A linguagem da verdade é humana

“A linguagem da verdade é humana? Ou ela pode ser traduzida rapidamente para a linguagem humana?

A linguagem que os espíritos usam para conversar com os médiuns é a linguagem dos espíritos?

Se, ao contrário, for uma tradução psíquica feita pelos médiuns, será que é uma tradução fiel e uniforme das ideias dos espíritos?

Na magia, a linguagem das causas é um elemento reservado aos mestres. A ideografia divina é a chave de todo simbolismo religioso e éo segredo de talismās, de hieróglifos sagrados, de livros ocultistas. Essa chave é recebida do invisível por meio de uma comunicação contínua de nosso ego com o mundo das causas, que começa assim que morre a terrível serpente, trespassada pela força de vontade do iniciado. Você receberá a chave de São Pedro, o apóstolo, no portão do paraíso místico, se for cristão; ou Ísis, esticando sua mão branca e elegante, deixará que a toque se você preferir entrar no jardim egípcio: seja como for, só então terá um conhecimento completo dos sinais e do poder dos personagens tanto na magia divina quanto na natural, e só quando sua virtude fizer de você merecedor saberá como usá-los e a que eles correspondem.

Eu disse: não dê ouvidos a nenhuma comunicação; você pode interpretar apenas sonhos lúcidos, e nunca de modo literal. A este respeito, acho que já disse claramente que a serpente fala a linguagem dos homens, e que Deus usa a linguagem de Deus.

Há duas espécies de operações no universo da magia: uma implica comunicação com a alma do Universo; a outra determina a dominação da serpente astral ou alma da terra.

As operações do primeiro tipo colocam o homem (…) em relação com o Espírito Universal.

Quando a operação tem essa regra, ou ideal mágico, não é mais uma prática religiosa porque, mesmo que os iniciantes a realizem somente pela , ela é apenas um cálculo de filosofia transcendental.

Aqueles que começam bem, logo terão vislumbres da luz divina, não porque os anjos descerão do céu e resgatarão o iniciante da corrente terrestre, mas porque o espírito de Deus, que está nele, pouco a pouco o libertará de todos os grilhões terrestres, até que se torne um profeta. À medida que progride e ascende, ele entra em comunicação com o espírito do mestre que, além da barreira do Dragão, espera por quem chega lá e entra em relação direta com seus espíritos.

Uma prece é um ato de fluidificação concreta da própria vontade. Formular uma ideia e desejar sua realização é uma prece.

(…)se aspiram à ascensão espiritual, suas ideias têm de estar formuladas com muita clareza em suas mentes para que os resultados não demorem a chegar. As ideias formuladas com clareza atravessam a aura astral da Terra e serão recolhidas por um servo guardião que está ao lado do trono do Sol, a quem, no início deste livro.

O Espírito Santo, a pomba mensageira de luz, é o raio do Sol brilhando em nossa alma. Essa alma, ao se transformar em uma pomba, pode fazer um casamento além dos limites das ações conhecidas.

(…) do ponto de vista teórico: a iniciação à magia é combate com o dragão da corrente astral.

porque em toda magia, a interrupção de uma operação antes de sua conclusão provoca uma reação terrível, cujo efeito é exatamente o oposto daquilo que o operador almeja.

Todas as operações de magia têm duas fases, uma de reação e outra de ação: a primeira fase é negativa e a segunda é positiva. O novato, vendo ocorrer o efeito contrário, quase sempre detém-se, assustado, e há uma completa desordem. Através, no entanto, da resistência, insistência e coerção, os esforços do operador são recompensados por resultados positivos. O túmulo de todos os ideais é a falta de persistência, e tenho visto exemplos terríveis e assustadores disso.

Na magia, é preciso avançar com plena disposição, sem se deter no meio do caminho.

Se você anseia pelo sucesso, fique sempre vigilante, persistente e ativo. O espírito ativo da Natureza Universal não se oferece, mas se permite ser atraído por aqueles que são ativos. Eu disse que as inteligências, espíritos ou naturezas fluídicas aparecem para nós como clarões de relâmpagos: bem, a única grande e poderosa alavanca da mente humana, que a conecta a Deus por meio da serpente da vontade terres- tre, é este zelo ou atividade próprios dos espíritos de Mercúrio.

A atividade, a atividade inteligente por si só, pode trazer a maior das conquistas às quais um homem de gênio pode aspirar, a Verdade das Causas, que está acima da inércia estagnada, da qual a descrença é um sintoma vulgar, e essa atividade é o meio de alcançar um ideal que é, para as multidões ordinárias, a mais poética das loucuras.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.149-153.

Segunda Parte

Inteligência, Força e Criação

A unidade de todas as verdades

“A unidade de todas as verdades na verdade única inevitavelmente leva a ciência profana a descobrir a real verdade das coisas teocracia de cientistas.

Os iniciados de todo o mundo são irmãos, porque todos eles perce bem a verdade do mesmo modo e com as mesmas leis: quando dois deles se encontram, um reconhece o outro, porque um compreende o outro.

A mesma coisa não acontece com os médiuns do espiritismo ou com os videntes de movimentos religiosos cismáticos; cada um deles vê e ouve aquele particular espírito das coisas, que não é o espírito universal de Deus.

(…)

Nesse vórtice, nessa corrente de baixo sopro terrestre, tudo é misturado com lodo. O espiritismo joga com isso. Suas comunicações são apenas a aura dos momentos em que os espíritos escrevem e se manifestam, e podemos até encontrar espíritos desencarnados que usam linguagem científica, como os da Salpêtrière, ao falar sobre a verdade e o rigor científico.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.148-149.

Segunda Parte

Inteligência, Força e Criação

O bem atrai o bem

“O bem atrai o bem, tanto no mundo visível quanto no invisível. Na sociedade humana, afinidades de caráter, de cultura, de educação, de tendências, de paixão reúnem os homens em grupos. No mundo invisível, a mesma lei se aplica.

A religião é o conjunto integral e completo de uma doutrina sagrada capaz de ser compreendida pelas massas: mesmo que tenha uma ori- gem verdadeira, profunda e científica, fala à multidão sob o disfarce de preceitos e advertências divinas. Personifica a divindade e transmite uma relativa moralidade ao progresso das massas.

Magia, sabedoria e ensinamentos sobre o que existe, síntese das leis das coisas criadas, o processo de criação em si no domínio da verdade e da natureza, esta é a chave de todas as religiões tradicionais.

Tanto o homem religioso quanto o discípulo da magia buscam conhecimento do mundo divino, o primeiro de modo passivo, aplicando preceitos religiosos, o segundo de modo ativo, tentando forçar a natureza humana a penetrar no mundo invisível, a descobrir as leis e usá-las, como queriam os mestres, para a conquista de poderes divinos.

O homem religioso pode se tornar um santo. O discípulo da magia tem de se tornar um mago ou desaparecer.

A santidade é a virtude do iniciado, não seu objetivo. O objetivo do mago é a integridade divina com suas virtudes sobre-humanas.

O santo pode chegar à graça; o mago tem de realizar ações divinas. O primeiro não precisa de ciência; o último não pode existir sem a ciência.

A santidade é alcançada; a magia é conquistada. Chaignet, em seu estudo da filosofia pitagórica, diz: “Todas as regras da vida pitagórica podem ser resumidas nesta grande máxima: primeiro se torne um homem, depois um deus; una-se em um relacio- namento íntimo com Deus, siga e imite Deus”.

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.68-69.

Segunda Parte

Preparação

Cada nova verdade

“O conhecimento de cada nova verdade é como uma corrente que aumenta o oceano de realizações que contribuem para o bem-estar humano.

Este livro foi escrito para os muitos que querem se preparar e para os poucos que podem digeri-lo de forma completa.

A ciência é concedida a todos – mas, de forma total, apenas aquele que a conquista.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.43-44.

Primeira Parte

Introdução à ciência do Oculto

Adaptação do Pai Nosso

Adaptação para o ideal
(Imagem do Pai no mundo Moral)

Produtor ideal
que estais
no meu Paraíso interior,
que vosso nome seja manifestado
por meio da devoção.
Que vosso domínio se espalhe por todo o meu corpo, como se espalhou em meu coração. Manifestai para mim a cada dia vossa presença certa.

Perdoai meus erros assim como perdoo os dos fracos mortais, meus irmãos.
Protegei-me das ilusões da matéria perversa
e livrai-me do desespero.
Pois sois a Realeza (na eternidade)
o Equilíbrio
e o Poder (de minha Intuição).

Adaptação para a Verdade
(Imagem do Pai no mundo Intelectual)

Verdade viva
que estais dentro do meu espírito imortal, que vosso nome seja afirmado por meio da obra.
Que vossa manifestação seja revelada.
Que vossa lei entre na matéria assim como entrou no espírito.
Dai-nos a cada dia
nossa ideia criadora.

Perdoai minha ignorância assim como eu perdoo aqueles que são ignorantes, meus irmãos. Protegei-me da negação infrutifera
e livrai-me da dúvida mortal.
Pois sois o Princípio,
o Equilíbrio
e a Regra (na unidade de minha razão).

Adaptação para o Sofrimento
(Princípio paterno de redenção no mundo Material)

Ó sofrimento benéfico
que estais
na raiz de minha encarnação,
que vosso nome seja santificado pela coragem durante a provação.
Que vossa influência
seja entendida.
Que vosso fogo purificador queime meu corpo
como queimou minha alma.

Vinde a cada dia e envolvei minha natureza indolente.
Vinde destruir minha lassidão e meu orgulho
assim como destróis a lassidão e o orgulho
dos pecadores, meus irmãos!

Protegei-me dos atos vis que poderiam
afastar-me de vós, pois só võs
podeis me livrar do mal que criei.
Pois sois o Purificador, o Estabilizador e o Redentor
no ciclo de minhas existências.

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.289-291.

Apêndice II

Verdade Moral,Verdade Física

-Verdade Moral

-Verdade Física

O que está em cima Δ

é como

o que está embaixo ▽

Para realizar milagres a partir de uma única coisa

E assim como todas as coisas vieram do Um

Assim todas as coisas se tornam únicas, por adaptação (a cruz é o signo da adaptação).

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.94.

Capítulo 4

A tábua de esmeralda

“É verdade, sem falsidade alguma, verdade absoluta. O que está embaixo é como o que está em cima; o que está em cima é como o que está embaixo, para realizar milagres a partir de uma única coisa.

E, assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas se tornam únicas, por adaptação.

O Sol é seu pai, a Lua é sua mãe, o vento o carregou no ventre, a Terra és ama. O pai de tudo, o Telesma do mundo inteiro, está aí, seu poder é inteiro quando convertido em terra.

Deves separar a terra do fogo, o sutil do grosseiro, delicadamente e com grande perícia. Ele sobe da terra para o céu e volta para a terra, recebendo o poder das coisas superiores e inferiores. Desse modo, alcançarás a glória do mundo inteiro e todas as trevas se distanciarão de ti.

É o poder dos poderes, pois vence as coisas sutis e penetra as coisas sólidas.

Assim foi criado o mundo.

Dele surgirão inumeráveis adaptações, tais quais mostradas aqui.

Por isso fui chamado Hermes Trismegisto, pois tenho as três partes da filosofia do mundo.

O que eu disse da Obra Solar está feito.

É verdade

Sem falsidade alguma

Verdade absoluta

(…) o Ternário pressu põe uma hierarquia designada pelo nome de Três Mundos.

-É verdade – A verdade sensivel correspondente ao mundo fisico. – É o aspecto
estudado pela ciência contemporânea.

Sem falsidade alguma – A oposição ao aspecto anterior. Verdade filosófica, certeza correspondente ao mundo metafísico ou moral.

Verdade absoluta – A união dos dois aspectos anteriores, a tese e a antiítese para constituir a síntese. – Verdade inteligível, correspondente ao mundo divino.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.81-82.

Capítulo 4

O Vértice da verdade

“Quando estava quase no topo, seu caminho foi bloqueado por uma imensa rocha. Não era de surpreender que houvesse uma inscrição esculpida nela: Embora possua este universo, nada possuo, pois não posso conhecer o desconhecido, se ao conhecido me agarro.

O reconhecimento de que ele era a causa, não o efeito, lhe deu um novo sentimento de poder. Agora não tinha mais medo.

Um senso desconhecido de calma o envolveu, e algo estranho aconteceu: ele começou a cair para cima! Sim, embora parecesse impossível, ele estava caindo para cima, subindo para fora do abismo! Ao mesmo tempo, ainda se sentia conectado à parte mais profunda dele — na verdade, sentia-se conectado ao próprio centro da terra. Ele continuou caindo cada vez mais alto, sabendo que estava unido tanto ao céu quanto à terra.

Ele se desprendera de tudo que temia e tudo que tinha conhecido e possuído. Sua vontade de abarcar o desconhecido o tinha libertado. Agora o universo lhe pertencia para experimentar e desfrutar. O cavaleiro permaneceu no topo da montanha respirando profundamente; uma sensação irresistível de bem-estar percorreu seu ser. Ele foi ficando atordoado com o encantamento de ver, ouvir e sentir o universo que o circundava inteiro. Antes, o medo do desconhecido embotara seus sentidos, mas agora ele era capaz de experimentar tudo com uma clareza de tirar o fôlego.

“Quase morri pelas lágrimas que deixei de chorar”,

Ele sorriu através das lágrimas, sem perceber que uma nova e radiante luz emanava dele — uma luz muito mais brilhante e bonita do que sua armadura com o melhor dos polimentos: borbulhante como um riacho, brilhante como a lua, deslumbrante como o sol. Pois, de fato, o cavaleiro era o riacho. Ele era a lua. Ele era o sol. Ele podia ser todas essas coisas de uma vez agora, e muito mais, porque ele era um com o universo. Ele era amor.”

FISHER, Robert. O cavaleiro preso na armadura. Ed. Record, 2020, Local: 1026-1078.

O Vértice da verdade

O Caminho da verdade

“Você não pode continuar a viver e a pensar como fazia no passado — continuou Merlin. — Essa é a principal razão por que ficou encarcerado nessa prisão de aço.

Parece uma subida árdua — observou o cavaleiro. Merlin concordou com a cabeça: — Este — disse ele — é o Caminho da Verdade. Ele torna-se mais íngreme à medida que se aproxima do cume de uma montanha que fica lá longe. O cavaleiro olhou para aquela trilha escarpada, sem entusiasmo. — Não sei se vale a pena. O que vou ganhar quando atingir o topo? — Trata-se do que você vai perder — explicou Merlin. — A armadura!

Mesmo se houvesse, você agora não tem a menor condição de resgatar quem quer que seja. Você tem de aprender a se salvar primeiro.

O primeiro castelo chama-se Silêncio; o segundo, Conhecimento; e o terceiro, Vontade e Ousadia. Após entrar neles, você encontrará a saída somente depois de ter aprendido o que está lá para você aprender.

Pressentiu que essa jornada seria muito mais difícil do que uma cruzada. Merlin sabia o que o cavaleiro estava pensando. — Sim — concordou ele —, há uma outra batalha a ser travada no Caminho da Verdade. A luta será aprender a amar a si mesmo.

Após algumas horas, o cavaleiro desmoronou, exausto e dolorido. Não estava acostumado a viajar de armadura sem estar montado no cavalo.

Esquilo foi até um riacho próximo e encheu algumas cascas de nozes com água, que o cavaleiro bebeu por meio do canudo que Merlin lhe dera.

Esse pedaço enferrujou e se desprendeu. — Mas como? — perguntou o cavaleiro. — Por causa das lágrimas do seu pranto, depois que você viu a carta em branco do seu filho. O cavaleiro refletiu sobre isso. A tristeza que ele sentira fora tão profunda que a armadura não pôde protegê-lo dela. Muito pelo contrário, suas lágrimas haviam começado a romper o aço que o circundava.

Os três continuaram montanha acima. Era um dia particularmente agradável para o cavaleiro. Ele percebia as minúsculas partículas iluminadas de sol que atravessavam os galhos das árvores. Olhou de perto o rosto de alguns tordos e viu que não eram todos iguais. Ele falou isso para Rebecca, que não parava de dar saltos, murmurando alegremente. — Você está começando a perceber as diferenças em outras formas de vida, porque está começando a perceber as diferenças no seu interior.

O cavaleiro confessou a Esquilo e a Rebecca que estava desapontado. Esperava uma extravagante estrutura. Em vez disso, o Castelo do Silêncio parecia com qualquer outro castelo da região. Rebecca riu e disse: — Quando você aprender a aceitar em vez de ter expectativas, seus desapontamentos serão menores.

— Estou começando a achar que os animais são mais inteligentes do que os homens. — O fato de poder dizer isso faz de você um ser tão inteligente quanto nós — replicou Esquilo. — Não acho que isso tenha a ver com ser inteligente — disse Rebecca. — Os animais aceitam, e os seres humanos têm expectativas.”

FISHER, Robert. O cavaleiro preso na armadura. Ed. Record, 2020, Local: 395-503.

O Caminho da verdade