Estímulos Mediúnicos

“Não podemos olvidar que há fenômenos de clarividência e clariaudiência que partem da observação ativa dos instrumentos mediúnicos, identificando a existência de pessoas, paisagens e coisas exteriores a eles próprios, qual acontece na percepção terrestre vulgar, e existem aqueles que decorrem da sugestão que lhes é trazida pelo pensamento criador dos amigos desencarnados ou encarnados, estímulos esses que a mente de cada médium traduz segundo as possibilidades de que dispõe, favorecendo, por isso mesmo, as mais díspares interpretações.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, pp. 105-113.

 

Grupos Espirituais

“ Cada planeta revoluciona na órbita que ele é assinalada pelas leis do equilíbrio, sem ultrapassar as linhas de gravitação que lhe dizem respeito, e cada consciência envolve no grupo espiritual a cuja movimentação se subordina.

“somos, pois, vastíssimo conjunto de inteligências, sintonizadas no mesmo padrão vibratório de percepção, integrando um todo, constituído de alguns bilhões de seres, que formam por assim dizer a humanidade terrestre.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, pp. 11-18.

Superar a Ignorância

“Não obstante, todo fracasso em lidar com uma situação da vida deve traduzir-se, no final, como restrição à consciência. As guerras e as explosões emocionais são paliativos da ignorância; os arrependimentos, iluminações que vêm tarde demais. Todo o sentido do mito onipresente da passagem do herói reside no fato de servir essa passagem como padrão geral para homens e mulheres, onde quer que se encontrem ao longo da escala. Assim sendo, o mito é formulado nos mais amplos termos. Cabe ao indivíduo, tão somente, descobrir sua própria posição com referência a essa fórmula humana geral e então deixar que ela o ajude a ultrapassar as barreiras que lhe restringem os movimentos. (…)

No consultório do psicanalista moderno, os estágios da aventura do herói ainda vêm a lume nos sonhos e alucinações dos pacientes. Camada após camada de falta de autoconhecimento é penetrada, exercendo o analista o papel de auxiliar, de sacerdote iniciatório. (…)

O ponto nevrálgico da curiosa dificuldade reside no fato de que as nossas concepções conscientes a respeito de que a vida deve ser raramente correspondem àquilo que a vida de fato é”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 121.

Viagem Espacial

Diário Espiritual de 19 de fevereiro de 2019

Conforme descrevi antes, a estrutura das naves que se ocuparam com o êxodo de nossa raça era colossal. No centro de grande disco metálico, era possível ver imenso globo de matéria vítrica translúcida de resistência potencializada com a energia mental necessária para lhe fazer resistir a viagem espacial. Nesta grande estufa, um pequeno ecossistema eco sustentável abrigava cerca de 60 abrigos dispostos em círculo. No centro, os espaços de convivência tinham imensos jardins e pomares, água e espaços para educação de nossa mente e espírito. O imenso globo, que atenderia ao que na Terra os cientistas chamam de estufa, era cercado por um grande anel metálico com 5 pavimentos, onde se localizam as salas de controle da nave, a maquinaria necessária para sua propulsão e os motores. O centro da nave era, por assim dizer, VIVO, ao passo que sua moldura era mecânica. Havia contudo, uma energia mental que a permeava como à um só organismo vivo. Essa energia era a base de sua operação sutil. Na “psicosfera da nave”, os emissários de Sananda que nos escoltaram durante toda a viagem, podiam operar livremente, materializando reparos necessários ao bom desempenho de nosso equipamento de navegação ao longo das décadas de viagem.

Ao romper a atmosfera de nosso novo lar, as seis naves remanescentes de nossa frota assumiram caráter ainda mais extraordinário. Tal qual semente depositada em solo fértil, o anel metálico terraformava um leito para  a parte inferior da do grande globo central de cada nave, projetando energia magnética concentrada sobre o solo do planeta, que gentilmente se deixava esculpir em formato côncavo. Uma vez que a placa terrestre se moldava suavemente, nossas naves desciam ao solo, encaixando-se perfeitamente. Imensas raízes metálicas saíram dos anéis, penetrando o solo para concretizar a fundação da estrutura, convertida organicamente de nave em colônia.

As seis naves assim se estabeleceram como seis colônias, dispostas harmoniosamente em círculo. Da superfície dos anéis pavimento, canhões de organização molecular teciam arcos transparentes que formavam imensos túneis de conexão para cada colônia, utilizando a areia do próprio planeta como matéria prima. Os organizadores moleculares eram ligados a imensos dutos que extraiam suavemente a matéria da superfície e, através de um processo de reorganização atômico-molecular, eram capazes de tecer qualquer estrutura.

O imenso duto tinha aspecto transparente e circulava as seis naves. Em uma semana, todas as colônias estavam conectadas pelo anel tubular de matéria vítrica.

Percepção Energética

Diário Espiritual de 14 de fevereiro de 2019

Percepção energética da Shellyana seguida de incrível percepção da acoplagem de um aparelho em meu ouvido esquerdo, antes da narrativa começar.

[…]

Em meio aquele ambiente de instabilidades agressivas que davam conta do iminente colapso nosso planeta, adentramos o ambiente das naves, cujas proporções eram realmente colossais. Eram ao todo 8 grupos em cada transporte, com aproximadamente 200 pessoas cada. Enquanto os oficiais do agrupamento se dirigiam às salas de operação, mães aflitas socorriam seus filhos assustados, buscando dentro de si a força e a certeza de que nosso plano de escape era respaldado por amigos ocultos capazes nos abraçar e proteger, mesmo invisíveis aos nossos olhos.

Das entranhas de Zephyr, o magma abrasante era expelido violentamente até a superfície do planeta tão desprezado por nosso orgulho. Vimos nossa terra martirizada pelas inconsequências da ganância cega, que por milênios provocou em nossa ciência sem alma sua máxima potência. Nossa sociedade caminhava a passos largos na vanguarda de todos os avanços, sem que percebêssemos que o caminho que estávamos trilhando nos levaria fatalmente ao abismo de nossa ruína.

Ouvimos o início de um zunido oco e surdo. Lembro-me dos sentimentos que meu tutor me transmitira com um único olhar, num misto confuso de alívio e apreensão. A nave estava operacional e sua estrutura de navegação começava a funcionar. Sentimos o momento em que ela rompera a gravidade do planeta e passara a operar segundo seu próprio campo gravitacional.

Do amplo saguão onde a maioria de nós ainda se achava reunida, pudemos ver, através de amplas paredes do vídro metálico que a compunha, a saga da capital de nosso antigo país, agora desmantelado pelo caos.

Das janelas de nossa nave, que agora rumava aos cumes da atmosfera, nosso pequeno grupo de exilados assistia com profunda dor ao espetáculo dramático que se apresentava diante de nós. Dos oceanos de pura podridão evaporaram gases tóxicos que rapidamente dizimavam a vida orgânica sobre o solo. As placas tectônicas, desestabilizadas pela extração inconsequente e desenfreada da seiva mineral gasosa que corria no ventre de nosso orbe, agora pareciam despedaçar-se, fazendo com que cidades inteiras fossem tragadas para as profundezas de nosso arrependimento tardio. Tempestades eletromagnéticas castigavam os poucos fragmentos do continente que ainda resistiam, até que gigantescas ondas de morte invadissem os últimos refúgios de nosso povo.

Nosso grupo, reservado à parte de toda a tragédia dos atos de nossa civilização, não escapou ileso ao dia de nosso juízo. Aqueles dentre nós que eram dotados de maior sensibilidade viveram o choque de um transe compulsivo ao entrarem em contato com a psicosfera do desencarne coletivo de nossa raça. Transportados seguramente pelos Emissários a planos de existência ainda pouco compreendidos por nossa irmandade, assistiram a imensas e inumeráveis naves que no plano espiritual recebiam os espíritos de 15 bilhões de desencarnados que agora seriam encaminhados para outras esferas de existência, ajustadas à singularidade de suas necessidades evolutivas.

A saudade e a dor que nossa irmandade sentia se misturavam à uma esperança indizível e latente em nós, baseada na confiança que tínhamos nos mesmos emissários que orientaram, a partir de seus planos de existência, o nosso êxodo. Se não tivéssemos dado ouvidos aquela voz que nitidamente clamava em nossas mentes, apontando um caminho ousado, não estaríamos agora em relativa segurança a caminho de Órion. Nos sentimos pequenos diante da grandeza deste episódio. Que fizemos para merecer tal orientação? Por que fomos extraídos das entranhas de nossa raça, qual sementes pequeninas de imenso fruto já em estado de decomposição? Seríamos nós, germes capazes de garantir a continuidade da vida orgânica de nossa espécie, sendo transportadas para um mundo que pudesse abrigar nossos ideais de fraternidade e espiritualidade como eixos centrais da filosofia e da ciência e nosso povo? Seríamos nós, as sementes da regeneração?