O Depoimento da Mulher

“E uma certa mulher chamada Verônica, gritando de longe, disse: Eu tive um problema de sangue e toquei a barra de sua roupa, e o fluxo do meu sangue foi mantido por doze anos. Os judeus dizem: Temos uma lei que a mulher não deve prestar depoimento.”

Nascimento, Peterson do. O Evangelho Segundo Nicodemos (Coleção Apócrifos do Cristianismo Livro XI) – Versão Kindle, Posição 328.

Técnicas Investigativas Aplicadas ao Sudário

“Além disso, as imagens corpo-apenas estão presentes somente na superfície externa das fibras do Sudário, com uma penetração de apenas duas ou três fibrilas. A escuridão da imagem do corpo parece ser determinada pelo número de fibrilas em uma unidade de área; quanto mais fibrilas, mais escura ela é.

ESTUDOS FÍSICOS E QUÍMICOS

Numerosas técnicas de investigações físicas e químicas têm sido aplicadas ao Sudário nos últimos 26 anos, começando em 1978, logo após o exame do Sudário feito pelos membros do Projeto de Pesquisa do Sadino de Turim (STURP). Os integrantes do STURP testaram todos os pigmentos e técnicas que se sabe terem sido usados antes de 1532, aquecendo-os no linho acima da temperatura de carbonização. Essas técnicas de investigações físicas e químicas incluíram microscopia (de luz, de polarização, de fase, fluorescente, estéreo, petrográfica, de varredura, eletrônica); análise imunoquímica; análise química enzimática: análise de sorologia; análise têxtil; testes microquímicos; espectroscopia Raman a laser com microssonda; espectroscopia de massa; espectroscopia ótica e de infravermelho; análise de raios X por energia dispersiva, difração de raios X; espectroscopia FTIR (Espectroscopia no Infravermelho Transformada de Fourier); análise com microssonda eletrônica; análise de imagem com computador VP-8; estudos com computador; espectrometria de pirólise de massa e outros. Em 1981, o STURP publicou um relatório final com algumas das seguintes conclusões oficiais:

1) Não havia pigmentos, pinturas, corantes ou manchas nas fibrilas.

2) Testes de imagem por meio de raios X, fluorescência e microquímica nas fibrilas concluíram que a imagem não poderia ter sido pintada.

3) O realce de imagem por computador mostrou que informações tridimensionais estão codificadas na imagem.

4) A avaliação microquímica indicou que não havia condimentos ou óleos, nem agentes bioquímicos produzidos pelo corpo em vida ou após a morte.

5) Houve um contato direto do corpo com o Sudário que explica as marcas de açoite e o sangue.

6) Os melhores esforços do STURP foram incapazes de providenciar uma explicação adequada para a imagem, que fosse cientificamente satisfatória sob os pontos de vista físico, químico, biológico e médica.

7) Experiências físicas e químicas com linho antigo fracassaram em reproduzir adequadamente o fenômeno criado Sudário.

8) O consenso científico é de que a imagem foi produzida por algo que resultou em oxidação, desidratação e conjugação da estrutura dos polissacarídeos das micro fibrilas do próprio linho.

9) Embora mudanças similares possam ocorrer com o ácido sulfúrico ou o calor, não existem métodos físicos conhecidos que possam ser responsáveis pela totalidade da imagem.

10) A resposta para a questão de como a imagem foi produzida ou o que a produziu é um mistério.

11) A imagem do Sudário é a de um ser humano real, um homem que foi açoitado e crucificado, e não o produto de um artista.

12) As manchas de sangue no Sudário são compostas de hemoglobina e obteve-se resultado positivo quanto à presença de soroalbumina.

Em 1984, um exame completo das várias manchas e imagens no Sudário foi publicado em Archaeological Chemistry III, por Jumper, Adler, Jackson, Pellicori, Heller e Druzik, em que relataram o seguinte:

1) As fibrilas nas áreas de imagem corpo-apenas foram determinadas como sendo amarelas. Essa imagem é visível somente porque as fibrilas superficiais são mais amareladas do que nas áreas de não imagem.

2) A causa da cor amarelada na área da imagem corpo-apenas é compatível com o efeito de envelhecimento devido à alteração das micro fibrilas da estrutura de celulose do linho causada por oxidação, desidratação e a conjugação de uma longa cadeia de moléculas de açúcar que as micro fibrilas. O cromóforo (grupo químico responsável pela cor) parece conter algum tipo de grupo carbonílico conjugado. Quando o linho envelhece, ele vai se tornando amarelado a uma taxa baixa em razão da decomposição. causou um envelhecimento acelerado ou um efeito de decomposição avançada na imagem corpo-apenas se esta for comparada com as áreas de não-imagem que a circundam. As áreas mais coloridas da imagem corpo-apenas apenas refletem a presença de mais fibras por área de superfície.

3) Experiências realizadas por Pellicori para acelerar o envelhecimento processo de decomposição por meio de aquecimento controlado, com ou sem a aplicação de substâncias como suor, azeite de oliva, etc. linhos resultaram na reprodução da mesma coloração amarelada e características espectrais iguais às observadas no Sudário. A aplicação de calor aparentemente acelera o processo de decomposição. Em outras palavras, o que poderia ter normalmente se desenvolvido durante um período relativamente longo é acelerado pelo calor em uma questão de horas.

4) A cor das fibrilas foi sujeita a restes de solubilidade com toda a gama de solventes orgânicos e foi descoberto que essa cor não pode ser extraída. Fortes ácidos ou bases não afetaram a cor.

5) Como a maior parte dos corantes orgânicos é afetada pelas altas temperaturas, se um corante orgânico criou a imagem, deveria haver alguma mudança nas cores das bordas das marcas de queimadura, resultantes do incêndio de Chambéry.

6) As áreas da imagem corpo-apenas não fluorescem sob luz ultravioleta, mas as áreas de queimadura sim, na parte das fibras escuras. Isso foi determinado devido à formação de produtos es de pirólise com combustão em uma atmosfera de oxigênio reduzida. Rogers acredita que a razão por que não vemos fluorescência nas áreas de imagem se deva ao fato de a cor da imagem agir como um filtro ótico e absorver muito fortemente na luz ultravioleta.

7) Testes microquímicos, espectroscopia com sonda Raman a laser e espectroscopia de massa falharam em revelar evidencia de materiais adicionados nas fibrilas da imagem corpo-apenas.

8) Não existe evidência de qualquer aderência entre as fibrilas das áreas de imagem corpo-apenas. Além disso, os testes para proteína nas fibrilas dessas áreas resultaram negativos, abaixo de um milésimo de miligrama, utilizando-se testes de sensibilidade, incluindo o método de fluorescamina, digestão de proteases e o teste de negro de amido. O teste de negro de amido, contudo, se usado isoladamente e sem controle como McCrone fez, pode levar a resultados enganosos, porque pode macular celulose oxidada.

9) As imagens de sangue eram claramente sangue e provavelmente de origem humana, não havendo a presença de nada mais que pudesse ser suspeito. Não havia evidência de realce artístico de uma imagem de sangue preexistente ou de que as imagens de sangue foram pintadas.

10) Nas áreas de imagem relativas ao sangue, as fibrilas parecem estar aderidas. O teste para proteína resultou positivo para essas fibrilas. Isso também foi reportado por Schwalbe e Rogers e por Pellicori. Este último também notou que havia uma cobertura das fibras e variação de cor. Levando tudo em consideração, a cor nas áreas de sangue mostra-se diferente daquela na área da imagem corpo apenas.

11) Testes de mancha microquímicos com iodo indicaram a presença de algumas frações de goma nas fibras do Sudário.

12) Outras descobertas estão listadas a seguir, na Hipótese de McCrone Sobre Pintura com Óxido de Ferro.

13)Em conclusão, esses pesquisadores indicam que eles não têm uma explicação simples e satisfatória para como a imagem se formou na vestimenta, e acharam altamente improvável que ela tenha sido artisticamente produzida.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 303-308.

A Polêmica do Carbono 14

“A ciência é construída de fatos, assim como uma casa é construída com pedras. Mas uma coleção de fatos não é ciência, da mesma forma que um amontoado de pedras não é uma casa. (Jules Henry Poncairé)

O método possui limitações, pois à radiação cósmica e variações solares, além da questão da contaminação, podem causar problemas para a datação precisa do tecido.

O teste de datação por carbono 14 (radio carbono) foi descrito pela primeira vez em 1947, pelo ganhador do Prêmio Nobel Willard F. Libby (…) A teoria por trás da datação por carbono 14 é a seguinte: o carbono 14 é formado na atmosfera terrestre pela interação entre nêutrons e o nitrogênio 14. Esses nêutrons são produzidos por uma interação de raios cósmicos com o nitrogênio presente nas camadas mais altas da atmosfera da Terra. O carbono 14, então, é oxidado e se transforma em dióxido, e, juntamente com o carbono 12 e o carbono 13, é distribuído na atmosfera, oceanos, lagos, etc. O carbono 14 é mais pesado que o carbono normal e começa a se decompor imediatamente depois que é formado. Sob condições teóricas ideais, essa decomposição em forma de radiatividade ocorre num ritmo exponencialmente uniforme e exato. O ritmo de decomposição é dado em termos de meia-vida (5.730 anos). Depois, desse período de tempo, ele continua a perder metade dos 5.730 anos restantes e pode ser usado para datar material que tenha vivido até há não mais de 50 mil anos e há não menos de 500 anos.

O método original de datação baseia-se no fato de que as plantas absorvem o dióxido de carbono 14 junto com dióxido de carbono não-radiativo e, quando os animais comem as plantas, o carbono 14 é incorporado aos seus tecidos. Quando um organismo morre, ele imediatamente deixa de absorver carbono 14 e começa a perder o carbono radiativo no ritmo mencionado.

(…)

Um segundo problema, a contaminação, é importante porque amostras contaminadas com o carbono moderno podem fazer com que certos materiais pareçam ser centenas ou milhares de anos mais novos do que realmente são.

(…)

Um dos cientistas que estabeleceu a datação por carbono declarou “Nós provamos que o Sudário é falso. Qualquer um que discorde de nós deveria passar a pertencer à Sociedade da Terra Plana”.

Como resultado dessas muitos cientistas abandonaram as pesquisas relativas ao Sudário. Para muitos, a datação por carbono 14 era o “padrão-ouro”, o teste definitivo, a suprema-corte da ciência.

(…)

1) Estudos extensivos não revelaram evidência de artifício humano (pintura com tintas orgânicas ou inorgânicas, tingimentos, manchas ou pigmentos de qualquer tipo). A imagem do Sudário não for pintada utilizando-se qualquer tipo de pigmento ou instrumento conhecido.

2) Não houve substância colando ou ligando as fibras. Isto significa que não havia tintas ou outros agentes que as estivessem mantendo unidas.

(…)

5) Nenhum tipo de pigmento sulfuroso utilizado na Antiguidade incluindo cinábrio (sulfeto de mercúrio ou vermelhão), trissulfeto de arsênico (pigmento dourado, conhecido como “ouro mosaico” ou bissulfeto de arsênico (pigmento alaranjado)-foi encontrado no Sudário.

(…)

7) Exames forenses da imagem feitos por Heller e Adler mostraram que ela era compatível à de um homem que fora crucificado, em rigor mortis, apresentando múltiplos ferimentos, circundados por halos microscópicos cuja análise revelou serem marcas de soro albumina (o soro sanguíneo, ou plasma). Isto foi confirmado em testes realizados com metilfenol, fluorescamina e outros testes enzimáticos. Halos de soro albumina eram desconhecidos na Idade Média. Estes halos são percebidos ao redor das marcas da flagelação. eram difíceis de serem vistos sob luz normal, mas se revelaram. vividamente em fotos realizadas com luz ultravioleta. Os halos eram muito pequenos e seria necessário um microscópio para vê-los e uma instrumentação microscópica especial para que eles fossem pintados ao redor de cada um dos ferimentos; uma tarefa gigantesca se fosse realizada em tempos modernos e simplesmente impossível nos tempos medievais.

8) Uma codificação da informação tridimensional estava presente na imagem feita com um analisador de imagens VP-8, o que não acontece em fotos e pinturas, que mostraram distorções com o achatamento do relevo, incluindo os braços dentro do peito e o nariz afundado no rosto.

9) Há uma relação com a distância do tecido para o corpo.

10) (…)as fibras estavam coloridas externamente, mas não havia coloração em seu interior. Seria quase impossível aplicar tintas, pigmentos, corantes etc. apenas na parte externa e, circunferencialmente, ao redor de duas ou três fibras; isto teria de ser feito sob as lentes de um microscópio e com instrumentos especiais.

(…)

12) O Sudário apresenta características de claro e escuro semelhantes a uma imagem fotográfica em negativo. A fotografia não era conhecida nos tempos medievais. Esta inversão entre os tons claros e escuros não é vista em obras artísticas de períodos anteriores ao advento da fotografia.

13) A presença de sangue foi detectada em várias áreas do Sudário c confirmada por sangue legalmente aceitáveis em tribunais de justiça, incluindo Heller e Adler, por meio de diversos testes de varredura microespectrofotométrica de cristais e fibras, testes de cianometemoglobina e de hemocromógenos, varredura de reflexão, testes positivos para pigmentos de bile e fluorescência de hemoporfirina.

14) A utilização de enzimas para digerir o sangue revelou que não existe nenhuma imagem subjacente nas áreas em que o sangue está presente (onde se formaram padrões condizentes com vários ferimentos e sangramentos), comprovando que o sangue estava presente antes da formação da imagem.

15) O Sudário contém tipos de pólen de 38 plantas da Palestina e áreas adjacentes, identificados por botânicos e palinologistas especializados em vegetação da Terra Santa.

(…)

17) A precisão da informação médica sobre os ferimentos, a presença de rigor mortis, padrão de fluxo de sangue, sangue com halos de soro albumina etc. sugerem autenticidade.

18) Evidencias têxteis-inclusive as apresentadas por John Tyrer, um respeitado técnico da Faculdade de Tecnologia e do Instituto Têxtil de Manchester – sustentam que o padrão da tecelagem seja do século I (…).

(…)

21) A presença de um carbonato de cálcio especifico conhecido como aragonita travertina, encontrada nos resíduos da área ensanguentada do pé no Sudário foi notada pelo dr. Joseph Kohlbeck, um químico e especialista em cristalografia óptica. O dr. Ricardo Levi-Setti, do Instituto Enrico Fermi da Universidade de Chicago, comparou à “sujeira” do Sudário com amostras colhidas em Jerusalém, utilizando um microscópio de escaneamento de íons, de alta resolução, e constatou uma grande semelhança.

(…)

23) A datação por carbono 14 não é um teste infalível e frequentemente produz resultados enganosos, com margens de erro que chegam a milhares de anos, devido à utilização de amostres anômalas, não adequadas para o processo de datação.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 387-405.

Os Ferimentos Produzidos Pelo Açoite

“(…)Porém, se o corpo fosse lavado, o sangue reco ao redor dos ferimentos seria removido, provocando o vazamento de material sanguinolento. Isso resultaria na produção de boas impressões das feridas. Para poder testar essa hipótese, linho e toalhas de papel usados em autópsias foram gentilmente postos (mas não pressionados) nos ferimentos de vítimas que resistiram por algumas horas antes de sucumbirem ao acidente. Praticamente não foram produzidas impressões. Isso foi repetido depois que os ferimentos foram levemente enxaguados com água. Somente impressões indistintas de sangue foram feitas. Os ferimentos foram então lavados brevemente e o procedimento foi repetido. Dessa vez, as impressões ficaram razoavelmente boas (…) Qualquer coisa que fluísse depois da lavagem era considerada sangue impuro, e eles não lavavam novamente. Um rabino também me informou que, no caso de Jesus, com o Shabat e a Páscoa se aproximando, a lavagem teria que ser rápida.

(…)

O Evangelho Perdido Segundo Pedro (seção 6)- uma evidência controversa, não aceita pelos estudiosos- é citado aqui porque contém uma declaração definitiva referente ao fato de que Jesus foi lavado antes de ser colocado no Sudário: “E eles pegaram o Senhor e O lavaram e O enrolaram em lençóis de linho, e o levaram à Sua rumba, que era chamada Jardim de José.”

(…)

O ato de lavar, então teria causado o vazamento de sangue de causa um dos ferimentos, criando assim as impressões encontradas no Sudário. O sangue desses ferimentos não teria sido lavado, porque teria sido considerado impuro. Essa situação está de acordo com as ordenanças da lei judaica, justifica os ferimentos bem definidos encontrados no Sudário de Turim e provê uma explicação satisfatória aos patologistas forenses.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 281-289.

Estudos Sobre o Sangue

“Estudos científicos das “áreas manchadas de sangue” foram conduzidos pela primeira vez em 1973, por um grupo especial de experts, a Comissão de Turim. (…) é importante saber que as imagens de sangue permeiam a espessura total do Sudário, o que não ocorre com a imagem do corpo, e tais imagens só estão presentes na superfície das fibras externas. (…) Até 1980, porém, não houve nenhuma confirmação, química morfológica, de que essas áreas seriam sangue. Uma questão que sempre se formula é: por que as áreas de sangue apresentam a cor rubra, como a de sangue fresco, e não um vermelho amarronzado, de sangue velho? De acordo com Raes, saponária, que era utilizada para preservar as roupas e foi identificada no Sudário, preserva também a cor do sangue.

Em 1980, porém, os drs. Alan Adler e John Heller, usando um espectroscópio e testes microquímicos, descobriram e reportaram a presença de sangue nas fibrilas de linho utilizando amostras retiradas das áreas de ferimento do Sudário por meio de fita adesiva. Como os testes de sangue usuais podem resultar em falsos positivos que podem até incluir sais de ferro e dar falsas reações negativas, em que existe pouca solubilidade quando se usam amostras envelhecidas, eles escolheram um teste mais específico, que poderia converter o grupo hemático suspeito a uma porfirina que permitiria uma fluorescência Soret característica. O teste exibiu reação positiva para sangue. Além disso, testes imunológicos demonstraram que o sangue é de origem primata.

O Dr. Baima Bollone, junto com os Drs. Jorio e Massaro, reportou em 1981 que o sangue era de origem humana, usando uma técnica de anticorpo fluorescente. O grupo relatou que foi determinado, com sucesso, o grupo sanguíneo, que era do tipo AB.

Uma observação de grande importância, reportada em1984 por Jumper et al. em Archaeological Chemistry, é a ausência de imagens do corpo nas imagens dos ferimentos, sugerindo que as imagens de sangue estavam presentes na vestimenta antes que a imagem do corpo tenha sido colocada, aparecido ou, talvez, se desenvolvido. (…) que a cor da imagem nos pulsos e mãos é bastante densa, que não havia imagem sob o “fluxo de soro”, e que a soma das evidências parece apoiar a posição de que o sangue impediu a formação de imagem. O dr. Adler também mostrou que cada ferimento apresenta anéis de retração de soro que podem ser vistos sob raio ultravioleta, confirmando a presença de exsudatos coagulados. 

Dr. Adler declarou, “Simplesmente não se pode dizer que as imagens de sangue foram pintadas Seria preciso um grande suprimento de exsudatos frescos de coágulos de um ser humano traumaticamente ferido para pintar tudo de uma maneira correta do ponto de vista forense. Ele teria, ainda, que pintar um anel de contração de soro em cada ferimento. A lógica sugere que um falsário ou artesão daquela época não saberia como fazer isso, aliás, nem saberia que seria preciso faze-la.”

É igualmente importante notar que as marcas de açoitamento foram feitas várias horas antes de a vítima ser removida da cruz, de forma que crostas de coágulos se teriam formado nas feridas, tornando difícil entender como 25 marcas de açoitamento poderiam ter deixado impressões tão precisas. Todo patologista forense que eu consultei concordou em que os ferimentos teriam causado grandes sangramentos e que o corpo teria que ter sido lavado, para estar de acordo com a precisão dos ferimentos no Sudário. (…) O dr. Rogers apoiou a teoria de que o corpo foi lavado, pois revelou que não acredita que houvesse evidência química de suor na roupa o tempo em que o homem do Sudário permaneceu envolto nele. Ele argumenta que resíduos de esqualene e outros elementos químicos que compõem o suor- os quais teriam sido transportados para a vestimenta por meio dos efeitos da tensão de superfície na fase liquida-estão ausentes do Sudário.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 273-279.

Descrição do Sudário – Médico Legista

“O Sudário de Turim (Sindone, italiano ou Linceul, em francês) é um lençol de linho longo e desigual que exibe uma desconcertante imagem, frente e costas, de um indivíduo crucificado, a qual se acredita ser a de Jesus (Figura 12-1)

Figura: 12-1

Sudário de Turim (a) Frente, (b) Verso. O sudário como se fosse visto por meio de um negativo fotográfico. (Cortesia Barrie Schwortz).”

Shroud.com

As imagens da frente e das costas estão presentes porque o individuo crucificado foi deitado na extremidade de um longo e desigual lençol de linho que foi estendido no chão. A extremidade oposta do Sudário, então, foi passada por cima de sua cabeça, cobrindo o rosto e a parte da frente do corpo, como mostrado na pintura de G. Clovio, que foi reproduzida por G. B. della Rovere e agora está exposta na Galeria Sabauda (Figura 12-2).

Figura: 12-2

(…)

Pregado a todo o verso do Sudário encontra-se um revestimento de linho conhecido como Vestimenta Holandesa, que foi meticulosamente cerzido pelas freiras Pobres Claras depois do incêndio de 1532, em Chambéry, para dar suporte ao Sudário danificado.

O corpo no Sudário está nu e o homem é barbado e tem cabelo longo, com uma imagem nas costas que lembra um rabo (Figura 12-4).

Figura 12-4

Sudário de Turim, parte traseira, mostrando a parte de trás da cabeça. A visão do Sudário como você s observaria. Existem mais de 100 marcas de açoitamento, a maioria em formato de haltere. O padrão sugere fato de os soldados terem mudado de posição da o açoitamento. Filetes de sangue da coroa de espinhos são vividamente percebidos. (Cortesia de Barrie Schwortz.)

Na visão frontal, a área da testa mostra uma marca em forma de um “3” reverso no centro, com outros pequenos rastros no lado direito e esquerdo da testa e no cabelo, todos representando o sangramento causado pela coroa de espinhos (Figura 12-5).

Estudos feitos por Adler indicaram que a cor vermelha vista na microscopia é compatível com alguém que foi vítima de um trauma grave, devido aos produtos provenientes da decomposição dos glóbulos vermelhos, a saber, bilirrubina. (…) Sob fotografia ultravioleta fluorescente, todos os ferimentos mostram em torno de si um anel de retração de soro de albumina que seria completamente desconhecido para um falsificador. É importante notar que nenhuma imagem está presente onde existe sangue, indicando que a formação da imagem ocorreu depois que ele manchou o local, que a presença do sangue impediu a formação de imagem nessas áreas. (…) Nenhuma imagem estava presente nas fibras que continham sangue. Se isso fosse feito por mãos humanas, o artista teria que pintar todas as manchas de sangue com os halos de albumina nos ferimentos e fluxos de sangue, incluindo o sangue das marcas de açoitamento, usando sangue humano, e então pintar a imagem do corpo em torno delas, em suas localizações exatas, e eliminar imagens onde existisse sangue. Um processo complicado, sem dúvida.

O cabelo na imagem frontal está na frente e cobre as orelhas. É por isso, obviamente, que Lavoie acha que o homem do Sudário estava de pé quando a imagem se fez. Todavia, a explicação mais óbvia é que a cabeça estava curvada para a frente, porque não há espaço discernível referente ao pescoço, em razão da suspensão dos ombros, com a cabeça presa entre eles e dobrada para a frente. (…) Outra possível explicação para essa posição do cabelo vem do fato de que ele ficou saturado com o sangue, e a subsequente secagem das fibras capilares fixou-o nos dois lados do rosto, que um spray para cabelo o mantém rígido. Existe uma suspensão do mesma forma peito, que também é consistente com o rigor mortis que ocorreu durante 1 crucificação (Figura 12-6). A parte de trás da cabeça também está saturada com sangue (Figura 12-4). As sobrancelhas parecem estar inchadas e há um indício de que os cílios estejam cortados. A área abaixo do olho direito parece inchada, assim como a ponte do nariz, com uma linha na extremidade distal da ponte que é consistente com um deslocamento do osso ou da cartilagem, mas não uma fratura. Isso é confirmado por ampliação de imagem computadorizada VP-8, que mostra uma depressão na junção do osso/cartilagem (veja a Figura 15-2).

Figura: 12-6

O Sudário de Turim, visão frontal, abaixo dos ombros. A visão do sudário como você iria observar. Note o padrão de bifurcação no pulso. O  ferimento do peito na parte superior direita (à esquerda do remendo triangular) na verdade está no lado direito do peito. (Cortesia de Barrie Schwortz.)

As mãos estão cruzadas na região umbilical, no nível do quadril, a esquerda em cima da direita (lembre-se: os braços parecem estar rígidos, e as mãos cruzadas e a posição dos pés sugerem que eles estavam atados (veja as Figuras 12-1 e 12-6). Uma imagem bifurcada de coloração avermelhada está presente na mão esquerda, entre o pulso e a mão propriamente dita, representando o ferimento produzido pelo prego, Faltam ambos os polegares.

O lado direito do corpo contém uma imagem grande e avermelhada na região correspondente ao sexto espaço intercostal, representando o ferimento provocado pela lança. Ela se estende ao longo da lateral até as costas e contém uma separação de soro (veja as Figuras 12-4 e 12-6).

As costas, nádegas, pernas, peito e abdômen mostram evidências de bem delineadas marcas de açoitamento, muitas das quais se assemelhando a imagens em forma de haltere (veja as Figuras 12-4 e 12-6). (…) O ombro direito está mais baixo que o esquerdo, e imagens da região da escápula esquerda (lâmina do ombro) e do ombro direito sugere escoriações, que alguns investigadores acreditam estar relacionadas ao ato de carregar a cruz.

Há indicação de uma grande escoriação ou contusão na região do joelho esquerdo. As panturrilhas mostram um arredondamento natural. Um pé parece estar virado em direção ao outro. A área do pé revela a sola direita e o calcanhar, o que é indicativo de que os joelhos foram dobrados. (…) Somente o calcanhar esquerdo e várias imagens correspondendo à cravação estão presentes. A ausência de um pé parece ter sido causada pela intrincada forma como a vestimenta foi dobrada sobre ele.

Existem duas impressões lineares escuras com interrupções nos dois lados do Sudário, com quatro pares duplos de remendos brancos triangulares, que são os locais dos buracos de queimadura que foram meticulosamente reparados pelas Freiras Pobres Claras sob ordem de Carlos III, o Duque de Savoy, dois anos depois do incêndio que aconteceu na sacristia da Santa Capela de Chambéry, no dia 3 de dezembro de 1532.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 218-227.

O Pericárdio e o Coração

“O pericárdio é um saco em forma de cone feito de uma fina membrana fibrosa, porém muito forte, que contém o coração e as raízes dos grandes vasos sanguíneos, incluindo a aorta (a maior artéria, que leva o sangue do coração para todas as partes do corpo), a veia cava (que carrega o sangue do corpo de volta para o coração) e a artéria e a veia pulmonares (que transportam sangue de e para os pulmões). O saco pericárdico está firmemente ancorado na cavidade torácica, com seu “pescoço” junto dos grandes vasos localizados no topo do coração. A base está presa firmemente à parte central do diafragma (fino músculo em forma de cúpula que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal); as laterais do saco estão presas a cada pleura (as membranas que circundam cada pulmão); e a frente do saco está ligada à parede torácica. (…) Em um indivíduo normal, o coração é relativamente móvel dentro do saco, mas em diversos casos patológicos essa mobilidade pode ficar seriamente comprometida.

Cada pulmão é também circundado por uma bolsa membranosa chamada pleura. O espaço potencial entre a pleura e o pulmão é chamado espaço pleural.

(…)

A mais plausível é a chamada Hipótese 11. Ela indica que a lança penetrou no átrio direito do coração (câmara superior direita), que teria se enchido de sangue porque, imediatamente antes da falência cardíaca, o coração se contraiu e ejetou o sangue na circulação pela última vez. Em resposta, o átrio direito se encheu passivamente de sangue por causa da pressão elevada da circulação. Uma maciça efusão pleural (fluido em volta dos pulmões) que vinha se acumulando lentamente nas horas seguintes ao açoitamento (a efusão pleural é normalmente detectada algumas horas depois de receber golpes no peito) já se fazia presente. O repentino golpe da lança arremessada por um dos soldados penetrou o pericárdio e o átrio direito. O rápido e violento movimento feito para retirar a lança, então, liberou o sangue, que aderiu à lâmina, e um pouco da efusão pleural da cavidade pleural, resultando no fenômeno de “sangue e água”.

(…)

Todas as hipóteses que supõem que Jesus estava vivo quando a lança O atingiu parecem estar baseadas na ideia de que não sai sangue de um corpo sem vida. Isso não é verdade. O sangue pode fluir dos ferimentos de um morto, especialmente se a morte ocorrer de forma violenta.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 175-179.

Ataque Cardíaco- O coração

“O músculo cardíaco recebe oxigênio e nutrientes através de dois grandes vasos: as artérias coronárias esquerda e direita. Se uma dessas artérias vem a ser bloqueada ou criticamente obstruída, de forma que sangue contendo oxigênio e nutrientes não consiga passar, áreas do coração à frente do bloqueio vão morrer, resultando em um ataque cardíaco. A área do músculo cardíaco (miocárdio) que morre é chamada de infarto, assim, infarto do miocárdio é o sinônimo para ataque cardíaco. A causa do bloqueio em um ataque cardíaco é quase sempre uma condição chamada aterosclerose, um tipo de arteriosclerose (endurecimento das artérias) que envolve a túnica interna da artéria (intima). A aterosclerose é um processo inflamatório em que uma substância gordurosa e semelhante a um mingau chamada ateroma é depositada no revestimento interno da parede arterial, estreitando progressivamente a passagem. Coágulos sanguíneos, ou trombose coronária, também podem bloquear o coração.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 159.

A Estrada para o Calvário

“Em estado lastimável, Jesus flagelado foi levado ao pretório pelos soldados. Seu corpo estava cruelmente desfigurado e atormentado pela dor do terrível açoitamento, Sua visão estava embaçada. Coberto de sangue por causa das lacerações, escoriações e machucados que cobriam Seu corpo, Ele mal podia ficar de pé. Secreções e vômito manchavam Seu rosto e a vestimenta.

(…)

Figura: 4-1

a) cruz simples (simples estada;  b) crux immissa ou crux capitata (convencional)  c) cruz commissa (T ou cruz Tau) d) crux descussata  (cruz de Santo Andé).

Nossos experimentos de suspensão, em que utilizamos a crux commissa (cruz tau), revelaram que havia espaço adequado para o titulus. Parece, então, que a cruz romana foi invenção dos artistas.

(…) seria também muito difícil -em alguns casos, impossível -o crucarius carregá-la, já que ela pesava de 80 a 90 quilos; ainda mais no caso de uma pessoa que já tivesse sido açoitada antes da crucificação. E essa cruz parecia ser pouco prática, pois seria necessário um número muito grande delas, tendo em vista que os persas e os romanos ordenavam centenas e até milhares de crucificações de uma vez só. Essas crucificações em massa demandariam que muitas cruzes fossem fabricadas antecipadamente, pois cada crucarius devia ser pregado com a cruz ainda no chão, para que depois ela fosse erguida e fixada no solo – algo muito complexo para ser feito de forma massiva. Além disso, a maioria das referências históricas relata que as estacas já ficavam no chão, do lado de fora dos portões da cidade. Isso indica que o crucarius era pregado no patibulum, que seria então inserido na cavidade retangular presente no topo da estaca.

(…)

Estudos micropaleobotânicos de fragmentos de supostas relíquias da cruz verdadeira indicam que ela foi feita de pinheiro, O estudo mais definitivo, no entanto, foi feito num fragmento de madeira descoberto na ponta de um prego afixado ao osso do calcanhar de um homem crucificado por volta do ano 7 d.C., e que foi encontrado em escavações no Bairro Judeu da cidade velha de Jerusalém em 1969-70.

O estudo paleobotânico desse pedaço de madeira o relacionou com a oliveira (…)

(…)

O título, também conhecido como Titulus Crucis, era uma tábua com a descrição da natureza do crime do crucarius, e era pregada na cruz logo acima da cabeça da vítima. A tábua era carregada pelo condenada geralmente pendurada ao pescoço, do local da condenação até o do suplício na cruz.

(…)

(…) havia um uso para as três línguas em Jerusalém. O latim era a língua dos funcionários administrativos, o aramaico era falado pelos judeus da época e o grego era a linguagem do comércio internacional e da cultura.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 55-62.

 

Reconstituição Forense

“Depois da flagelação, a condição de Jesus era relativamente grave. Ele estava prestes a sofrer um choque traumático em razão dos ferimentos causados pelas chibatadas-particularmente na caixa torácica e nos pulmões-e pelos maus-tratos anteriores, na residência de Caifás. Além disso, um quadro de hipovolemia (baixo volume de sangue) se desenvolvia por causa da baixa efusão pleural, da hematidrose, das pequenas hemorragias resultantes da flagelação, do vômito e da transpiração.

É importante notar que o brutal espancamento na caixa torácica poderia ter afetado os pulmões e ocasionado a concentração de fluido no local. O fluido, misturado ao sangue, deve ter aumentado algumas horas depois dos golpes no peito, dificultando a respiração e causando dor extrema. O termo pulmão molhado traumático refere-se a acúmulo de sangue, líquido e muco depois de um violento trauma no tórax.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 39-40.