O Corpus Hermeticum

“Provavelmente fruto do caldeirão criado pelas diversas religiosidades iniciáticas experienciadas na região do Mediterrâneo ao longo do século II E.C., O Corpus Hermeticum se arroga uma origem que remontaria aos primordios de uma religiosidade egípcia. A mensagem hermética deixou suas marcas já nos chamados Padres da Igreja, aqueles autores fundamentais para a construção dos pilares do cristianismo latino.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 11.

Prefácio

Conclusão

“São os vencedores que escrevem a história a seu modo. Não causa surpresa, então, que o ponto de vista da maioria bem-sucedida tenha dominado todos os relatos sobre a origem do cristianismo. Os cristãos eclesiásticos primeiro definem os termos (designando-se a si mes- mos “ortodoxos” e seus oponentes “hereges”); depois de monstram ao menos para sua própria satisfação que seu triunfo era historicamente inevitável ou, em termos religiosos, “guiado pelo Espírito Santo“.

No entanto, as descobertas de Nag Hammadi reabriram questões fundamentais. Elas sugerem que o cristianismo pode ter se desenvolvido em direções muito diferentes ou que o cristianismo que conhecemos poderia não ter sobrevivido. Se o cristianismo tivesse permanecido multifacetado, provavelmente teria desaparecido junto com diversos cultos religiosos da Antiguidade. Acredito que devemos a sobrevivência da tradição cristã à estrutura organizacional e teológica que a igreja emergente desenvolveu.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 161.

Capítulo: Conclusão.

Quando Encontrar, Ficará Perturbado

“Muitos gnósticos têm em comum com a psicoterapia uma segunda premissa importante: ambos concordam – em oposição ao cristianismo ortodoxo – que a psique possui dentro de si o potencial para liberar-se ou destruir-se. Poucos psiquiatras discordariam das palavras atribuídas a Jesus no Evangelho de Tomé.

Se revelar o que possui dentro de si, será salvo. Se não o desvelar, será destruído.” *(Evangelho de Tomé 45.30-33, em NHL 126)

(…)

Então Jesus (que disse “Eu sou o conhecimento da verdade”)” declara que quando veio ao mundo

encontrei-os entorpecidos; nenhum deles sedento. E minha alma tornou-se aflita pelos filhos dos homens, por serem cegos em seus corações e não terem visão; do vazio vieram ao mundo e vazios deixam o mundo. Mas, por enquanto, estão entorpecidos. *(Evangelho de Tomé38.23-29, em NHL 121. Para uma discussão dessas metáforas, ver H. Jonas, The Gnostic Religion (Boston, 1963), 48-96, e G. MacRae, “Sleep and Awakening in Gnostic Texts”, em Le Origini de/lo Gnosticismo, 496-507)

O Evangelho de Tomé também adverte que o autoconhecimento envolve uma perturbação interior:

Jesus disse “Deixe aquele que busca continuar buscando até que encontre Quando encontrar, ficará perturbado. Quando se tornar aflito, será surpreendido e reinará acima de tudo.” *(Evangelho de Tomé 32.14-19, em NHL 118)

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 143-144.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Os Hereges Podem Falar por Si

“Começamos agora a perceber que o cristianismo – e o que identificamos como tradição cristã- representa, na verdade, apenas uma pequena seleção de fontes específicas, escolhidas entre dezenas de outras. Quem fez a seleção? E por que razões? Por que os outros escritos foram excluídos e proibidos como “heresia”? O que os tornou tão perigosos? Agora, pela primeira vez, temos a oportunidade de conhecer a primeira heresia cristã; pela primeira vez, os hereges podem falar por si mesmos.”

PAGELS, Elaine. Os Evangélhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. XXXIX.

Capítulo: Introdução.

Guardiões da Única e “verdadeira fé”

“No entanto, por volta de 200 d.C. a situação mudou. O cristianismo tornou-se uma instituição dirigida por uma hierarquia com três níveis: bispos, padres e diáconos, que acreditavam ser guardiões da única e “verdadeira fé”.

Ao lastimar a diveridade dos primeiros movimentos, o bispo Irineu e seus seguidores insistiram em que só poderia haver uma única igreja e fora
dela declarou Irineu, “não há salvação’  (…) Apenas os membros dessa igreja são cristãos ortodoxos. (…) E afirmou, ainda: essa igreja deve ser católica – ou seja, universal. Quem quer que desafiasse o consenso, argumentando a favor de ourras formas de ensinamento cristão, era declarado herege e expulso. Quando os ortodoxos obtiveram suporte militar, algum tempo depois e o imperador Constantino tornar-se cristão no século IV, a pena para a heresia aumentou.”

Apócrifo (Livro Secreto)

PAGELS, Elaine. Os Evangélhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. XXV-XXVI.

Capítulo: Introdução.

O Afastamento da Autorrealização

As igrejas hoje se afastaram do caminho da Autorrealização, isto é, da experiência pessoal de Deus e de Cristo. As congregações geralmente se satisfazem com sermões, cerimônias, organizações e festividades sociais. A completa revitalização e reatauração do Cristianismo só pode ser efetuada com menos  ênfase em sermões teóricos com seus repetidos chavões e em cerimônias psicofísicas externas que despertam emoções superficiais, substituindo-os pela quietude da meditação e pela verdadeira comunhão interior. Em vez de serem membros passivos de uma igreja, satisfeitos meramente com sermões, os devotos devem ocupar-se mais com o esforço para cultivar a perfeita quietude do corpo e da mente. A paz da absoluta quietude física e mental é o verdadeiro templo onde Deus mais frequentemente visita Seus devotos: “Aquietai-vos, e sabei que Eu sou Deus“* 

Aqueles que vagueiam de uma igreja a outra em busca de satisfação intelectual raramente encontram Deus, pois o estímulo do intelecto é necessário apenas para nos inspirar a “beber” Deus. Quando o intelecto se esquece de verdadeiramente “experimentar” Deus, ele se torna um empecilho à Autorrealização. A verdade espiritual e a sabedoria não são encontradas em quaisquer palavras de um sacerdote ou pregador, mas no “deserto” do silêncio interior. (…) “O Consolador, o Espírito Santo (…) vos ensinará todas as coisas” (João 14:26).

Por meio do método correto de meditação no Espírito Santo como a luz do olho espiritual e o som sagrado da vibração cósmica de Om, qualquer devoto perseverante, com a prática constante, pode experimentar as bênçãos da manifesta presença vibratória de Deus. A Vibração Sagrada (o Grande Consolador), estando permeada com a consciência universal refletida de Deus, contém a bem-aventurança divina que a tudo permeia.”

Nota: Salmos 46:10.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 134-135.

Capítulo 6: O batismo de Jesus.

A Natureza da Mente

“Na época em que este texto foi escrito, entre os séculos II e III d.C. Sócrates, Platão e Aristóteles já haviam dissertado textos sobre a natureza da mente, da alma, do corpo e do espírito, mas no início, o cristianismo foi formado por homens simples, muitas vezes iletrados, tinham coragem, fé, tinham o Espírito, mas possuíam pouco conhecimento, mesmo assim, da forma como eles compreendiam eles dissertaram suas convicções.”

Nascimento, Peterson do. O Tratado Sobre a Ressureição (Coleção Apócrifos do
Cristianismo Livro XVII) – Versão Kindle, Posição 319.

Cristo, a Luz do Cristianismo

“O pensamento gnóstico é muito parecido com a religião hindu. A própria idéia do Cristo, do Grego Χριστός, que significa “Ungido” tem o mesmo sentido da palavra Buda, do Sânscrito बुद्ध (Buddha), que significa “Desperto”, o Iluminado. Quem é Cristo senão a própria Luz do cristianismo, ou segundo o gnosticismo: despertando a consciência pode-se conhecer a verdade e conhecendo a verdade teremos a libertação, ou seja, a Iluminação.”

Nascimento, Peterson do. Evangelho Copta dos Egípcios (Coleção Apócrifos do
Cristianismo Livro XVI) – Versão Kindle, Posição 635.

Presença – A Segunda Vinda de Cristo

“(…) palavra parousia, do Grego Antigo παρουσία, significando “presença”, é usada no cristianismo para explicar a doutrina que ensina sobre a Segunda Vinda de Jesus Cristo (…)”

Nascimento, Peterson do. Evangelho Copta dos Egípcios (Coleção Apócrifos do
Cristianismo Livro XVI) – Versão Kindle, Posição 611.

O Evangelho Copta dos Egípcios

“O Evangelho Copta dos Egípcios ou Livro Sagrado do Grande Espírito Invisível é um dos textos que compõem a Biblioteca de Nag Hammadi.

(…)

O texto encontrado em Nag Hammadi está escrito em Copta, provavelmente uma cópia de um original em Grego. Este texto Grego original, segundo Ron Cameron (1951), pela forma que foi composto data do primeiro século do cristianismo, quando circulavam tradições de ditos. Alguma coisa entre os anos 80 d.C e 150 d.C. A técnica de composição do texto, de expansão de ditados para breves diálogos, é análoga ao que é encontrado no Evangelho Segundo Tomé e no Diálogo do Salvador, tanto no assunto quanto na estrutura dos textos.”

Nascimento, Peterson do. Evangelho Copta dos Egípcios (Coleção Apócrifos do
Cristianismo Livro XVI) – Versão Kindle, Posição 40-43.