A Torre

“Correspondência Astrológica: Marte.

Por um lado, essa carta pode indicar libertação – uma situação do Diabo que foi superada ou vencida. Mas também pode indicar uma crise explosiva no trabalho, uma situação que libera uma pessoa para finalmente deixar um emprego ruim.

A Torre pode significar noticias chocan- on revelações marcantes que podem mudar radicalmente sua compreen do de algo ou o livrar de velhos hábitos.

Se o Diabo representa o aprisionamento da luz, a Torre nos mostra sua libertação. Se o “materialismo” do Diabo indica nossas percepções limitadas, a Torre mostra o momento em que (re)descobrimos as verdades de nossa própria natureza espiritual. Ainda mais radicalmente do que o Enforcado, o que acreditávamos ser a realidade é virado de ponta-cabeça, e é por isso que em muitas versões as pessoas caem de cabeça. Em sua forma mais extrema e alegre, a Torre simboliza o grande avanço conhecido como iluminação, quando a alma se abre e toda a nossa exis réncia se enche de luz.

A Cabala nos diz que a criação desce pela Árvore da Vida, desde a pri meiro sefirá do ser puro até a sefirá final, a décima, que é o próprio mundo fisico no qual vivemos. O caminho da descida assemelha-se a uma serpente ou a um relámpago. Vivemos nessa sefirá inferior, na sefirá da densidade da matéria, mas se desejarmos e pudermos concentrar nossa intenção, podemos ascender, através do estudo e da meditação, até que possamos entrar tetornarà unidade da sefirá mais elevada, chamada Kether, que significa “coroa”, o mesmo termo usado na ioga.

Já a tradição cristã conta como Saulo de Tarso, perseguidor dos primeiros cristãos, estava a caminho de Damasco quando um raio o atingiu, resultando no seu ressurgimento como São Paulo, o apóstolo que difundiria a doutrina do amor divino.

(…)  “La Maison de Dieu”, a “Casa de Deus”.

Para mim, a “Casa de Deus” sugere o antigo Templo de Salomão, caja imagem é central para a maçonaria e para o tarot ocultista. Vimos sua entrada velada na Sacerdotisa, carta superior da segunda tríade, composta de A Sacerdotisa, O Eremita e A Torre. Nessa acepção, o relámpago na Torte os mostraria o momento em que o veu se abre e vemos a verdade a verdade de nós mesmos e do cosmos. A carta parece tão dramática porque tal experiência pode sim ser devastadora, esmagadora, drástica mesmo. Entre o mistério da Sacerdotisa e a revelação da Torre, o Eremita ergueria a lanterna da verdade na pura escuridão.

O relâmpago da Torre destrói a ilusão da dualidade ou da separação. Parte dessa ilusão é a suposta distinção entre história e mito, entre “realidade” e “imaginação”.

Na tradição cabalistica, a Shekinah, o aspecto feminino de Deus, vivia dentro do templo real, na Arca da Aliança mais uma vez, lembra do fil me Os Caçadores da Arca Perdida? Quando os romanos destruiram o templo, em 70 DC., a Shekinah foi para o exilio com a humanidade, pois a conexão entre o Acima e o Abaixo havia se rompido. A Sacerdotisa nos mostra a Shekinah velada; já a carta do Mundo mostra-a restaurada e não mais escondida. A coisa mais importante a perceber é este a Shekinah somos nós.

Séculos depois da destruição do templo, muitos judeus migraram para a Peninsula Ibérica – Espanha e Portugal, onde, juntamente à cultura mourisca dominante, experimentaram um grande florescimento espiritual e literário que durou cerca de 500 anos. Esta idade de ouro terminou com outro exilio em massa, a expulsão de todos os judeus e muçulmanos pelos novos go- vernantes cristãos dominantes a partir de 1492. Parte do dinheiro roubado do povo expulso foi usado para financiar as viagens de Colombo.

Vista de um lado, a Torre mostra essa quebra, esse despedaçamento do mundo, que Luria chamou de “quebra dos vasos”. Mas visto de outra perspectiva, a carta mostraria a revelação do verdadeiro conhecimento – gnosis em grego, da’ath em hebraico, necessário para iniciar a restauração do mundo.

Babilonia foi uma das primeiras civilizações de que se tem noticia, com seus habitantes sen- do o primeiro povo a formular a astrologia ocidental. Os israelitas aprenderam muito na Babilonia, mas também podem ter trabalhado à força nas poderosas torres de zigurate. Além disso, eles contataram pessoas de todo o mundo do Antigo Oriente Médio, com sua deslumbrante multiplicidade de idiomas.

A carta cabalista para a Torre, Peh, significa “boca”, o órgão da linguagem. E sinda, alguns descrevem a “fala” como a qualidade primária do Carro. Lembre-se, 16 (Torre) se torna 1+6=7 (Carro). О Сагro nos mostra a fala humana, a capacidade de definir tanto o mundo quanto o eu. A “boca” da Torre se abre com a fala divina, o poder avassalador da experiência que está além da linguagem e da consciência, vindo com a luz de um raio. Uma velha fã de quadrinhos como eu pode pensar nas aventuras do Shazam, uma trama na qual um órfão sem-teto – humanidade no exilio -passa por um túnel escu- to forrado de imagens dos vícios clássicos até encontrar um mago chamado Shazam. Quando Billy Batson, o órfão, diz o nome do mago o poder da fala humana, de pronunciar um nome sagrado um raio o atinge e ele se torna o Shazam, dotado do poder de seis diferentes deuses.

Os cristãos falam sobre a noite de Pentecostes, quando “o Espírito desceu sobre os adoradores de Deus e esses passaram a falar em sons estranhos ou linguas variadas. Deus os preenchera ou os possuíra, dizem os cristãos, e eles ganharam então a capacidade de falar maravilhas que estavam além da consciência humana. Babel é um lado da Torre, Pentecostes é o outro. E o Shazam voa entre eles.

O termo de Court de Gébelin “o Castelo de Plutão” nos remete a historia de Perséfone que parece percorrer as cartas. Plutão era outro nome para Hades, o Senhor do Submundo que rapta Perséfone, levando-a da brilhante nutrição da Imperatriz para a escuridão da Morte.

Na carta do Diabo, o homem e a mulher estão no mesmo lugar que os Amantes ele à direita e ela à esquerda. Eles mudam de lado quando são arremessados do alto da Torre. (…) Ou talvez possamos dizer que, com a força da iluminação da jornada, passamos a não mais olhar para as imagens de fora, mas de dentro, como se entrássemos nelas, nos e esquerda se invertem. tornássemos seus símbolos, de modo que direita e esquerda se invertem.

Os significados mais comuns são agitação, mudança repentina, explosão. Por outro lado, isso tudo pode resultar em libertação.

(…) a Torre pode também sinalizar informações, noticias chocantes que colocam nossa visão sobre algo de cabeça para baixo.”

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág.231-241.

Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

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