“Marsílio Ficino, outro grande literato do Renascimento do qual voltaremos a tratar com o hermetismo. Ele tem de ser evocado, pois costuma ser citado atualmente como o autor do tarô. Como nasceu em 1433, não poderia ter concebido o jogo de 22 trunfos e 56 cartas que surgiu pela primeira vez em 1440. No entanto, segundo alguns ensaístas, ele teria sido o inventor do Tarô de Marselha. Portanto, teria se inspirado no tarô italiano, que não foi criado por ele. Por outro lado, teria incorporado a ele gravuras diferentes, impregnadas de hermetismo e neoplatonismo, ou seja, as figuras do Tarô de Marselha. Veremos em alguns instantes que esse tarô, com as figuras que conhecemos e os nomes das cartas inscritos em francês, surgiu cerca de trezentos anos mais tarde. Fazer de Marsílio Ficino seu criador é um tanto arriscado…
(…)
O que nos leva a nos perguntarmos quem foi o criador das imagens que aparecem precisamente no Tarô de Marselha. Talvez um gravador de moldes de cartas. Quem desenhou ο molde? Não se sabe. Tudo o que se pode dizer é que muito provavelmente foi um francês que vivia sob o reinado de Luís XIV, pois os mais antigos tarôs comprovados com base no modelo do chamado Tarô de Marselha são baralhos franceses desse período.”
NADOLNY, Isabelle. História do Tarô. Um estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 91.