o essencial

“Aparentemente, temos tudo; só nos falta o essencial, a saber, o mundo. O mundo perdeu sua alma e sua fala, se tornou desprovido de qualquer som. O alarido da comunicação sufoca o silêncio. A proliferação e massificação das coisas expulsa o vazio. As coisas superpovoam céu e terra. Esse universo-mercadoria não é mais apropriado para se morar. Ele perdeu toda relação para com o divino, para com o sagrado, com o mistério, com o infinito, com o supremo, com o elevado. Perdemos toda capacidade de admiração. Vivemos numa loja mercantil transparente, onde nós próprios, enquanto clientes transparentes, somos supervisionados e governados.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 1048.

Anexos: Tempo de celebração-a festa numa época sem celebração

Filho do Homem

Mas Valentino não usa essa expressão em seu sentido contemporâneo, referindo-se à humanidade em termos coletivos. Em vez disso, ele e seus seguidores pensavam em Anthropos (aqui traduzido como “humanidade”) como a natureza subjacente dessa entidade coletiva, o arquétipo, ou a essência espiritual do ser humano. Nesse sentido, alguns dos seguidores de Valentino, “aqueles (…) considerados mais talentosos” que os demais, concordavam com o professor Colorbasus, que disse que quando Deus se revelou, Ele revelou-se na forma do Anthropos. No entanto, outros, relata Irineu, asseveraram que

o pai primal de todos, o começo primal e o inescrutável primal é chamado Anthropos (…) e isso é o grande e obscuro mistério, ou seja, o poder que está acima de todos os outros e os envolve em seu abraço é chamado Anthropos. *(Ibid., 1.12.3)

Por essa razão, diziam os gnósticos, o Salvador denominava- se “Filho do Homem” (isto é, Filho do Anthropo).

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 139.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Emissários Divinos

“Em um universo inescrutável, lidar com uma vida de mistérios não solucionados e insolúveis criado pela onipotência de Deus a partir da essência onisciente de Sua onipresença seria, na verdade, um desafio avassalador para meros mortais, não fosse pelos emissários divinos que vêm à Terra falar com a voz e a autoridade de Deus, para orientação do homem.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 03.

Realização Superconsciente

“As palavras possuem eficácia dinâmica quando estão carregadas com a realização superconsciente. Tentar vender um objeto, uma ideia ou uma crença em que o promotor de vendas não acredita plenamente significa apenas pronunciar palavras que, por mais inteligentes que sejam, carecerão do brilho e do selo vibratório da convicção.

(…)

Ele não pregava como os escribas, com palavras vazias. Quando falava, suas palavras estavam repletas do Verbo, a Energia Cósmica, de Deus. Sua doutrina estava impregnada da convicção da experiência, oriunda de sua estatura crística e da Consciência Cósmica, vibrando com a autoridade da sabedoria divina.

Não é suficiente memorizar as palavras das escrituras ou receber um grau de Doutor em Teologia. É preciso digerir a verdade e então pregar com o poder e a convicção da alma.

A percepção direta da verdade proporciona experiência intuitiva, bem como visão e entendimento verdadeiros. Tal sabedoria confere poder; é a energia que aciona a Fábrica Cósmica, gerando o controle sobre todas as coisas. Esse poder proclama a autoridade absoluta da verdade infalível. Jesus não falava com fanatismo ou de modo mecânico como os escribas, mas com a autoridade de sua própria experiência de Deus e com o conhecimento de todos os mistérios divinos.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 432-433.

Capítulo 23: Pescadores de Homens.