“Quando nossa tendência habitual de objetificar as coisas relaxa, podemos enxergar a verdade da ausência de fronteiras. Chamamos a ausência de fronteiras de “verdade” porque, quando despimos a natureza das coisas de tudo o que não lhe pertence- todo exagero, negação, acordos não ditos e valores culturais-, isto é o que veremos. Podemos dizer que o mundo que objetificamos é uma verdade também, simplesmente porque nós, de fato, experimentamos a dor e o prazer do mundo, tropeçando, machucando o dedo e assim por diante. Bastante justo. Inclusive, há um debate escolástico sobre se o mundo das coisas merece ou não ser chamado de verdade. Mas, como discutimos, apenas porque experimentamos alguma coisa não significa que ela tenha parâmetros; não significa que podemos chegar a conclusões sobre ela ou encontrar nela qualquer traço de realidade.”
MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra, 2018. p. 136.