Poética da dor

“O belo é a contracor da dor. Em vista da dor, o espírito imagina o belo. Ele opõe à deformação dolorosa a cura. A bela aparência tranquiliza o espírito. A dor leva o espírito a erguer um contramundo curativo diante do [mundo] existente, [contramundo] com o qual se pode viver.

crise da literatura. A literatura não é mais, segundo seu ponto de vista, capaz de produzir uma nova linguagem: “Há dez ou vinte anos não acontece mais praticamente nada na literatura. Há uma enxurrada de publicações, mas uma estagnação espiritual. A causa é uma crise da comunicação. Os novos meios de comunicação são dignos de admiração, mas causam um barulho inominável”. O barulho de comunicação prolonga o inferno do igual. Ele impede que aconteça algo inteiramente outro, inteiramente incomparável ou que nunca se viu antes.

Hoje, não estamos dispostos a nos expor à dor. A dor, entretanto, é uma parteira do novo, uma parteira do inteiramente outro. A negatividade da dor interrompe o igual. Na sociedade paliativa como inferno do igual, nenhuma fala da dor, nenhuma poética da dor é possível. Ela permite apenas a prosa do bem-estar, a saber, a escrita à luz do sol.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade paliativa: A dor hoje. Ed. Vozes, 2021, Local, 611-639.

Poética da dor

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