“A angústia da morte, que nos domina de um modo mais assíduo do que advertimos, é, em contrapartida, algo de secundário e deriva quase sempre do sentimento de culpa.
Por outro lado, aceitamos a morte para o estranho e o inimigo e a eles a infligimos tão prontamente e sem escrúpulos como o homem primordial. Surge aqui, decerto, uma diferença, que efetivamente se considerará decisiva. O nosso inconsciente não induz ao assas- sinato, apenas o pensa e deseja. Mas seria errado infravalorar esta realidade psíquica em comparação com a fáctica.
(…)Assim também nós próprios, julgados pelas nossas moções inconscientes, somos, como os homens primitivos, um bando de assassinos. Felizmente, tais desejos não possuem a força que os homens dos tempos primordiais ainda lhes atribuíam; de outro modo, no fogo cruzado das maldições recíprocas, a humanidade, os homens mais excelsos e sábios e também as mais belas e amorosas mulheres já há muito teriam perecido.”
FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág.47-48.
Considerações atuais sobre a guerra e a morte (1915)
“A nossa atitude diante da morte”