“Contudo, Heráclio adotou uma atitude em relação ao martírio que divergia totalmente da posição de seus contemporâneos ortodoxos. Não demonstrava nenhum entusiasmo pelo martírio, nem pela valorização da “gloriosa vitória” proporcionada pela morte. Acima de tudo, jamais sugeriu que o sofrimento dos crentes imitava o de Cristo. Já que só o elemento humano de Cristo vivenciou a paixão, isso indica que o fiel, também, sofre apenas na esfera humana, enquanto o espírito divino transcende o sofrimento e a morte. Aparentemente, os valentinianos consideravam a temunha de sangue” do mártir em segundo plano se comparada a uma superior testemunha gnóstica de Cristo ponto de vista que enfureceria Irineu, pois nele estava implícito que os gnósticos “demonstravam desprezo” pelos mártires e desvalorizavam o que ele considerava o “extremo sacrifício”.
PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 110-111.
Capítulo: 4- A Paixão de Cristo e a Perseguição aos Cristãos.