A inatividade constitui o Humanum

“A inatividade constitui o Humanum. O que torna o fazer genuinamente humano é a parcela de inatividade que há nele. Sem um momento de hesitação ou de contenção, o agir se degenera em ação e reação cegas. Sem repouso, surge uma nova barbárie. É o silenciar-se que dá profundidade à fala. Sem o silêncio não há música, mas apenas barulho e ruído. O jogo é a essência da beleza. Onde impera apenas o esquema de estímulo e reação, de carência e satisfação, de problema e solução, de objetivo e ação, a vida se reduz à sobrevivência, à vida animalesca nua.

A vida só recebe seu esplendor da inatividade. Se perdemos a capacidade para a inatividade, igualamo-nos a uma máquina que deve apenas funcionar. A verdadeira vida começa quando cessa a preocupação com a sobrevivência, com a necessidade da vida crua. O objetivo último dos esforços humanos é a inatividade.

A ação é, de fato, constitutiva para a história, mas não é uma força formadora da cultura. Não a guerra, mas a festa, não as armas, mas as joias, são a origem da cultura. História e cultura não coincidem.

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 67-73.

Considerações sobre a inatividade

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