“Jung escreve:
Muitas vezes acontece que o paciente está bastante satisfeito em simplesmente registrar um sonho ou uma fantasia, especialmente se ele tem uma inclinação estética. Nesse caso, ele pode resistir a uma assimilação intelectual, pois isso parece ser uma afronta à realidade de sua vida psíquica. Por outro lado, existem aqueles que tentam compreender apenas com seus cérebros e desejam pular a etapa prática. Quando eles acreditam ter compreendido, pensam que já preencheram completamente sua cota de execução.
Trata-se de pensar com o coração, em vez da cabeça, como bem expressou Blaise Pascal: “O coração tem razões que a própria razão desconhece. […] Sabemos a verdade não apenas pela razão, mas pelo coração”. Jung escreve:
Para muitas pessoas, a ideia de ter uma relação sentimental com os conteúdos do inconsciente pode parecer estranha ou até mesmo ridícula. No entanto, o sentimento está intrinsecamente ligado à realidade e ao significado dos conteúdos simbólicos, e esses conteúdos impõem padrões éticos vinculativos aos quais o esteticismo e o intelectualismo tendem a se distanciar. Os alquimistas acreditavam que o opus, ou trabalho alquímico, exigia não apenas atividades laboratoriais, estudo de livros, meditações e paciência, mas também o elemento do amor. Hoje em dia, chamaríamos de “valores sentimentais” e a conquista por meio do sentir.
(…)
Jung escreve:
A conquista do sentimento também não forma o estágio final. […] O quarto estágio é a antecipação do lapis philosophorum. A atividade imaginativa da quarta função – a intuição, sem a qual nenhum desenvolvimento se completa – claramente é evidenciada nesta antecipação de uma possibilidade cuja realização nunca poderia ser objeto da experiência empírica. […] A intuição oferece perspectiva e insight; ela se expõem no jardim de possibilidades mágicas como se estas fossem concretas. […] Esta pedra angular complementa o trabalho em uma experiência da totalidade do indivíduo.
Jung utiliza a frase “atividade imaginativa” para trabalhar com a função intuitiva. A imaginação ativa é empregada no sonho para carregá-lo até um espaço onde se possa considerar sua trajetória para o futuro desconhecido. Como é que esse sonho poderia se aplicar a várias situações da vida que são passíveis de experiência futura? A imaginação expande e amplia a gama de possíveis significados que o sonho pode ter para a vida do sonhador. Jung também emprega a frase “o jardim das possibilidades mágicas” como o lugar para o qual a intuição pode nos levar.”
STEIN, Murray. Os quatro pilares da psicanálise junguiana: Individuação – Relacionamento analítico – Sonhos – Imaginação ativa – Uma introdução concisa. Ed. Cultrix, 2023.
Pilar 3
Tipo psicológico