A energia do Um

“(…) portanto, em geral, podemos dizer que é sempre o inconsciente, ou algum aspecto dele, que produz a projeção. É o Si-mesmo ou um deus. É sempre um deus quem produz a projeção, o que quer dizer que é sempre um arquétipo; o complexo do ego não o produz.

(…)

Pode-se afirmar, de um modo geral, que em qualquer sistema monoteísta, tal como no judeu-cristianismo, há uma tendência secreta para o politeísmo que, embora não seja inteiramente percebida ou admitida, há, tal como nos sistemas politeístas há uma tendência secreta para o monoteísmo, para garantia de que todos esses numerosos deuses são, na realidade, simples aspectos diferentes do deus uno. Se quisermos expressar isso em termos psicológicos, diremos que a multidão de constelações arquetípicas são todas realmente uma no Si-mesmo, embora o Si-mesmo se manifeste com frequência na vida prática em aspectos separados, a que preferimos chamar de arquétipos diferentes.

(…) Se os muitos apontam para o um, eu diria que há no inconsciente uma tendência para colocar toda a energia no Si-mesmo, retirando-a dos diferentes arquétipos isolados. Os numerosos arquétipos tendem a se concentrar em torno do arquétipo uno, que poderíamos dizer que reflete a tendência do próprio inconsciente para maior consciência.

(…) diríamos que as águias são como uma assembleia de deuses em torno do Deus uno, o que, psicologicamente interpretado, significaria que muitos arquétipos começam ordenando-se numa concentração em torno do arquétipo do Si-mesmo. O arquétipo do Si-mesmo começa a ser dominante e a dissociação em muitos arquétipos começa adquirindo ordem em torno de um centro. Segue-se que, se um arquétipo isolado é dominante na psique de uma pessoa, digamos, o arquétipo de mãe, ou o arquétipo de anima, ou seja ele qual for, então há certa soma de unilateralidade nessa pessoa. Somente quando o arquétipo do Eu começa, de fato, a conduzir o processo é que a coisa se torna unificada e tudo toma o seu lugar; eu diria que, na realidade, o senso de unidade é uma representação simbólica desse momento em que os muitos arquétipos começam cedendo sua energia a um.”

 

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 200-202.

4a Palestra | Alquimia Grego-arábica

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