A Criação de Filhos Vale a Pena

“(…) ofereço a você este conselho reconfortante, que me foi dado pela minha filha: ninguém é perfeito – para que se lembre que tudo que vale a pena, vale a pena fazer de modo menos do que perfeito. E a criação de filhos, evidentemente, vale muito a pena, embora por vezes seja inevitável que o façamos de modo menos que perfeito. Se nos castigarmos sempre que não formos pais perfeitos, nossos filhos sofrerão por causa disso.

(…) o inferno é ter filhos e pensar que existe tal coisa como um “bom pai ou “boa mãe.

Se toda vez que somos menos do que perfeitos nos culparmos e nos atacarmos, nossos filhos não se beneficiarão disso. Assim o objetivo que proponho não é sermos um pai ou mãe perfeitos, mas tornarmo-nos progressivamente menos ignorantes. (…)”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 51.

Uso Protetivo de Força

“Um modo de lembrar o propósito do uso protetivo de força é ver a diferença entre controlar a criança e controlar o ambiente. Ao punir estamos tentando controlar a criança fazendo com que ela se sinta mal pelo que fez, a fim de suscitar dentro dela vergonha, culpa ou medo.

No uso protetivo de força, nossa intenção não é controlar a criança; é controlar o ambiente. O objetivo é proteger nossas necessidades até que haja tempo de fazer o que realmente é necessário: ter uma comunicação de qualidade com a outra pessoa. E mais ou menos colocar telas nas janelas para nos protegermos dos mosquitos. É um uso protetivo de força. Controlamos o ambiente para evitar que coisas desagradáveis aconteçam.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 47.

Ideia Central da Punição

“No uso punitivo de força, quem a utiliza formou um julgamento moralista sobre a outra pessoa, um julgamento que imputa àquela pessoa algum erro que merece punição. A pessoa merece sofrer pelo que fez. Essa é a ideia central da punição. Disso deriva a noção de que os seres humanos são fundamentalmente criaturas pecaminosas e más, e que o processo corretivo lhes fará arrepender-se. Seria preciso ver quão horríveis são por terem feito o que fizeram. E o modo de levá-los ao arrependimento é aplicando algum castigo que os faça sofrer. (…)

A maneira de pensar que leva ao uso protetivo de força é radicalmente diferente. (…) Nossa consciência está totalmente focada em nossas necessidades. Estamos atentos para as necessidades que estão em risco. Mas de maneira alguma imputamos maldade ou erro à criança.

(…) E tal mentalidade está muito relacionada à segunda diferença – a intenção. No uso punitivo de força, a intenção é criar dor e sofrimento na outra pessoa, fazê-la lamentar ter feito o que fez. No uso protetivo de força, a intenção é apenas proteger. 

(…) ” Se eu os vir indo para a rua, vou colocá-los no quintal onde não há perigo de serem atropelados” (…) Mas o principal é que nós, os pais, estejamos conscientes da diferença. ”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 45-46.

Crianças Tomando Decisões

“(…) Para mim foi emocionante ver como as crianças percebem isso rapidamente quando precisam tomar decisões. Percebem que nunca podemos realmente cuidar de nós mesmos sem mostrar igual preocupação pelas necessidades dos outros”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 42-43.

Ouvir o Outro

” (…) quando estamos numa situação assim, para nunca dar ao outro o poder de nos obrigar a sermos submissos ou rebeldes. (…) quando as pessoas falam comigo desse jeito, para eu tentar ouvir o que estão sentindo e precisando, sem levar para o lado pessoal. Somente tentar ouvir seus sentimentos e necessidades.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 38-39.

Escola Baseada na Comunicação Não Violenta

” (…) Portanto, uma de nossas tarefas como pais e mães é mostrar aos nossos filhos como preservar sua humanidade, mesmo quando estão sendo expostos a autoridades que usam algum tipo de coerção.

Um de meus dias mais felizes como pai foi o primeiro dia do meu filho mais velho na escola do bairro. (…) uma escola baseada nos princípios da Comunicação Não Violenta. Lá esperava-se que as pessoas fizessem as coisas não pelas punições e recompensas, mas por perceberem a importância de sua contribuição para o próprio bem-estar e o dos outros, as avaliações eram em termos de necessidades e pedidos, não julgamentos. (…)”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 37-38

Mostrar Qualidade e Respeito

“(…) é preciso, sim, mostrar às pessoas que temos a mesma qualidade de respeito por elas nas duas ocasiões: quando fazem o que queremos e quando não fazem o que lhes pedimos. (…) motivá-las a fazerem voluntariamente o que precisamos. Em alguns casos, quando o outro tem um comportamento que ameaça nossas necessidades ou a segurança, e não há tempo ou habilidade para se comunicar de modo adequado, é possível até recorrer à força. (…)”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 35.

Atendendo as Necessidades Através de Pedidos

“Veja, eu realmente gostaria que você fizesse isto, atenderia às minhas necessidades, mas se as suas necessidades estão em conflito com as minhas, quero ouvi-las, e então podemos pensar uma saída para que as necessidades de todos sejam atendidas”.

(…)

A cada vez eu parava, entrava em contato com minhas necessidades, tentava escutar as dele, e dizia: “Ok. Obrigado. Me ajudou. Era uma exigência e agora é um pedido”. E ele sentia a diferença na minha atitude. E nas três ocasiões ele fez o que eu pedi sem questionar.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 31.

Punição e Culpa ao Não Realizar as Tarefas

“As pessoas entendem solicitações como exigências se pensarem que serão punidas ou culpadas caso não fizerem a tarefa. Essa ideia tira toda a alegria de qualquer ato.

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 30.

Solução Para Atender as Necessidades de Todos

“De fato, ao me comunicar com meus filhos prefiro demorar e falar a partir da energia de minha escolha, ao invés de responder por hábito do modo que fui condicionado a fazer se algo não estiver em harmonia com meus valores. Infelizmente, recebemos do nosso entorno muito mais reforço positivo para agir de forma punitiva e julgadora do que de maneira respeitosa com nossos filhos.

(…) tentava compreender as necessidades dele e procurava entender minhas próprias necessidades para expressá-las de modo respeitoso.

(…) As pessoas muitas vezes confundem a comunicação da qual estou falando com permissividade. (…) A direção que defendo nasce de duas pessoas que confiam uma na outra, e não de uma pessoa que impõe sua autoridade à outra.

(…)Assim que uma pessoa ouve uma exigência, fica muito mais difícil chegar a uma solução que atenda às necessidades de todos.”

ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 26-27.