O Mundo, O homem e o Cristo

“O Mundo: Instinto, julgamento, razão sensorial.

Homem ou alma: razão pura, vontade, inspiração

O Ovo ou Cristo: Logos, a palavra encarnada, Esoírito universal, Deus-homem.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.220-221.

Terceira Parte

Os Aforismos

Magia é sabedoria absoluta

“Magia* é sabedoria absoluta, o que significa que é a síntese de tudo que é, foi e será. É uma palavra que abrange todos os atributos da onipotência divina, se por Deus entendemos a inteligência suprema que cria, regula e preserva o Universo.

* Magheia em grego, da qual a palavra magia é derivada, é uma alteração da palavra mag, que em persa antigo significa o sacerdote mais elevado e mais sábio.

A magia, como ciência idealmente perfeita, é aplicável e praticável:

1. Na religião (governança das consciências coletivas).

2. Na política (governança de interesses nacionais).

3. Nas famílias (o fundamento ético e moral do Estado).

4. No homem (a esfinge enigmática da pessoa instruída comum).

O mago é aquele que possui a ciência de Deus, é seu repositório vivo e quem o usa.

“O dr. Encausse dá a seguinte definição de magia: “A magia, considerada como ciência, é o conhecimento da formação trinitária na natureza e no homem, por meio da qual a onisciência do espírito e seu controle sobre as forças da natureza podem ser alcançados pelo indivíduo enquanto ele ainda está em seu corpo. Considerada como arte, a magia é a aplicação desse conhecimento à prática”.

(…)

“Imagine que seu filho pedisse uma pistola carregada, encarando-a como um brinquedo. Você poderia dar a ele um dispositivo tão perigoso sem negligenciar os deveres de um pai para com os filhos e de um ho mem para com a humanidade? A verdade é que você só daria uma arma a seu filho no dia em que tivesse certeza de que ele a usaria para salvar sua vida, não para ferir você ou a si mesmos.

O mestre conduzia a educação do profano até o fim, levando o neófito ao sacerdócio de forma lenta. O sacerdote mais elevado era o adepto, isto é, aquele que tinha alcançado a sabedoria mais elevada: o mago.

Cristo resumiu toda a preparação mágica em: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” e “fazeis aos homens tudo o que quereis que eles vos façam”. Os que se empenham de todo o coração na prática desses dois preceitos e se conduzem de forma discreta estão prontos para começar.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.44-46.

Primeira Parte

Magia, o Mago e o Segredo Incomunicável

A criação do cristianismo

(…)a joia de Valentino, Pistis Sophia

A Involução dos Princípios Celestiais que Constituiram os Indivíduos Terrestres Criadores do Cristianismo.”

“O homem possui, em si, o princípio da própria ascensão. Pode, valendo-se de diversos meios, unir seu espírito imortal a virtude celestial que o acompanha ao longo da vida de seu corpo físico e tornar-se o que Valentino descreve como partícipe de primeiro mistério, o que os católicos chamam de santo, o que as escolas iniciáticas do grau elementar consideram chrestos ou christos; ele não renascerá mais e alcançará o “Nirvana”, como diriam as escolas orientais e bramânicas.

Toda evolução pressupõe uma ou duas involuções, e todo homem que se torna
Deus precisa, antes, de um Deus que tenha se tornado homem, assim como a evolução do alimento nos intestinos exige a descida de duas forças de origem superior: O sangue e a energia nervosa.

Por ignorar que a corrente de sacrifício e amor precede o difícil caminho para a iniciação e a evolução da alma humana é que as iniciações naturalistas orientais acreditar que “o estado de Cristo” se situa em um plano psicológico de existência que qualquer homem pode atingir sem o esforço constante do Princípio do Cristo celestial, o único capaz, por meio da involução de reconduzir para si almas evoluídas.

Assim como os cometas (…) aparecem em certas épocas para devolver a vida aos centros superiores dos sistemas solares, é preciso que ocorra, fora da corrente constante da involução e evolução perenes das almas humanas, uma grande descida Divina em determinados períodos, seguida de uma grande ascensão de almas, para dar a Deus a oportunidade de manifestar seu amor absoluto e acelerar a reintegração de toda a humanidade.

Não conseguir ver a Virgem de Luz, o Cristo e outros princípios como individuos celestiais é parar no meio do caminho, imobilizar-se no plano mental que conduz ao panteísmo materialista; é fechar voluntariamente os olhos para a existência do plano celestial, que as virtudes do coração, o amor e a prece alcançam muito mais rapidamente que os poderes mentais, a crítica e o raciocínio.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.195-196.
Capítulo 8

É libertado por sua mãe

“Aconteceu que seu pai precisou ausentar-se, a negócios, por algum tempo, deixando o homem de Deus preso no calabouço. A mãe, que ficou sozinha com ele em casa, e não aprovava o procedimento do marido, dirigiu-se ao filho com palavras ternas. Mas, vendo que não conseguia fazê-lo mudar de opinião, sentiu seu coração materno se enternecer e, soltando as correntes, deixou-o sair.

Nesse meio tempo, o pai estava de volta. Não o tendo encontrado, acumulando seus desatinos, armou uma gritaria com sua mulher. Depois, irado e ameaçador, correu em busca do filho, decidido a expulsá-lo da região, se não conseguisse traze-lo de volta.

(…)logo que o filho da graça viu que seu pai carnal estava chegando, veio seguro, alegre e espontaneamente ao seu encontro, dizendo claramente que, para ele, cárceres e castigos não queriam dizer nada. Até garantiu que, por amor de Cristo, estava disposto a suportar qualquer mal.”

Frei Tomás de Celano. Primeira Vida: Vida de São Francisco de Assis Escrita em 1228 D.C, Ed. Família Católica,2018, Local: 304-312.

PRIMEIRO LIVRO

Capítulo VI- É libertado por sua mãe.

Indulgências

“Indulgências são a remissão da pena temporal devida pelos pecados, que, perdoada a culpa, no Sacramento ou por contrição, faz a Igreja fora do Sacramento, concedendo aos fiéis parte do tesouro que ela tem formado das satisfações infinitas de Cristo, das abundantes da Virgem e das que os Santos deixavam, porque lhes sobrava depois de pagar as penas que por suas faltas eles deviam. Estas indulgências são uma espécie de regalo que a Igreja faz a certos fiéis com certas condições, aplicando-lhes o valor satisfatório de outros. E concede que se possam oferecer também a Deus pelas almas.”

Santa Catarina de Gênova. Tratado do Purgatório, Ed. Santa Cruz, 2019, Local: 850.

Capítulo II – Catecismo sobre o Purgatório

Indulgências

Não mais Cristão, mas Cristo

“Quem alcança a gnosis torna-se “não mais cristão, mas Cristo” ” Assim sendo, podemos observar que esse gnosticismo tinha um significado maior que um movimento de protesto contra o cristianismo ortodoxo. O gnosticismo também incluía uma perspectiva religiosa que, de modo implícito, opunha-se ao desenvolvimento do tipo de instituição na qual se converteu a antiga Igreja católica. Aqueles que esperavam “tornarem-se Cristo” possivelmente não reconheceriam as estruturas institucionais da igreja -seus bispos, padres, cre- dos, cánones ou rituais – como detentoras da autoridade final.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 152.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Nós Somos Seus Pastores

(…) Eles não perceberam que ela possuía um corpo espiritual invisível; pensam: “Nos somos seus pastores, dela a quem alimentamos.” No entanto, não perceberam que ela conhece outra forma que está escondida deles. Esta, seu verdadeiro pastor lhe ensinou pela gnosis. *(Ibid., 31.30-33.3, em NHL 282)

“Ao usar o termo comum para bispo (poimen, “pastor”), o autor refere-se, aparentemente, aos membros do clero: eles não sabiam que os cristãos gnósticos tinham acesso direto a Cristo, o verdadeiro pastor da alma, e não precisavam de sua liderança.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 128.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

Hereges- Campo de Rebeldes

“(…) prontos a falar, com sinceridade, de alguns aspectos de sua crença, “Isso não é assim”, “Tenho uma visão diferente”. “Não admito isso“.

Tertuliano adverte que esse questionamento leva à heresia: “Essa norma (…) foi ensinada por Cristo e não causa entre nós perguntas além daquelas que as heresias introduzem e que convertem os homens em hereges!” Também destaca que os hereges não se restringem às Escrituras do Novo Testamento: acrescentam outros escritos ou desafiam a interpretação ortodoxa de textos-chave.” Mais tarde, como já observado, ele condena os hereges de serem “um campo de rebeldes” que se recusam a submeter-se à autoridade do bispo. Solicitando uma ordem estrita de obediência e submissão, conclui que a “evidência de uma maior disciplina que existe entre nós é prova adicional da verdade”.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 124.

Capítulo: 5- Qual é a “Verdadeira Igreja”?

O Jesus Humano

“Por fim, nessa descrição da vida de Cristo e de sua paixão, o ensinamento ortodoxo oferece meios de interpretar elementos fundamentais da experiência humana. Ao rejeitar a visão gnóstica de que Jesus era um ser espiritual, a ortodoxia insiste em que ele, como o resto da humanidade, nasceu, viveu com uma família, sentiu fome e cansaço, comeu e bebeu vinho, sofreu e morreu. Reiteram ainda que ele ressuscitou como um ser corpóreo. Aqui, mais uma vez, como vimos, a tradição ortodoxa implicitamente afirma que a experiência da materialidade do ser é o fato central da vida humana. O que fazemos fisicamente – comer e beber, ter vida sexual ou evitá-la, preservar a vida ou renunciar a ela -, todos são elementos vitais para nosso desenvolvimento religioso. Mas os gnósticos que consideram a parte essencial de cada um de nós como o “espírito interno” rejeitam essa experiência física, agradável ou dolorosa, encarando-a como um aturdimento da realidade espiritual- na verdade, uma ilusão. Portanto, não é surpreendente que inúmeras pessoas identifiquem-se mais com os ensinamentos ortodoxos do que com o “espírito incorpóreo” da tradição gnóstica. Não apenas os mártires, mas todos os cristãos que sofreram ao longo de 2 mil anos, que temeram a morte e morreram, sentem sua experiência legitimada na história do Jesus humano.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 115.

Capítulo: 4- A Paixão de Cristo e a Perseguição aos Cristãos.

Por que a Visão Ortodoxa do Martírio Prevaleceu?

Por que a visão ortodoxa-do martírio- e da morte de Cristo como modelo – prevaleceu? Eu sugiro que a perseguição impulsionou a formção de uma estrutura eclesiástica organizada, que se desenvolveu no final do século II. Para posicioná-la em um contexto contemporâneo, consideremos qual é o recurso que resta para dissidentes confrontados com um sistema político forte e poderoso: divulgar casos de violência e injustiça para angariar o apoio público mundial.

(…)

Pressionados pelo perigo comum, membros de grupos dispersos no mundo inteiro cada vez mais trocavam cartas e visitavam diversas igrejas. Relatos desses mártires, em geral obtidos nos registros de seus julgamentos e em depoimentos de testemunhas, circulavam entre as igrejas na Ásia, África, Roma, Grécia, Gália e Egito. Por meio dessa comunicação, membros das igrejas mais antigas e diversificadas conscientizavam-se das diferenças regionais como obstáculos pleitear a participação em uma igreja católica. Como já mencionado, Irineu insistia em que as igrejas no mundo inteiro deveriam concordar com todos os pontos vitais da doutrina, mas ficou chocado quando Vitor, bispo de Roma, tentou dar mais uniformidade às igrejas regionais. Em 190, Vitor pediu aos cristãos na Ásia Menor para abandonarem sua prática tradicional de celebrar a Páscoa e, cm vez disso, agirem segundo o costume romano – ou então teriam de desistir de seu pleito de serem “cristãos católicos”. Ao mesmo tempo, a igreja romana estava compilando a lista definitiva de livros eventualmente aceitos por todas as igrejas cristãs. Ordens estratificadas crescentes de hierarquia institucional consolidaram as comunidades internamente e regularizaram a comunicação entre, como Irineu chamava, “a Igreja católica dispersa no mundo inteiro, até mesmo nos confins do mundo” uma rede de grupos tornando-se cada vez mais uniformes em doutrina, ritual, cânones e estrutura política.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 112.

Capítulo: 4- A Paixão de Cristo e a Perseguição aos Cristãos.