Fazer de si mesmo um idiota

“De acordo com Deleuze, a filosofia decola com um faire l’idiot [fazer de si mesmo um idiota]. Não é a inteligência, mas um idiotismo que caracteriza o pensar. Todo filósofo que produz um novo idioma, um novo pensar, uma nova linguagem, é um idiota. Ele se despede de tudo o que foi. Ele habita esse patamar imanente do pensar virgem, ainda sem descrição. Com faire l’idiot, o pensar ousa saltar para o completamente outro, para o não acontecido. A história da filosofia é uma história de idiotismos, de saltos idiotas: “O velho idiota queria evidências a que ele chegasse por si mesmo: enquanto isso ele duvidava de tudo […]. O novo idiota não quer nenhuma evidência […], ele quer o absurdo – isso é um quadro completamente diferente do pensar”. A inteligência artificial não é capaz de pensar, porque não é capaz de faire l’idiot. Ela é inteligente demais para ser uma idiota.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 724.

Inteligência Artificial

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