Valores como objetos de consumo individual

“Os valores também servem hoje como objetos de consumo individual. Tornaram-se eles mesmos mercadoria. Valores como justiça, humanidade ou sustentabilidade são explorados economicamente. “Mudar o mundo bebendo chá” é o slogan de uma empresa fair trade. Mudar o mundo pelo consumo seria o fim da revolução. Sapatos ou roupas também precisam ser veganos. Em breve certamente haverá smartphones veganos. O neoliberalismo se aproveita multiplamente da moral. Valores morais são consumidos como características distintivas. São contabilizados na conta do ego, elevando o valor do ego. Aumentam a autoestima narcísica. Com valores, não se está referindo à comunidade, mas ao próprio ego.
Com o símbolo, como a téssera hospitalis, os amigos hóspedes selam sua aliança. A palavra symbolon está situada no horizonte de significado da relação, totalidade e salvação. Segundo o mito contado por Aristófanes no diálogo Banquete de Platão, os humanos eram originalmente um ser esférico com duas faces e quatro pernas. Por ser arrogante, Zeus o dividiu em duas metades para os enfraquecer. Desde então os humanos são um symbolon que anseia pela suas outras metades, por uma totalidade salvadora. É assim que juntar em grego se chama symbállein. Rituais são, nessa medida, também uma práxis simbólica, uma práxis do symbállein, ao reunirem as pessoas produzindo aliança, uma totalidade, uma comunidade.”

HAN, Byung-Chul.O desaparecimento dos rituais: Uma topologia do presente. Ed. Vozes, 2021, Local 96-102.

Coação de produção

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