Religião imanente do cansaço

“Handke projeta uma religião imanente do cansaço. O “cansaço fundamental” suspende uma individualização egológica, fundando uma comunidade que não precisa de parentesco. Nela desperta um compasso especial que leva a um mútuo acordo, a uma proximidade, a uma vizinhança sem qualquer vínculo familiar ou funcional: “Um certo alguém cansado como um outro Orfeu, ao redor do qual se reúnem os animais selvagens, que finalmente podem ser cocansados junto com ele. O cansaço dá o compasso ao indivíduo disperso”. Aquela “sociedade pentecostal” que inspira ao não fazer se contrapõe à sociedade ativa.

(…)

Se a “sociedade pentecostal” fosse sinônimo de sociedade futura, a sociedade por vir poderia chamar-se então sociedade do cansaço.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 633-639.

7| Sociedade do Cansaço

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