Corpo Flagelado

“Mateus, Marcos e João relatam que Pilatos, tentando demover a multidão, que exigia a crucifixão de Cristo, manda os soldados romanos açoitarem Jesus (cf. Jo 19, 1; Mt 27, 26, Mc 15, 16). (…)

Os romanos não flagelavam os condenados à crucifixão, a não ser moderadamente e enquanto estes transportavam a cruz até o lugar de execução. Ora, o Sudário revela traços de feridas que mostram ter o homem de Turim sido brutalmente flagelado por todo o corpo, a exceção da cabeça, pés e antebraços (fig. 3).

As feridas são numerosas, entre 110 e 120, e tanto pelo tamanho como pela forma são idênticas às produzidas pelo flagrum taxillatum romano, o «horrível flagelo»> um açoite de correias com pedaços de chumbo ou ossos de arestas cortantes nas pontas. (…) Tanto pelo número de chicota das -os judeus estavam proibidos pela lei de ultrapassar os 40 açoites (Dt 25, 3)-, como pelo flagelo empregado, vê-se que há coincidência com os dados do Evangelho: o castigo foi aplicado pelos soldados romanos.

Pelo ângulo das chicotadas, pode-se inferir que eram dois os algozes (…) Esta comprovação exclui que a flagelação tivesse ocorrido enquanto o condenado transportava a cruz (…) É outra coincidência com o Evangelho.

a coincidência mais importante com o relato evangélico é a que explica a crueldade ex cepcional da flagelação que, como vimos, não era usual aplicar previamente a um condenado à crucifixão.

(…) Mas a vista de Jesus desfeito pelos azorragues deixou o povo ainda mais raivoso: Fora com ele! Crucifica-o!, clamavam. Depois de uma nova tentativa, Pilatos, acovardado, cede: Então entregou-o a eles para que a crucificassem (Jo 19, 15-16). A mudança de opinião de Pilatos é o que explica, pois, a sucessão dos dois suplícios que Jesus sofreu, à diferença do comum dos condenados.

(…) os antebraços de Jesus não foram atingidos pelos flagelos, e isto indica que foi acoitado antes de carregar-a-cruz, pois os braços estavam atados à coluna, e por tanto fora do alcance dos acoites.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 28-30.

Traços de Sangue

“(…) verificou-se que os traços tinham a forma de manchas provenientes de sangue. Ao secar, uma gota de sangue toma uma forma côncava: bordas mais espessas e o centro plano. Uma gota de outro líquido torna-se inteiramente plana. Ora, os vestígios do lençol mostraram um volume do tipo côncavo.

(…)

Investigadores como o professor Baima-Bollone, da Universidade de Turim, chegaram a sustentar que se tratava de sangue humano, concretamente do tipo AB.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 22-23.

Hipóteses Descartadas Sobre o Sudário

“Em 1977, um grupo de cientistas americanos decidiu analisar o Sudário utilizando técnicas ligadas à computação. (…) No ano seguinte, esses cientistas davam a conhecer as suas conclusões, e todas apontavam no mesmo sentido: deve-se descartar categoricamente a hipótese de que a figura do Sudário tenha sido pintada.

(…) nenhum vestígio de tinta ou de pigmentos orgânicos ou inorgânicos; ausência total de traços que revelassem os movimentos de um lado para outro da mão do pintor: quer dizer, a figura é não-direcional; nenhum acúmulo de tinta ou de outra substância em certas áreas da figura. (…) nenhuma fibra profunda impregnada de qualquer material colorido. (…)

A imagem é monocromática, e os tons mais sombreados não surgem em resultado de um maior depósito de tinta ou do emprego de tonalidades cromáticas diferentes, mas unicamente do maior número de fibras superficialmente afetadas pela tonalidade cromática amarelada. *Os pesquisadores concordam atualmente em que os matizes de luzes e sombras resultam apenas de uma desidratação mais ampla ou menos ampla das fibras do tecido. (…)

Os cientistas do Projeto de Pesquisa verificaram ainda que a figura não surgiu de uma reação química entre a mistura de mirra e aloés com que, segundo os Evangelhos, se tratou o corpo de Jesus antes de sepultá-lo, e os elementos que lhe cobriam a pele – sangue, soro sanguíneo, suor, etc.  (…)

Nenhuma das diversas teorias ensaiadas conseguiu assim explicar, sem levantar objeções insanáveis, a origem da imagem estampada. Mesmo hoje, com todos os conhecimentos que se possuem, seria impossível reproduzir ou refazer a figura.

A teoria que apresenta menos dificuldades é a de que a imagem teria sido produzida por calor, ou por uma luz intensa, procedentes do próprio cadáver.

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 17-19.

A Imagem em Negativo

Até 1898, o Sudário de Turim era uma relíquia pouco conhecida, cuja autenticidade despertava dúvidas na mente de muitos cristãos, incluídos sacerdotes e bispos.

Nesse ano realiza-se uma das raras exposições do lençol, e um advogado de Turim, Secondo Pia, apaixonado pela fotografia – processo descoberto em 1835-, lembra-se de fotografá-lo.

O resultado foi surpreendente. No momento em que examinou no revelador o «negativo», viu aparecer o rosto de um homem com matizes de sombras e luzes que punham em relevo uma imagem muito mais rica em detalhes e contrastes do que a figura suave e desmaiada do próprio Sudário visto a olho nu.

(…)

“Numerosas fotografias tiradas posteriormente, com técnicas mais apuradas, em cores e com raios ultravioletas, apenas vieram confirmar a primeira descoberta: o decalque do homem do Sudário é do tipo exato de um negativo fotográfico; um negativo sobre tecido, muito anterior descoberta do principio fotográfico. (…)

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 15-16.

As Dobras do Santo Sudário

“Seja como for, estas hipóteses inclinam a pensar que a Santa Mortalha e o Sudário de Turim são a mesma coisa, o que completaria a nossa investigação histórica: a Mortalha seria o Santo Sudário, dobrado de tal maneira que só aparecia a face de Cristo. Uma experiência realizada com um fac-símile do Sudário, dobrando-o da maneira concebida pelo historiador inglês Inn Wilson, mostrou que só fica exposto o rosto da figura. Na análise de fotografias do Sudário, acharam-se sinais das dobras, coincidindo com o modelo de Wilson.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 11-12.

Sudário de Turim

“Em sentido estrito, a palavra sudário designa um pequeno pano, do tamanho de um guardanapo, usado para enxugar o suor – daí o termo «Sudário» » e que servia também para manter fechada a boca de um cadáver, passando-o pelo alto da cabeça e atando as extremidades debaixo do queixo.

Por extensão, passou-se a designar com o mesmo nome uma grande peça de tecido usada em alguns lugares e épocas para envolver o defunto prestes a ser enterrado. No tempo de Jesus, tanto os romanos como os judeus com frequência os seus mortos envolvendo-os pela frente e por trás nesse lençol fúnebre, antes de os depositar em câmaras mortuárias. Mais exatamente, o Sudário de Turim deveria, pois, ser conhecido como o Lençol de Turim.”

(…)

“Com efeito, os textos evangélicos relatam que Jesus, depois de ter sido flagelado, coroado de espinhos e crucificado, foi envolvido, após a morte, num lençol limpo e depositado num túmulo novo que José de Arimateia havia manda do cavar para si numa rocha (Mt 27, 57-60).”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 06-07.

História

“De 27 de agosto a 8 de outubro de 1978, mais de três milhões de pessoas foram até à cidade de Turim para observar e venerar uma peça de linho de 4,30 metros de comprimento por 1,10 de largura, em que se encontra estampada a figura de um corpo humano de frente e de costas.

(…)

“Duas circunstâncias explicavam essa afluência. Por um lado, ocorria nessas datas das raras exposições públicas desse lençol: as anteriores datavam de 1868 e 1898, no século passado e de 1930 e 1933, neste século.”

ESPINOSA, Jaime. O Santo Sudário. São Paulo: Quadrante, 2017, pág. 05.

O Sudário e os Savóia

“Com Emanuel Filiberto começa o período de grande afirmação da dinastia Savóia. Os tempos estavam maduros para uma nova orientação da política saboiana. Enquanto sob o impulso do Jovem e decidido soberano as instituições voltavam -se para o modelo do estado absoluto, os interesses estratégicos eram orientados para a Península. Em consequência dessa política, deslocou-se o centro de comando de Chambéry para Turim, local mais adequado às novas Mudando-se o centro político-administrativo, faltava somente o “sinal” religioso: o Sudário.

Muito se disse sobre o uso “político” do Sudário por parte dos Savóia. É verdade que, desde quando o Sudário se tornou propriedade deles, foi aprovado o culto, difundido o conhecimento e promovido o estudo. A exposição acompanhou todos os momentos importantes da vida da família: ascensões ao trono, matrimônios, batismos. ”

ZACCONE, Gian Maria. Nas Pegadas do Sudário: História antiga e recente. São Paulo: Edições Loyola, 1999, pág. 20.