“Jung encontrou na alquimia medieval um nexus entre o antigo gnosticismo e a psicologia moderna.
Em termos junguianos, aquilo que se chama de gnose de Deus ou da divindade é o conhecimento do inconsciente, proveniente dele. Para os herméticos, a gnose não é meramente conhecimento sobre Deus, mas de Deus. A divindade imaterial, parcialmente impessoal e primordial, é simbolicamente o inconsciente. Ela se revela por meio de intermediários, de emanações, que se chamam personalidades arquetípicas. O conhecimento sobre o homem é o conhecimento do ego independente, emergente do inconsciente para a consciência, sendo distinto tanto do inconsciente quanto do mundo externo. Vindo a ser independente, consequentemente passa a esquecer suas origens, projetando-se sobre o mundo, sobre a Natureza. A concepção junguiana da gnose está em flagrante paralelo com o caráter gnóstico teoantropocósmico do hermetismo.”
TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 20.
Prefácio