“(…) Apolo é o representante do princípio da consciência, mas isso não contradiz a interpretação. O arco e a flecha de Apolo referir-se-iam à atenção dada pelo amor, à concentração da libido mental por meio do amor. De acordo com a teoria escolástica do conhecimento, só podemos obter conhecimento por meio do amor, o que significa que só se adquire o conhecimento amando o assunto que se quer conhecer, sendo fascinado por ele. Assim, a anima está sempre subentendida na busca da verdade.
Se temos de aprender uma matéria que não amamos, sobre a qual não temos qualquer projeção, o que quer dizer que não possuímos relação alguma com ela, que nada significa para nós e não está ligada ao nosso fluxo de libido, teremos de labutar e suar para aprender algo para um exame, por exemplo, mas dez minutos depois teremos esquecido tudo novamente. No entanto, se estivermos fascinados, o que significa que ocorreu uma projeção, então ficamos emocionados e adquirimos uma tremenda soma de consciência com facilidade e rapidez. Esse é o segredo do ensino e da aprendizagem.
(…) O fascínio envolve sempre uma projeção.
(…) Estamos falando de projeção, mas todas essas figuras são arquetípicas.
(…) Sim, e isso levanta a questão de saber se os arquétipos projetam. Penso que sim. Certamente, isso está implícito em nossa ideia de projeção. Vejamos o que realmente acontece. Sabemos muito bem que nunca fazemos a projeção, mas que ela é feita para nós. Eu mesma não projeto algo; essa é a maneira como falamos, mas não é verdade. O fato é que eu me encontro subitamente na situação de projetar e, tendo visto que se trata de uma projeção, posso começar falando a respeito dela, mas não antes.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 197-198.
4a Palestra | Alquimia Grego-arábica