“(…) outras, pelo contrário, contribuíram para a transformação da violência em direito, ao estabelecerem maiores entidades em cujo seio foi eliminada a possibilidade do uso da violência (…). Assim, as conquistas dos Romanos legaram a preciosa pax romana aos povos mediterrânicos. O gosto da expansão dos reis franceses criou uma França pacificamente unida e próspera. Embora se afigure paradoxal, deve admitir-se que a guerra poderia ser um meio apropriado para estabelecer a anelada «paz eterna», já que é capaz de criar unidades tão grandes que um forte poder central torna impossíveis outras guerras. Mas, na realidade, a guerra não serve para tal fim, pois os resultados da conquista não costumam ser duradoiros; as novas unidades criadas voltam geralmente a desmembrar-se, por causa da escassa coesão entre as partes unidas à força.
Aplicando as minhas reflexões à atualidade, chego ao mesmo resultado que o senhor alcançou por um caminho mais curto.”
FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág. 67.
Reflexões a dois sobre o destino do mundo (1932)
“Carta de Freud a Einstein”